De bestas a bestiais – Maria João Costa

É tão fácil e rápido, passa-se de «Besta a bestial» num piscar de olho, arrisco mesmo a dizer, a cada bater da asa de uma borboleta. A expressão não é a mais bonita, assim como também não é bonito o que se diz, o que se comenta e partilha sem se saber (muitas vezes) da verdade do assunto ou pessoa em questão.

Eu não percebo nada daquele desporto que envolve pernas e uma bola a rolar, mas não deixo de ouvir o que se diz a seu respeito; e percebo que do «nada», ou do pouco que possa acontecer, há logo alguém que fala em crise, em pior momento, em declínio, em «besta». O que ontem era definido como «Campeão», deixa de o ser de uma hora para a outra. Julgam com base num acontecimento, e esquecem-se do que foi feito e do que já foi conseguido. Falo do Futebol Clube do Porto, como poderia estar a falar de outro qualquer clube. Mas não é só no futebol que isto acontece.

No mundo do «ai, que eu sou famoso», isto é o pequeno-almoço de cada um, e depois de muitas notícias, quem nem sempre são verdade, eles já se habituam a estas passagens de instantâneas, «Um dia besta, outro dia bestial». No mundo dos pequenos e reles mortais, é tudo menos «Bimby», que é como quem diz, tudo menos instantâneo, bom para nós.

A quem vive bem com isto, tiro o chapéu, porque não deve de ser fácil, de um dia para o outro, perder likes na página no facebook, e ler comentários negativos num posta básico de «Bom dia» (não se espantem, é mesmo no facebook que se consegue perceber como a imagem de cada um, é ou não valorizada). Sempre se foi «besta» e sempre se foi «bestial», mas descobrir isso era bem mais difícil,  e lidar com isso era bem mais fácil. Hoje, as coscuvilheiras deixaram as janelas, e as vizinhas e passaram a usar o facebook, e muitas escolheram ser jornalistas.

Crónica de Maria João Costa
Oh não, já é segunda feira outra vez!