Desespero, deixa-me! – Raquel Santos

Estou desesperada. O meu cérebro está todo atrofiado e não consigo pensar direito.

Ideias, concentrem-se e agrupem-se nas “vossas casas” e não se atropelem umas às outras. Daqui a pouco este novelo de ideias enriça-se e não há nenhuma ideia que surge. Concentrem-se, já disse! As ideias andam aqui todas baralhadas parece que andam a fazer uma festa na minha cabeça. Não podiam ter escolhido outro sítio para se divertirem? Parece que não sabem o lugar delas…

Estou desesperada, não sei o que fazer. Por mais que tente elas não me querem dar ouvidos e não me consigo concentrar e pensar direito. Quantas vezes, te sentiste assim? Sem saber o que fazer por pensares muito e teres muitas ideias e não saberes para onde te direcionar?

Sinto-me presa no meu próprio espaço, quero desprender-me destas ideias e não consigo. Deixem-me descansar e acalmem-se! Sim, eu preciso de ideias, mas tantas? Até me sinto confusa. Isto é só para me sentir perdida.

Depois acontecem coisas que ninguém está à espera. Pois pudera, a cabeça das pessoas está atolada de coisas e é como um saco. Enche, enche e chega a um ponto que já não dá para colocar mais nada e fica cheio. Se tentares por mais alguma coisa ele pode rebentar com o excesso de coisas que lhe colocaste.

Muitas pessoas rebentam e depois surgem situações menos boas desde depressões a suicídios. Algumas pessoas que aparentemente não faziam mal a uma mosca começam a partir a louça toda. Miúdos de 16 anos chegam ao ponto de matar as próprias mães com o desespero. Não sei bem, talvez pela pressão de tirar boas notas, de não ter amigos, sem serem virtuais. Agora preferem falar com um portátil, que nem sabem como quem estão a falar do que falar pessoalmente. Amigos, não sabem o que perdem!

Outros por desespero vendem os seus próprios filhos. Daí a não terem dinheiro por os cuidar da melhor forma e pedir ajuda não há nada em contrário. Agora, vender o seu próprio filho? O que é que leva uma mãe a fazer isto? Tem que estar mesmo no limite do desespero. Eu não era capaz de fazer uma coisa destas! Digo isto porque nunca estive verdadeiramente numa situação destas. Não é fácil.

Outras por desespero despedem-se dos seus próprios empregos. Empregos esses, fixos e que chegam ao fim do mês e recebem o ordenado certinho. Não é isto que todos nós queremos? Ter uma vida equilibrada em termos profissionais? Pois, mas não sabemos o que poderá estar por trás. Talvez o desespero, a confusão de ideias.

Não é fácil sair deste enredo que teima em querer ficar! Que chato!

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Pequenos Desabafos