O dia em que emancipei a minha filha!

Ora viva! Ontem foi um dia muito importante para mim! Foi o dia em que a minha filha se emancipou. Bom, em boa verdade fui eu que a emancipei. Parecendo que não com 6 meses já estava na altura de ela se fazer à vida!

Agora que terminaram todas as licenças a que tínhamos direito, e que gozámos todas as férias que ainda nos restavam do ano passado, eis que chegou a hora de voltar ao emprego. Dia 15-02-2016, um dia que para sempre ficará marcado… na vida dos meus pais, como o dia em que se lhes acabou a paz e sossego!!

Se ir à minha casa brincar com a netinha, ou receber a visita da pequena anjinha lá em casa deles era extremamente gratificante (e coisa para encher o coração de qualquer avô e avó) tê-la durante mais de 10h em casa deles já não é bem assim! Então não é que a gaiata fez questão de mostrar aos avós tudo o que lhes esperava logo no primeiro dia.?! Digamos que foi um género de primeiro dia de trabalho num novo emprego (aquele primeiro dia em que não sabemos ao que vamos mas estamos cheios de medo de fazer asneira durante o período de experiência). Emprego esse que por muito que nos sintamos preparados, na realidade até não estamos!

Até então a minha pequena anjinha tinha sempre comido ao colo dos avós, nesse dia não parou sossegada. Se antes dormia cerca de 2 e 3h à tarde, na 2ª feira não quiz dormir. Se antes comia como se não houvesse amanhã no primeiro dia da sua nova rotina optou por não comer… Digamos que tudo o que antes fazia bem, nesse dia recusou-se terminantemente a fazer. (Talvez fosse a sua forma de protesto por a termos deixado lá, ou talvez fosse apenas a sua maneira de testar os avós para os desafios que estão por vir). O que é certo é que no fim do dia fomos buscá-la, e encontrámos uma miúda endiabrada e dois avós extremamente cansados. No entanto, quando a levámos para casa, ela… ela… ela portou-se igualmente mal!

O raio da pestinha parecia o Denis “O Pimentinha”. Era birras porque estava sozinha, era birras porque estava acompanhada, ora gritava porque estava sentada, ora porque estava deitada. Não conseguíamos que sopa entrasse na boca dela (e a pouca que entrava acabava por sair pouco depois através de um lindo e maravilhoso «BRRRRRRRRR»); a chucha foi cuspida, arremessada, ou escondida centenas de vezes; e os brinquedos, esses, eram todos uma enorme seca. Se não soubesse que ela tinha ido passar o dia à casa dos meus pais era capaz de jurar que tinha estado presa em Caxias.

Mas com o avançar da hora as energias foram diminuindo… diminuindo… até que pelas 22h estava “despachadissíma”. Como tal, pensei para comigo mesmo, “Bom, parece que por hoje já está. Agora é dar-lhe o biberão e colocá-la a dormir.” Ham… Ham… Ai, se tudo fosse tão fácil como nós julgamos…

O biberão parecia que tinha picos. De 20 em 20ml engasgava-se e tossia como se não houvesse amanhã, e por volta dos 80ml já tinha desistido de beber e fechados os olhos. Não havia nada a fazer, era pegar nela, colocá-la no berço e rezar por uma noite descansada. (Que como é óbvio não aconteceu, não é verdade?!)

As rezas nunca foram o meu forte. Não sei se me engano em alguma parte da reza, ou se pura e simplesmente o tipo lá de cima não vai muito à bola comigo, o que é certo é que antes das 2h da manhã já eu estava acordado. A pimpolha tinha perdido mais vezes a chucha entre a 1h da manhã e as 3h, do que um lisboeta perde o autocarro em dia de greve da Carris. Conclusão: passei a noite praticamente em claro a servir de prende chuchas. (Acho que para a próxima colo-a com fita cola e fica o assunto arrumado.)

Mas nem tudo foi mau, pelas 7h já eu estava de pé pronto para despachar a pimpolha novamente para a casa dos avós. E verdade seja dita, se ontem me custou horrores deixar a pobre coitada lá, hoje suspirei de alívio quando a passei para o colo da minha mãe!

“Ai! Ai! Pai Sofre!”