Descobri o meu lado feminino… – Ricardo Espada

Olá malta! Como vai essa saúde? Espero que bem melhor que a minha! Esta coisa de vir até ao Algarve de férias, para dar uns valentes mergulhos na praia, não é coisa fácil. Acreditem que não é mesmo pêra doce… O meu corpo não estava habituado a tal esforço físico. Depois de, praticamente, um ano inteiro sem dar um valente mergulho, o corpo estranha a prática do salto de cú para a água. É muito difícil… Não era mesmo nada capaz de me habituar a esta vida… Nada, mesmo! É desgastante e fico incrivelmente agastado com esta rotina diária – acordar de manhã, tomar o pequeno-almoço, ir à piscina, almoçar, passear, ir à praia, tomar banho, jantar, beber uns copos, e finalmente dormir. Um fim‑de‑semana inteiro nesta rotina já é bastante cansativo, quanto mais 15 dias de férias – o que vale é que eu só vim 8 dias de férias para o Algarve, senão não regressava vivo ao trabalho.

Numa das minhas crónicas anteriores (“A vida no campismo”), eu resolvi falar sobre campistas que, de facto, o odeiam ser. Hoje, quero trazer-vos mais um pouco de campismo. Ou melhor, sobre uma das coisas que mais atormentam a vida de um campista – os chuveiros das casas-de-banho dos parques de campismo. Durante o Inverno, chega-se a ter um casa-de-banho inteira só para nós, mas, no Verão, a história muda, radicalmente, de figura. No Verão, chegamos cansados da praia ou da piscina, e temos de esperar, por vezes, uma valente meia-hora na fila para a casa-de-banho. Parece que estamos numa dependência das finanças… Pensando melhor, estar numa fila de uma dependência das finanças, de calções da praia, chinelos, toalha e de tronco nu, é coisa para ser, imediatamente, internado num hospício. Por isso, esqueçam a ideia da fila para as finanças, e foquem-se apenas na fila para a casa-de-banho.

Regular a temperatura de um chuveiro destas casas-de-banho, é uma autêntica aventura… Uma aventura que nos pode sair cara. Podemos ficar com toda uma reputação destruída. Passam-se anos inteiros a construir uma postura de macho, de homem das cavernas, e tudo se pode esvoaçar, não num dia, mas em apenas 5 minutos – o tempo médio que dura um banho. Se demoramos mais do que 5 minutos, arriscamo-nos a ouvir bocas dos “companheiros” que esperam, ansiosamente, pela sua vez – “Vamos a despachar… Isto não é o chuveiro lá de casa! Isto é para ser rápido! Há mais gente à espera!”. E é com toda esta pressão psicológica, que cometemos um erro crasso! É certo e sabido que, água quente em parques de campismo, é o mesmo que caminhar na rua e tropeçar num barril de crude – ou seja, as probalidades de isso vir a acontecer, são estatisticamente mínimas. E quando, uma casa-de-banho tem apenas dois chuveiros, e as duas pessoas tentam usar a água quente, isso resulta numa depressão. É uma guerra aberta!

Foi assim que descobri o meu “lado feminino”… Calma, não se ponham já com ideias parvas, ok? Eu conto o que se passou. Estava a tomar banho, com água quentinha, quando parei para ensaboar o corpo. Uma esfrega aqui, outra esfrega ali… E, quando volto a ligar o chuveiro para retirar o raça do sabão do corpo, eis que apanho o susto da minha vida! O raio da água estava gelada! Solto um grito de menina (tal e qual um dos melhores falsetes do Prince), e noto que fica um silêncio estranho na casa-de-banho. Apresso-me a despachar-me, abro a porta do chuveiro, e tento sair o mais rápido possível, não escapando a uma ou duas tímidas risotas… Resumindo e concluindo, a minha reputação de macho, de homem das cavernas, esvoaçou-se num instante…

E foi assim que eu descobri o meu “lado feminino” – que com água gelada, solto gritos à Prince…
Até para a semana, malta catita!


RicardoEspadaLogoCrónica de Ricardo Espada
Graças a Dois
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