Da Ocidental Praia Lusitana – “Férias e Champanhe”

“Férias e Champanhe”

Pedro Passos Coelho já cantou para câmaras de TV, já citou grandes pensadores e agora mostrou que, quando ficar no desemprego (a profissão mais exercida em Portugal), pode ser comediante.

Então, não é que Passos Coelho deu um enorme “soundbite” (frase ou termo sonante na comunicação social), ainda este Sábado que passou? Até parece que foi pensado para a minha crónica semanal…uma jornalista pergunta da possibilidade de os portugueses passarem férias fora de casa; assim disse Sr. Coelho: “Fazendo uma boa aplicação dos recursos que têm, como é evidente(…)Quando há menos, tem de se gastar menos, quando há mais tem de se pensar em ficar com algum de lado para os tempos em que há menos. É isso que eu espero que os portugueses também possam fazer”. E depois ainda responde: “Então a senhora acha que o Governo ia decretar que não houvesse férias?”.

Quando li isto pensei que devia ser uma qualquer travessura de um hacker que tivesse publicado num site internet esta notícia…mas depois de confirmar 9 (nove) fontes, rendi-me às evidências: o nosso primeiro-ministro anda a “gozar” (literalmente) com os portugueses. Não digo com todos, mas seguramente com nove milhões de pessoas em Portugal.

Vou dedicar um parágrafo a lembrar algumas das “facadinhas que o governo deu” ao povo: fim do 13º e 14º mês para reformados e funcionários públicos (férias, é vê-las por um canudo…), salários e pensões congelados, impostos mais altos, menos transportes e preços mais caros, gás e electricidade (23% de IVA, porque são bens de luxo!), prestações sociais e subsídio de desemprego de valor mais baixo, inflacção a disparar…ai, como é terrível Passos Coelho ser primeiro-ministro de Portugal!

Mas nós, gente que vive nesta ocidental praia lusitana, não “ligamos” nada a Passos Coelho! Ele bebeu vinho do Porto, comeu presunto e morcela, e quando pediu um copo com pouco champanhe, deram-lhe meio copo: “Está a ver? Foi como no Carnaval, ninguém me ligou”, disse Passos Coelho a Jorge Rocha de Matos, presidente da Associação Industrial Portuguesa. E, já agora, veja-se o paralelismo de pedir pouco champanhe e de se receber mais que o pedido: Passos Coelho pediu um pouco de esforço aos portugueses para baixar o défice do estado em 2011, e afinal, recebeu tanto dinheiro que o défice até baixou mais que o esperado…

Crónica de Nuno Araújo
Da Ocidental Praia Lusitana