A verdadeira definição de Tempo – Francisco Capelo

Há quem o diga.

Que nada é viver, e ser, e agora, e enquanto o diabo esfrega os dois olhos o mundo melhora.

Mas… há quem o diga.

Que o sempre é melhor que o nunca.
Que o passado se vai embora agora.
Que o presente é de quem é gente e o sente.
Que o futuro é um presente- passado imperfeito sempre sempre adiado.

Há quem o diga?

Talvez.

Talvez o mundo melhore.
Talvez o sempre seja o agora.
Talvez o futuro chegue à gente.
Talvez o passado se vá embora.

Quem o diz, agora?
Agora, que “há quem o diga”?

Para quê esperar o futuro?
O futuro é daquela gente que não espera o passar das horas; agarra o presente, e deixa o passado em paz.

Ora, o Tempo é um fulano engraçado.
Finge dormir; e no entanto está atento.
Todos o citam, mas nunca o viram em pessoa.
Temos toneladas de tempo dentro de nós.
Medimos o tempo em unidades tão abstractas que se desfazem ao vento, com o tempo.

“Tempo é dinheiro!” – há quem o diga?? Todos o dizem!
Ai sim?

Então porque não pagamos a conta da mercearia com trinta minutos?
Ou 42 segundos, se comprarmos apenas uma mini?

Tudo isto está muito mal explicado.

Só conheço, aliás, uma única pessoa no mundo inteiro capaz de o explicar, mas ele nunca cá está: foi para uma Medina marroquina fazer Carreira, enquanto o tempo se tornou entretanto a única verdade.

Verdade?

– Há quem o diga…

 

FranciscoCapeloLogoCrónica de Francisco Capelo
O Suspeito do Costume
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