Depois do vai, VEM!!

Se em tempos tivemos um Primeiro-Ministro e outros que tais a dizerem a jovens e não jovens portugueses para emigrar, pois que agora os mesmos (mesmo que não de forma tao directa como antes) dizem a estes emigrantes: voltem!

O Programa VEM  (Valorização do Empreendedorismo Emigrante) destina-se a apoiar projectos de emigrantes (ou ex-emigrantes) para a criação do próprio posto de trabalho ou de uma empresa.

Portanto jovem, tu que foste para outro país e que ganhaste experiência profissional lá quando não te deram a oportunidade de ganhar cá ou que progrediste na carreira como nem sonhavas poder acontecer se tivesses continuado em Portugal, VEM! Volta e cria o teu trabalho. Vem e ganha menos do que estarias a ganhar no estrangeiro. Vem e habitua-te novamente a estares no teu país. Portugal ajuda-te em tudo – se calhar até paga as viagens de regresso.

Meus caros, a primeira dificuldade da pessoa é sair. Tomar aquela decisão de ir embora do país onde crescemos, onde vivemos até então e deixar cá família e amigos. Depois dessa tomada de decisão, existem oportunidades por esse mundo fora que não existem em Portugal, para quem estiver disposto a aceitar. A querer manter estas pessoas activas e em Portugal é enquanto estão cá, enquanto procuram trabalho e oportunidades aqui, não depois de saírem.

Este programa VEM (e o outros dos estágios para portugueses que estejam desempregados há mais de um ano e inscritos no centro de emprego no país acolhedor) só é favorável para quem esteja completamente descontente com a vida de emigrante, para quem não aguente (ou não queira) estar longe da família e amigos que deixaram em Portugal.

Penso não estar enganada, mas os que agora vão, deixam o nosso país, não têm como sonho o voltar um dia para viver na casinha que compraram/construíram como antigamente (e quantos destes emigrantes já puseram esta ideia de parte devido à família e laços que criaram lá e perderam cá?). Percebo no entanto que é uma forma de Portugal aproveitar experiência profissional para a qual não contribuiu (da mesma forma que instituições inglesas aproveitam os profissionais de saúde sem terem de os formar, como exemplo). Mas será que esta medida terá grande sucesso? Um estágio de nada serve ao estagiário se a empresa apenas aproveita os benefícios que o Estado dá e após terminar vai embora, voltando a estar desempregado. Apoios para a criação de uma empresa/posta de trabalho de nada interessa se for “mais do mesmo”, se não existir mercado para a empresa evoluir e construir caminho sem os ditos apoios, presumo eu, iniciais. E neste caso da criação de empresa, o apoio será a que nível? Financeiro, gestão, etc?

E sendo que existem programas semelhantes para residentes em Portugal, estes têm dado bons resultados? Os números são positivos? Quantos estagiários arranjaram trabalho após aquele ano (ou agora 9 meses) de estágio? Quantas empresas abriram com os apoios do Estados e quantas dessas se mantêm activas e com lucro? (Tem de dar o mínimo lucro, nem que seja para as despesas, porque para terem prejuízos já existem umas quantas empresas por este país fora.)

Pelo que vejo, este tipo de programas, sejam para emigrantes que queiram regressar ou sejam para portugueses que residam cá, só são eficazes na teoria. É tudo muito bonito no papel.

Contudo, poderá esta medida ser apenas uma forma disfarçada de conseguir mais população residente em Portugal? E de preferência população activa e empregada? O que não acontece com os “velhos” emigrantes que quando voltam já estão em idade de reforma ou então só vêm passar um mesito ou outro cá. Assim sempre eram mais umas pessoas para ajudar (como quem diz pagar) mais uns impostos e taxas e contribuições e não sei bem mais o quê, o Estado sempre ganhava mais alguns trocos.

Não sei bem se o VEM vai dar frutos, se os bons filhos à casa tornam, mas cá estarei para ver, em princípio, se não arriscar noutro país.