Curso de preparação para o parto.

Ora viva!
Sabe que é um curso de preparação para o parto? Não?! Então eu explico. O curso de preparação para o parto é, como o nome indica, uma série de aulas que nos preparam para a paternidade. O único problema é que a maior parte destas aulas focam-se apenas nos problemas das grávidas: como devem dormir, o aumento de peso, o seu organismo, o seu bebé, etc… Então eu pergunto: se assim é, porque raio é que nós também temos de o frequentar?!

Para ter a noção do quão desnecessário este curso é, para um pai, fique sabendo que em 7 ou 8 aulas, que fui, apenas numa me ensinaram algo de útil: a dar banho e mudar a fraldas ao bebé.  E mesmo assim avisaram-me logo que o que tinha acabado de aprender não era bem assim. Dar banhos a bonecos era fácil, quando fosse com a minha filha, em vez de ser com o João (João foi o nome que eu dei ao meu boneco. Achei que era bastante impessoal dar banho e trocar a fralda a alguém que eu não sabia sequer o nome.) seria bem mais complicado. Agora eu pergunto: “porque raio ando eu a frequentar aulas para aprender coisas que nunca na vida terão utilidade para mim? Se era para isso tinha ido antes tirar uma licenciatura em filosofia, ou psicologia, ou assim…”

Nada contra quem inventou este tipo de cursos, simplesmente acho é que estão mal organizados. Porque raio é que eu preciso de saber que as grávidas têm uma coisa chamada “rolhão mocoso”? Ou porque é que me informaram que a dilatação é feita no interior da vagina e não no seu exterior? Qual é a necessidade do pai saber que a amamentação pode vir a gretar os mamilos, caso o bebé não faça uma boa “pega” na mama? Hum…?! Vá, digam-me, para que é que os pais precisam de saber estas coisas? Não era melhor vivermos na ignorância?! Eu prometo que um dia (muito, muito, muito longínquo) quando tiver de fazer uma colonóscopia, ou exame à próstata, não irei apresentar o médico à minha esposa e muito menos quero que alguém lhe explique o procedimento…

Só aqui entre nós, que ninguém nos lê, vê ou ouve, ainda a minha esposa não entrou em trabalho de parto e já eu estou traumatizado com tudo isto. Acho que se fosse eu a ter a criança pedia uma anestesia geral, logo após a primeira contracção, e queria que me acordassem só 2 dias depois.

Malta que prepara este tipo de cursos oiçam-me com atenção (ou leiam-me, neste caso): eu acho a presença dos pais deve ser solicitada de acordo com as matérias dadas em cada aula. Por exemplo:

– Trocar fraldas, dar banhos e afins. – O pai deverá acompanhar a Grávida. (Isto claro, se não for dia de futebol.)

– Aprender sobre as alterações do corpo da mãe. –  A grávida deverá ir acompanhada por uma amiga que, de preferência, ainda não tenha sido mãe. (Assim a grávida aprende sobre as transformações pelas quais o seu corpo irá passar e a amiga tem a hipótese de perceber se realmente quererá vir a engravidar ou não.)

– Rolhões mucosos, sangramentos, corrimentos e outras coisas esquisitas. – A grávida deve ir sozinha. Mais ninguém precisa (e deve) ter conhecimento sobre este tipo de coisas.

– Como amamentar. E aqui sou forçado a abrir duas sub-alíneas.
   – amamentação, exercícios práticos. – A grávida deverá ser acompanhada pelo pai. (Até porque, ao fim ao cabo, é sempre uma excelente oportunidade para o pai poder contemplar os “novos” seios da sua mulher. Mas atenção! Deverá apenas olhar apenas para os seios da sua esposa… Não se arme em voyeur);
 – amamentação, dores, problemas e mamilos gretados – A grávida deverá comparecer junto da sua mãe. (O que acaba por ser bom para ambas. Para a grávida, porque tem um ombro amigo, e para a mãe porque se sente vingada por tudo aquilo que a filha, em tempos, lhe fez.)

– O dia do parto. – E aqui sinto-me dividido. Se por um lado acho que é muito importante o pai aprender como agir neste dia, por outro, acho que a ignorância é a melhor solução. É porque por muito que o pai tenha aprendido no curso, que o importante é ter calma; que se as contracções não forem muito fortes e pouco espaçadas, então é porque ainda não chegou a hora de ir para o hospital; que a grávida deve respirar tranquilamente; que um banho antes de ir para o hospital só faz é bem, etc…  Torna-se bastante complicado conseguir passar essa informação à parturiente quando ela nos está a gritar: “A GRÁVIDA, SOU EU! QUEM ESTÁ COM DORES, SOU EU! POR ISSO QUEM MANDA, SOU EU! PERCEBES-TE OU É PRECISO DAR-TE UMA ARROXADA NAS VENTAS?!”

E você, o que acha de tudo isto?!

“Ai! Ai! Pai Sofre!”