Diário de uma Divorciada – Numa relação

Tenho o prazer único de poder partilhar a história da minha amiga Telma, textos repletos de sátira, textos reveladores de uma profunda tristeza e honestidade, são de facto textos que detalham a vida real e a fase de mudança que a Telma está a vivenciar. Ponderei muito antes de partilhar estas palavras com os leitores mas relembrei o poder transformador que as palavras detém, se o testemunho da Telma ajudar nem que seja uma mulher a sentir-se bem com as suas decisões e escolhas, então, valeu a pena.

Diário de uma divorciada  – Numa relação

A Telma nunca percebeu muito bem o funcionamento dos esquemas românticos nas redes sociais, a necessidade urgente de manifestar os amores e desamores  ( especialmente os primeiros ) nesta colossal e, muitas vezes deprimente, montra da nossa vida para quem pouco ou nada nos conhece e para quem muito opina e julga.

Não sei se a malta do Facebook e do Instagram já se deu conta que o Zuckerberg está-se pouco marimbando para as atualizações do estado civil que colocamos nas redes sociais, o estado civil no Facebook é tão importante como o item em que diz a música que apreciamos, ninguém quer saber e ninguém vai ler. Quando damos início a uma nova relação ou findamos a que temos, não precisamos de correr ( metaforicamente ) para o Facebook mudar o nosso estado civil para solteira ou numa relação ou, pior ainda, é complicado, poupem-se ao ridículo, provavelmente a nova relação não será duradoura porque o gajo é uma besta e se a alteração tornada pública foi com o objectivo de espicaçar o ex namorado ou enviar alguma espécie de indirecta ( uma ferramenta amplamente utilizada nas redes sociais ) para a nova conquista do ex, esqueçam babes, eles nem sequer vão dar conta que respiras, eles estão demasiado ocupados a fazer aquilo que tu também devias estar a fazer.

Para além do estado civil, fotos do pôr-do-sol, mãozinhas dadas, foto das prendas que ele oferece, jantar a dois com especial enfoque nos dois pratos de comida ou nos dois copos de vinho, uma publicação a dizer Amo-te ou a desgraça Nunca fui tão feliz, a identificar o novo parceiro para que toda a gente possa cuscar a nova aquisição e comparar às anteriores, é das coisas mais foleiras a que a Telma já assistiu.

Não obstante, a malta gosta de mostrar que está feliz e contente, mesmo que na vida real não o seja, quem o pode confirmar são os casais mais fofos do facebook, aqueles que estão sempre felizes, que partilham fotos românticas, declarações de amor que colocam o Shakespeare no bolso, comentam as fotos da mulher Tu és linda! e mandam a mesma mensagem mas privada, claro, para a amiga do facebook que acabou de postar uma foto em biquíni, até fazem copy-paste da frase que dá menos trabalho e demora menos tempo. E os comentários da mulher eternamente apaixonada e eternamente orgulhosa nas fotos das conquistas do marido Tenho muito orgulho em ti! Amo-te! mas já não o suporta, mal consegue olhar para ele, na realidade chega a sentir uma certa raiva, ela em casa a aturar os miúdos e a lavar-lhe as cuecas e ele todo feliz e ambicioso com a formação que fez, o prémio que ganhou, o novo emprego no cargo de chefia, um mimo de relação, felicidade pura e genuína!

Os preferidos de Telma são os casais que têm a mesma página de Facebook, é tão lindo de se ver, uma relação tão perfeita que até partilham a mesma rede social, foto de perfil os dois enrolados um no outro com o fundo em corações e estrelas ou, melhor ainda, foto de perfil da família exemplar, o casal e os filhos numa festa qualquer, bonitos e sorridentes, mas Telma conhece-os e sabe que eles andam sempre à batatada, discussões todos os dias e pedidos de desculpa em dias alternados, com predominância da má disposição ao fim de semana que é quando passam mais tempo juntos, infelizmente para ambos.

Portanto, ide buscar as pipocas e o refrigerante, aconcheguem-se no sofá, há conteúdo do bom nas redes sociais, de rir e chorar por mais, melhor que a Netflix. Ou então façam como a Telma, Estado civil: Feliz, sem se importar com a opinião dos outros.

 

“Ser ou não ser, eis a questão.”

William Shakespeare

 

Próximo capítulo: Começa com o que tens.