Declaração de amor

Sim, leste bem, isto é uma declaração de amor. Como sabes não tenho jeito nenhum para estas coisas. Sou romântico, claro que sim, mas….há minha maneira. Mas deixemos de falar de mim. Tu é que és importante neste momento. Aliás, há muito tempo que merecias esta dedicatória. Só no outro dia, enquanto andávamos ambos pela rua, é que me apercebi do papel que tens na minha vida.

Tudo começou há alguns anos atrás. Devia de saber quantos anos ao certo, mas sinceramente…datas não é o meu forte. Não foste a minha primeira experiência, não te vou mentir. E foi precisamente por já ter alguma experiência neste género de relações, que fiz questão de te comprar logo protecção (não queria de todo que te magoasses!). Por falar nisso, acho que está na hora de comprar “roupinha” nova, não achas? Pois, temos de tratar disso em breve então!

Mas voltemos ao que interessa: assim que te vi, notei logo a diferença para a minha anterior experiência. Percebi que tinhas mais, e melhor, memória. E a memória é fundamental na nossa relação. É incrível como me conheces tão bem. Sabes sempre se estou de bom, ou mau, humor mesmo que não troquemos uma única palavra. Eu sei que devia de falar mais, mas acho que quem nos rodeia não iria compreender. E se por um lado não quero saber o que os outros pensam ou dizem…por outro temo que me mandassem para um manicómio se o fizesse. E se eu fosse parar a um local desses como é que ficava a nossa relação? Acho que não aguentava muito tempo longe de ti.

Tens em ti aquilo que parecem ser todas as vozes possíveis e imaginárias. Consegues chegar dos mais altos agudos aos mais espantosos graves. Reproduzes conversas inteiras, das mais banais às mais filosóficas sabendo tu de antemão que tenho um gosto variado e diverso. Tentas sempre fazer-me cantar e dançar, e às vezes até acabas por conseguir, mas na maior partes das vezes consigo controlar-me. Ou melhor, eu canto e danço, mas apenas “para dentro”. Podes considerar isso, meia vitória (e olha que já são mais 50% do que praticamente todos os outros que me rodeiam…).

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Eu sei que por vezes sou irritadiço e impaciente, mas espero que isso nunca te faça duvidar (nem por um momento) do quanto valorizo o que fazes por mim. Fazes-me companhia em todos os momentos e tens sempre uma palavra (seja ela falada ou cantada) para me dar. Ajudas a que me concentre e fique sozinho com “os meus botões”, assim como me distrais e desvias-me os pensamentos para algo trivial do dia-a-dia. Se não fosse esta gestão, sempre exemplarmente conseguida da tua parte, já teria endoidecido com certeza.

Felizmente até hoje nunca me faltaste. Por vezes o cansaço leva a melhor, e acabas por ficar sem energia para me acompanhar. Mas aí, tal como em tudo o resto, a responsabilidade em assegurar que nunca nada te faltará é minha, e só minha.

Prometo cuidar de ti. Prometo assegurar que tens uma vida longa e repleta de aventuras. Prometo que nunca te deixarei de parte, mesmo quando a tua idade já for avançada. Prometo banhar-te (não literalmente) em conhecimento para que tenhas sempre novas músicas para cantar e novas histórias para contar.

Tendo em conta tudo aquilo que já me destes (e aquilo que, acredito, ainda vais dar no futuro) já não era sem tempo de te agradecer. E foi por isso mesmo que escrevi esta declaração de amor.

Porque o amor pode ser muito mais do que o óbvio. E porque tu me acompanhaste mais do que muitos seres humanos.

Obrigado querido, e amado, IPOD/MP3.
Obrigado.

Boa semana.
Boas leituras.

Crónica de Bruno Neves
Desnecessariamente Complicado
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