Desconfinamento 2.0 — o que podemos esperar?

De repente, existe alegria no ar. Uma espécie de nuvem da positividade voltou a surgir nos céus da vida dos portugueses. Pessoas que se encontravam em casa, fechadas numa espécie de cativeiro com direito a uma espécie de tortura diária, vêem as suas vidas ganharem um novo fôlego, uma espécie de luz ao fundo do túnel. Depois de aproximadamente 2 meses enclausurados em casa, esta segunda-feira, dia 15 de Março, começa-se a desconfinar. Depois de um sofrimento atroz por parte dos pais — que sofreram uma espécie de tortura, ao terem de aliar a paternidade ao teletrabalho — o sol parece querer voltar a nascer todos os dias. Para as criancinhas, que foram exímias na capacidade de transformar a vida dos seus papás num verdadeiro filme de terror durante este tempo em casa, vêem igualmente a possibilidade de estarem com outras crianças, deixando assim os dias cinzentos em que, constantemente, viam os adultos lá de casa a ralhar com eles e a não quererem participar naquelas maravilhosas aventuras, com cenários imaginários, criados apenas nas suas cabeças. Mas e agora, como irá ser o regresso à rotina laboral (no caso dos pais) ou escolar (no caso daqueles seres que são uns anjinhos quando não estão em casa, obviamente…)?

Os pais vão regressar aos seus locais de trabalho e tudo parecerá diferente. Primeiro, terão a capacidade de pregar valentes sustos aos seus colegas, visto que, tanto tempo fechados em casa, será normal que tenham adquirido uma aparência de quem esteve a lutar contra zombies durante um apocalipse, não sendo possível distinguir homens de mulheres. Cabelos enormes e desgrenhados, e olhos encovados de noites e dias sem descanso, vão fazer com que os patrões pensem em devolver os pais às suas casas, em regime de teletrabalho. A dada altura, vão dar por si a falarem aos berros com os colegas como se estivessem a falar com os seus filhos, como era habitual durante o confinamento. E vão existir dias em que vão dar por si de pijama no trabalho, porque existem hábitos que custam a desaparecer. Por outro lado, os petizes também não terão propriamente um regresso fácil à escolinha. Habituados a estar em casa rodeados de brinquedos que são apenas seus, não irão estar abertos à partilha com colegas. Verdadeiras guerras se irão travar durante este regresso dos petizes à escola. Muitos não vão conseguir fazer a distinção dos colegas de monstros que os assombravam nos pesadelos, visto que muitas crianças irão surgir algo diferentes depois de quase 2 meses enclausurados em casa. Uns não terão dentes, outros terão cabelos enormes e até existirão alguns casos em que os miúdos não conseguirão distinguir o que será real ou irreal, visto que tudo lhes parecerá uma espécie de jogo para a PlayStation, onde eles interpretam o papel de um humano que acabou de aterrar num planeta alienígena e foram parar a uma espécie de prisão, onde tem de obedecer a ordens da chefe alienígena — neste caso, a professora — ou então voltarão para o planeta Terra, onde terão de enfrentar os zombies do confinamento — ou seja, os seus pais.

Mas nem tudo é mau. Desde que haja alegria, liberdade e desconfinamento, o mundo será sempre um lugar bem bonito para se viver…

Bom desconfinamento a todos!