Debater ou… De Bater? – Carla Vieira

Se há coisa que odeio ver dirigida a mim, é a condescendência. Não tenho muito lugar para quando as pessoas sentem pena de mim, mas a condescendência é do pior. E quando é que as pessoas fazem isso? Obviamente quando estão a debater ideias contraditórias às minhas. Existem muitas vertentes para o que eu estou a falar mas vou-me concentrar nos três casos que me fazem querer mandar uma chapada que deixe marca às pessoas que fazem uso disto como se de armas se tratassem. Comecemos:

Se essa é a tua opinião” é das coisas mais ridículas que se pode dizer. Claro que o que quer que eu tenha dito é a minha opinião! Não é preciso fazer extensivos cálculos matemáticos para se perceber que o que sai da boca de uma pessoa, geralmente está de acordo com a visão do mundo que essa criatura tem. Ou isso ou estamos a falar de alguém que quer tanto chamar a atenção, que diz bacoradas só para aparecer (estou a olhar para ti, Emplastro). Mas na verdade, nada do que eu digo é a minha opinião, deve ser isso. Eu devo ter aqui uma falha qualquer no meu cérebro e quando debato só digo coisas que não têm nada a ver.

Frases com reticências… São das coisas mais passivo-agressivas e idióticas que já tive o desprazer de encontrar. Conjugando com a frase de cima, ficamos com a afirmação “Se é essa a tua opinião…” que só falta ser completada com um grande “vai comer merda” e é sempre assim que essas frases acabam na minha cabeça. As reticências servem para deixar algo em aberto, algo não-dito porque quase não necessita de voz. Nestes casos é o metafórico fuck you que completa a linha de pensamento deixada em aberto pelas reticências, que eu acho que nem sequer deveriam ter lugar num debate e sim serem deixadas para outros usos mais comuns na nossa vida.

Temos pena” ou qualquer variação galinácea ou envolvendo coisas que os animais usam como roupa não me assiste de maneira nenhuma. Acho que é de um desrespeito enorme ter “pena” do que alguém possa ter a dizer sobre qualquer assunto. Ah e tal “se é assim que tu achas então temos pena”, mas temos pena de quê? Só se for de eu ter razão naquilo que digo, porque de outra forma não estou a ver a razão para tanta galinha depenada.


Vamos por favor parar de ser criancinhas e ter alguma decência. Eu sei que às vezes falo daquilo que vocês mais gostam e quando falo, falo mal. E quem diz eu diz muita gente que por aí anda, todos nós temos boca para falar. Confesso que adoro destruir coisinhas com as minhas palavras e quando me dão feedback, é uma maravilha. Não quer dizer no entanto que me possam mandar bitaites de como a minha vida é ou não é, ou que tenham o real direito de me insultar ou tentar fazer de mim burra porque se há coisa que eu não tenho é falta de inteligência. E por último, agirem como putos mimados. Vão dar uma voltinha, desliguem o computador, façam amor, não sei. O que quiserem fazer para deixarem de se sentirem cegos pela raiva. Tudo, menos serem desrespeitosos.

Crónica de Carla Vieira
Foco de Lente