…Sem História não existimos…
…”Uma infância ordenada e amorosa é o chão pela qual caminhamos até á velhice…”sem dúvida!
Desculpem-me o atrevimento mas se aceitei este desafio para partilhar as minhas experiências nesta área, jamais me sentiria bem comigo mesma se não fosse capaz de mencionar que para além da experiência profissional, o meu carinho por idosos começou mesmo no seio da família, onde sempre valorizamos pequenos acontecimentos.
Vou descrever um pequeno acontecimento, uma mensagem dedicada á pessoa mais importante e principal na minha História de vida, no dia que completou 80 lindas primaveras! …Como é bom sentir esta linda idade nos que nos são queridos!…Que dia Inesquecível….
A mensagem foi lida e acompanhada pela entrega de um ramo de 10 rosas por cada filho.
“…Estas 10 rosas que cada filho lhe vai oferecer,
Representam as 80 lindas primaveras que hoje completa
A si as dedicamos com todo o amor e carinho
Estas rosas simbolizam também o empenho
E a dedicação que demonstrou ao criar todos os seus filhos
e apesar das dificuldades da vida consegui u criá-los e conseguiu
Que todos eles, hoje, fossem bons maridos, boas esposas e acima de tudo também
Bons pais.
Conseguiu com êxito transformá-los nos homens e mulheres que hoje são.
Por tudo o que já fez, faz, e continuará a fazer por nós…Obrigados MÃE
Em nome de todos quero dizer-lhe:
TER MÃE É TER UM TESOURO.
Mas uma mãe como você
É um grande privilégio,
Tem imensas qualidades, e uma delas
É ser muito generosa,
Nada do que tem é seu
E sempre que tem algumas economias
Reparte pelos filhos e netos.
Cada vez que nos dá o seu envelope
Costuma dizer:
“Pegai, é pouco porque quem tem muitos filhos é pobre
Não mãe, você não é pobre
Ao contrário, é muito rica,
Pois não há maior riqueza que os nossos filhos, e no seu caso também os netos.
Hoje somos felizes e consigo partilhamos esta felicidade.
PARABÉNS QUERIDA MÃE
Que esta data se prolongue por muitos anos.
(…Roriz, 17 de Janeiro de 2007…)
Estas foram as palavras doces que melhor descrevem uma pessoa que decidiu viver e deixar um pouco de si…
Infelizmente a sua presença só se prolongou por mais quatro meses e a 15 de Abril do mesmo ano ficamos com a missão de continuar a sua tarefa…
Vale ou não chegar ao final da Etapa com um presente destes! Será que muitas mães ricas (dinheiro), muitos filhos ricos (dinheiro) conseguem despedir-se com o sorriso mais terno do mundo? Aquele que deixamos como herança!
Eu considero que vale a pena pensar nisto…
Raramente temos consciência da importância da história na nossa existência, quando nos sentamos a recordar tempos passados com a família e com amigos, mas de facto é ela que nos vai acompanhar ao longo de toda a viagem até á Etapa Final, mais precisamente até á Ultima Viagem…Vale ou não a pena fazer com que a nossa vida seja uma estadia onde as nossas preocupações, os nossos valores, as nossas razoes de viver, as nossas alegrias, tristezas, sonhos, se concretizem em harmonia, para quando chegarmos á tal “etapa” estarmos já preparados, afinal possuímos já uma bagagem que não possuíamos quando embarcamos no inicio da vida. Façamos que a nossa estadia seja tranquila, que tenha valido a pena e que quando chegar a hora de desembarcarmos, o nosso lugar vazio traga saudades e boas recordações para aqueles que prosseguirem a nossa história.
Quando as famílias ou grupos de amigos se encontram e rememoram em conjunto acontecimentos passados há muitos anos descobre-se que cada um guardou como recordação pormenores cheios de significado para si mesmo, que quase sempre, passaram despercebidos aos outros, é fascinante este tipo de partilha, onde podemos valorizar cada vez mais o poder que cada ser humano possui nas suas recordações, nas suas histórias, nos seus segredos. Este tipo de vivência é realmente uma mais valia quando nos confrontamos com pessoas já mais avançadas na idade, tenho tido a imensa sorte de poder contar com experiencias de seres com “apenas” um século de vida!
Comecei por dizer que sem história não existimos! Bem verdade! Ela começa no dia em que nascemos, o nascimento não é mais que o inicio da nossa vida , mas é também a fase que menos podemos descrever, ninguém se lembra de quando nasceu, onde, a que horas, não se lembra de chorar…nada, ninguém se lembra de nada, mas sabemos que alguém muito especial nos concebeu e permitiu que viéssemos ao mundo. Alguém que nos contou ao longo da nossa existência, como começou a nossa história, que nos submeteu a um conjunto de regras e disciplinas que nos preparam para viver socialmente, onde a principal missão deverá ser uma educação baseada em valores morais, disciplinados, garantindo assim adultos educados.
A infância é um direito e um fato, pena é que nos tempos que vivemos hoje, numa sociedade de consumo, onde o que temos é uma nova cultura, em que se valoriza um nova ética, direccionada nas ausências paternas, se estejam a perder valores muito importantes no crescimento e na formação base da pessoa.
É importante perceber que acontecimentos como o nascimento…a pré adolescência, a adolescência, a juventude e a fase adulta vão construir a nossa verdadeira identidade, a mesma que nos acompanha até á velhice, e quer queiramos quer não é essa identidade, salvo se alguma doença do foro neurológico nos afetar, que faz de nós “velhos” ou apenas pessoas com mais idade. É toda a nossa maneira de encarar a vida e os que nos rodeiam, que fazem de nós “velhos” ou simplesmente seres com limitações próprias da idade. Temos que viver a diversas etapas e chegar á “Ultima” preparados para a aceitar como mais uma fase. Se assim o conseguirmos, seremos velhinhos capazes de dar e receber diariamente todo o tipo de carinho, amor , compreensão…tudo o que necessitamos quando começamos a perceber que a nossa vida começa a depender dos cuidados de alguém.
Fico chocada com a realidade que tenho sentido em algumas “pessoas” que não querem envelhecer, por vergonha…por simplesmente serem chamadas de coitadinhas, por terem rugas, por ter que usar uma bengala. A velhice vai muito mais além do que tudo isto, para quê valorizar desta forma somente negativa? Claro que as pessoas mais velhas se tornam diferentes, quando somos crianças choramos para chamar atenção, fazemos birras para obtermos aquilo que queremos, na velhice há um sem fim de chamadas de atenção, de birras, de teimosia, de maldade até, (posteriormente falarei em mais em pormenor, relatando algumas experiencias) mas a um nível diferente, provocados pela ausência de “algo” ou simplesmente para contrariar a ideia de que não somos velhos e que não precisamos de ninguém…acrescido a tudo isto há a diminuição de capacidades que nos deixam menos tolerantes, irritados, tentando sempre implicar com alguém… a falta de memória que nos leva a ser repetitivos, e que exige dos cuidadores uma boa dose de paciência, mas se nos tornarmos frios e rudes o que esperamos receber? Se formos revoltados o que esperamos ? que no final da vida aconteçam milagres!!!
Um dia numa formação de grupo, a psicóloga fez o seguinte exercício…”vão descrever como acham que vão ser quando forem velhinhas!”!Foi uma experiencia extraordinária, porque nos começamos a rever (o tal espelho que falei na cronica anterior) em pessoas com quem lidamos e começamos a tentar associar a nossa identidade á da pessoa que gostaríamos de ser ou simplesmente á pessoa que achávamos que iriamos ser!
Agora se me permitem e não por vaidade mas sim porque quero partilhar um exemplo e fazer um tributo a” uma Mãe” que felizmente fez da minha história uma experiencia positiva, a quem devo grande parte, eu descrevi no exercício que gostava de ser uma velhinha como a minha mãe, capaz de ouvir os filhos sempre com um sorriso, com uma palavra meiga, de conforto…de tudo o que precisamos para sermos felizes! Ela, que apesar de estar com a doença de Parkinson, sempre esteve consciente, e com a certeza de que um dia a partida dela iria causar em nós uma saudade eterna…uma Mãe única, cheia de simplicidade, generosidade, sempre com uma palavra amiga, de conforto e de coragem, uma mãe que criou tantos filhos e conseguiu com que todos eles se sentissem bem ao seu redor e a tivesse acompanhado até aos últimos momentos sem que também a ela nada lhes faltasse.
Eu agora pergunto, não será um ideal a seguir! Se formos meigos e encararmos a velhice com esta atitude não será tudo mais fácil e compensatório! Independentemente da nossa condição física e de saúde ainda podemos fazer felizes tantos outros que vão a meio da caminhada e a tempo de se orgulharem um dia de serem velhinhos…
Pode parecer filosofia e de verdade até é, mas filosofia de vida com propósito de nos fazer acreditar que o nosso rumo á felicidade passa por este tão Nobre sentimento, que é ser uma pessoa capaz de fazer feliz o outro…só assim seremos felizes, e ninguém me diga o contrário, isto é a única coisa que o dinheiro não compra!
Vivamos de forma a deixar um pouco de nós….
Crónica de Aida Fernandes
A última Etapa
Como sempre palavras de experiencia de vida, por isso e sempre um prazer ler as tuas cronicas
Bonita historia essa dos 80 anos da tua mae, das 80 rosas, ja conhecia, mas e sempre bom recordar historias tao tocantes
Ano e mes muito dificil pra nos, mas infelizmente faz parte da nossa historia
Bjs parabens e continua
Aki te espero a quarta feira
Bela, dizes bem, ano e mês dificil para nós, mas faz mesmo parte da nossa história…
Recordar é viver…ninguem pode voltar atras no tempo na sua história mas pode aprender muito com ela.
Beijinhos de agradecimento pela tua msg
Parabéns, Aida!
Uma excelente crónica, um testemunho de vida bem vivida e é essa que fica na nossa memória (não só mas também). Boas mães, fazem bons filhos? Nem sempre… mas também…
Fico à espera da próxima.
Beijinhos
Cila…palavras para quê…
foi um testemunho de uma Mãe, poderia ter sido de um Pai…importa que tenham deixado esta herança, podermos recorda-los com o maior orgulho do mundo e tu também podes falar sobre isso.
Beijinhos, obrigada pela tua mensagem
Não consigo deixar de ter orgulho em ter uma irmã(AIDA)
que como diz e bem a história,nós nascemos do nada! mas somos criados de um todo!
uma mãe ou um pai como tivemos não nos torna melhores ou piores de que os outros.,mas certeza será que diferentes sim.
não deixo de partilhar, que me veio uma lágrima ao ler este lindo texto.
mais não digo! apenas vou limpar a lágrima, com muita saudade de quem sabe,um dia ter tido uns pais tão belos!
e ter tido também uns irmãos como estes!que tenho.
Obrigada MARIAIDA.
Nosso Nelo!!!(só para nós)não te posso dizer muito mais hoje, tivemos a sorte de ter sido educados com valores que ainda hoje se tornam visiveis, foi-nos pedido, se bem te lembras, que continuassemos unidos, era o maior gosto que lhe poderiamos dar, até disso ela se pode orgulhar!Continuamos irmaos…amigos…confidentes…unidos!!!algum sempre mais em especial…mas faz parte das partilhas diárias e da vivencia, nem sempre podemos estar com todos, mas eles estão “lá”, na hora certa!
Quanto ao orgulho que sentes em ter uma irmã Aida…espero ser sempre merecedora desse belo sentimento!
Não quero que tenhas que limpar mais uma lágrima…mas ás vezes faz bem!!e sabes que és um grande orgulho também!
Beijinhos da irmã MariAida!!!(não era por acaso que em pequenina sempre que ia passear e me davam alguma coisa, eu dizia, uma para mim outra para o nosso Nelo!!!!
Querida Amiga Aida Fernandes
se eu seguisse o exemplo do vosso exercício diria que vou ser (espero que sim) uma velhinha rabugenta, teimosa e sempre, mas sempre, senhora do meu nariz!
A única coisa que eu não quero ser, um dia, é má… isso não!
Quanto à sua história pessoal – a única coisa que me ocorre dizer-lhe é que a sua querida Mãe tinha, e decerto continua a ter, orgulho nos seus filhos! Pudessem todas as mães sentir o amor dos filhos como vocês fizeram questão de lhe mostrar, sempre!
Parabéns amiga! Crónica lindíssima!
Laura, já ontem respondi ao seu comentario, mas hoje ao reler lembrei-me de lhe dizer, que quando formos velhinhas não pode ser rabujenta nem dona do seu nariz, senão não vamos ao Majestic comer a rabanada!!!!nem vamos á Moura comer o jesuita!!!
Muito menos tirar fotos nas estações de comboio…
Estou de pé batendo palmas para você!!! Parabéns.. palavras ditas com total sabedoria, espetaculares. Tudo que somos devemos a nossos Pais. Eles nos deram a essência da vida, o saber que na vida precisamos SER, ser humanos, ser filhos, ser pais, ser humildes, ser educados, e não a TER, ter dinheiro, ter egoísmo.. não.. eles nós mostraram que a felicidade está em SER diferente, sabendo amar ao proximo e sendo útil aos outros, ensinaram que nos tornando pequenos seremos grandes de coração. Você é uma pessoa abençoada por Deus.. continue sempre a escrever. Beijos no seu coração!!!
Rosa’ Neto, nada mais belo do que ler uma msg como a tua!!!para além de nos conhecermos desde pequeninas e tambem conhecermos as pessoas aqui em relevo, sabemos que somos assim na realidade, não são meras palavras…SER ou TER!!!aqui está a essencia, podemos SER e TER mas nunca TER e não SER…beijinhos de agradecimento pela forma como tens comentado as minhas cronicas.
Parabéns esta maravilhosa a crónica cheia de sabedoria, sentimento e boas heranças. Sem duvida o mais importante. Bjs
Sofia, que mais podemos esperar do nosso dia a dia, senão nos valermos das boas coisas, aquelas que nos ajudam a enfrentar tudo com coragem e alegria…Beijinhos, obrigada por continuares a ler as minhas cronicas
Aidinha…
Digo-te apenas, quando for velhinha também quero ser como a nossa Mãe!!isso é certo, e se conseguir que o meu filho me ame como a amamos a ela já não peço mais nada…
Felizmente o amor que nos une a todos (irmãos)jamais será alterado..
Muito mas mesmo muito bom ler esta cronica e que orgulho eu tenho de fazer parte desta história..
beijinho minha irmã..love you
Fernanda Fernandes, Nandinha! faço tuas as minhas palavras…somos parte de uma linda história que ainda vai a meio, e quando formos velhinhas espero ter ainda muito mais que contar…escrever…recordar!!!Beijinhos irmã de sangue e de coração!!!