O dia da Mulher

Domingo, 8 de Março – Dia da Mulher.

Dia popularizado pelas lutas das mesmas por melhores condições de trabalho para as mulheres e que serve de homenagem a todas que lutam diariamente.

Em pleno séc. XIX, e depois de tantas mulheres batalharem, era de imaginar que homens e mulheres tivessem papéis e oportunidades semelhantes na sociedade, sem nenhuma diferença entre si. No entanto não é isso que acontece. Infelizmente ainda há muito caminho por desbravar para que mulheres e homens sejam “iguais”.

O papel que a mulher tem tido, antigamente e nos dias de hoje, é essencialmente o de mãe. (E quantas que por não o quererem ser são crucificadas pela sociedade, muitas vezes por outras mulheres, como se ser mãe fosse uma obrigação!) Isto tudo para dizer que maioritariamente é ainda a mulher que “desiste” do trabalho e fica a cuidar dos filhos e/ou de outros familiares/pessoas doentes, é a mulher que não tendo possibilidades ou não querendo apenas cuidar dos filhos e da casa junta a isso outro trabalho (ou mais nos dias que correm). E ainda é a mulher que no mundo do trabalho e depois de tantas provas dadas é discriminada porque é mulher!! Falo no mundo do trabalho em geral, trabalhos de todas as remunerações e de todos os cargos, porque ser mulher a trabalhar é sinónimo de filhos, casa e preocupações o que equivalem a faltas, gravidez, etc.

Sera que quem tem filhos ou pensa ter fica mais incompetente que os restantes? É que bem vistas as coisas os filhos são feitos por duas pessoas (normalmente) pelo que a incompetência seria a dividir por ambos ou iria toda para mulher qual doença genética que só afecta pessoas com o duplo cromossoma X? Se não é competente para desempenhar um ou outro trabalho que a própria se acha competente para tal, terá competência para cuidar de um filho? A pergunta poderá ser feita, digo eu… E depois, quando a mulher (com ou sem filhos) até fica com o trabalho porque é que ganham em média 77% do que os homens ganham?

Onde está o problema? Na incompetência? Nos filhos? No género? Na sociedade? Na mentalidade das pessoas? Vejo tanta incompetência em alguns serviços e o problema em nada tem a ver com o ser homem ou mulher, é simplesmente porque não sabem (ou não querem) fazer o trabalho para o qual estão designados. Mas adiante…

Ainda no tema das desigualdades no trabalho, vem um senhor político dizer que devem ser introduzidas quotas de mulheres nas empresas, porque segundo diz o mesmo senhor os gestores de grupos como o BES e a PT serem homens e “competentíssimos” (palavras dele) contudo o “resultado foi o que foi” (novamente palavras dele). Antes de tudo o que me apraz dizer sobre a tal quota, digo a este senhor que se fossem os gestores fossem competentes (homens ou mulheres não interessa para o caso) o resultado com toda a certeza que não seria aquele. Não combina dizer que o resultado foi mau (muito mau) e ao mesmo tempo dizer que foram competentes. Quanto à quota de mulheres nas empresas, posso estar a falar de cor ou não ter percebido o que queria dizer, mas espero que não esteja a falar a sério. Pessoalmente, e encontrando-me à procura de trabalho, quero ser escolhida para o trabalho porque acreditam em mim e pensam que irei desempenhar bem as funções. Não quero ser escolhida porque estou elegível para um estágio profissional ou porque tenho menos de 30 anos ou a juntar a estas condições porque sou mulher e a empresa tem que preencher a vaga com uma mulher para ter uma certa percentagem de mulheres a trabalhar. Desta forma é estar a prejudicar os homens e o que queremos é igualdade entre ambos, não melhores condições de acessibilidade de um género prejudicando outro.

A juntar a esta coisa do trabalho, as notícias que praticamente se vê sobre casos de violência doméstica são alarmantes. Uma em cada três mulheres já foi vítima de violência física ou sexual. Estes “homens” ainda se acham nos tempos dos reis e rainhas, pensam que são donos e senhores das mulheres. E estas muitas vezem “comem e calam” (quando o resultado não é mais trágico) porque têm medo, não têm para onde ir, têm filhos e não têm condições financeiras – o que acontece por vezes porque não têm uma oportunidade de trabalho. É assustador pensar que em três amigas, pelas estatísticas, saber que uma delas é/vai ser vítima de violência doméstica.

Mais um exemplo da diferença mentalidade face à mesma acção por parte de géneros diferentes é a velha máxima: um homem que tenha muitos relacionamentos é um garanhão, se for uma mulher a ter muitos relacionamentos é uma oferecida para não dizer pior. Onde está a igualdade?

Ano 2015. Século XIX. A sociedade ainda não vê homens e mulheres como iguais que são. Somos tão evoluídos para umas coisas e tao retrógrados para outras. Ainda há tanto por conquistar…

Que venham mais dias das mulheres, mais dias dos homens, mais dias…melhores dias e mais igualdade entre todos.