Dia Mundial da Saúde Mental

A Organização Mundial de Saúde define a saúde mental como «o estado de bem-estar no qual o indivíduo realiza as suas capacidades, pode fazer face ao stress normal da vida, trabalhar de forma produtiva e frutífera e contribuir para a comunidade em que se insere» (OMS, 2002).

Portanto, define a Saúde Mental não só como a ausência de doença, mas como uma situação de bem-estar físico, mental e social. Como todos somos seres distintos, com especificidades próprias, este sentimento de bem-estar nos vários domínios é necessariamente diferente, contemplando componentes individuais e subjetivas. Deste modo, o conceito de saúde não é igual para todas as pessoas, depende do indivíduo, dos contextos económicos, sociais, culturais e políticos onde se encontra inserido.

A OMS publicou um relatório sobre a importância de investimento na saúde mental. No relatório “Investing in Mental Health – Evidence for action”, a OMS explora os conceitos de saúde mental, qual a sua importância para a vida humana como um direito fundamental, e quais as direções que os governos podem seguir no sentido de alterar as políticas públicas.

“Mental health and well-being are fundamental to our collective and individual ability as humans to think, emote, interact with each other, earn a living and enjoy life. They directly underpin the core human and social values of independence of thought and action, happiness, friendship and solidarity. On this basis, the promotion, protection and restoration of mental health can be regarded as a vital concern of individuals, communities and societies throughout the world.

In this report, potential reasons for this apparent contradiction between cherished human values and observed social actions are explored with a view to better formulating concrete steps that governments and other stakeholders can take to reshape social attitudes and public policy.” (WHO, 2013: 5)

Tradução:

A saúde mental e o bem estar são fundamentais para a nossa habilidade humana de pensamento, de emoções, de interacção entre pessoas, trabalhar e apreciar a vida, seja de forma individual ou colectiva. Estas são apoiadas directamente no núcleo humano e social dos valores da independência do pensamento, acção, felicidade, amizade e solidariedade. Sobre estas bases, a promoção, protecção e reinstauração da saúde mental podem ser  considerados como uma vital preocupação dos indivíduos, comunidades e sociedades pelo mundo.

Neste relatório, as potênciais razões para esta aparente contradição entre os valores humanos que são estimados e as acções sociais são explorados com o objectivo de formular os passos concretos que os governos e outras partes interessadas possam tomar para reformular atitudes sociais e políticas públicas.

(WHO, 2013: 5)

A Depressão

A depressão é definida como um estado subjectivo interno de “tristeza” ou “infelicidade” acompanhado por pensamentos negativos acerca de si próprio, do seu passado e futuro. E de sintomas físicos que, em conjunto, limitam o funcionamento habitual, profissional, social, interpessoal, etc.

Contudo, a maior parte de nós pode sentir-se triste às vezes, e pode não significar que esteja a sofrer de depressão. A depressão é sentirmo-nos tristes, de uma forma muito mais profunda, por um longo período de tempo. De um modo que interfere com o nosso dia a dia e autonomia e que impede de aproveitar aquilo que gostávamos de fazer.

A depressão é uma perturbação mental, mais concretamente uma perturbação do humor, que afecta tanto o cérebro como o corpo.

Ficar doente com depressão significa desenvolver emoções intensas e sentimentos negativos – como tristeza, fadiga, alterações no sono, perda de interesse na actividade sexual e no peso ou apetite, ideias negativas, tais como pessimismo, baixa auto-estima, indecisão e ideias suicidas, e outros sintomas específicos. Em geral, estes sintomas irão produzir um efeito indesejável na vida das pessoas, por exemplo impacto negativo no bem-estar pessoal, no trabalho e nas relações interpessoais.

A Literacia em saúde mental

A literacia em saúde pode ser definida como “a medida em que os indivíduos têm capacidade para obter, processar e entender informação básica em saúde e serviços disponíveis para tomar decisões de saúde apropriadas” (Selden et al., 2000: 6).

“A literacia em saúde mental, situada no campo de atuação da saúde e das políticas de educação, tem presente o papel que a escola ocupa na sociedade, como parte essencial para o crescimento, desenvolvimento e maturação dos indivíduos, constituindo-se como a chave para uma participação responsável e de sucesso conducente ao bem-estar dos cidadãos na vida social. Neste contexto a literacia em saúde deve tornase um princípio fundamental dos programas de saúde escolar, pois perspetiva não só a adoção de comportamentos mais saudáveis, dado que implica os conhecimentos e conceções sobre perturbações mentais e do comportamento de modo a promover o seu «reconhecimento, prevenção e gestão de modo eficaz», mas sobretudo porque implica a aquisição de competências para obter essa informação (localização), sua avaliação e aplicação com sucesso ao quotidiano.” (Mendes et al., 2012: 165).

“A literacia assim perspetivada, permite o desenvolvimento de competências necessárias para o empowerment dos indivíduos” (Nutbeam, 2000 cit in Mendes et al., 2012: 165).