Diz que … com o desporto é que é!

Devemos estar muito contentes com as recentes alegrias do desporto nacional.

A saber:
-a selecção nacional de futebol alcançou as meias finais do Euro 2012 (vai jogar a meia final na quarta, de não me engano, com a Espanha);
– o Benfica sagrou-se campeão nacional de Futsal depois de um playoff emocionante com 5 jogos;
– A atleta Maria João Silva, do Pico, Açores, conquistou três medalhas de ouro no Campeonato do Mundo de Atletismo para atletas com síndrome de Down, que decorreu no Estádio João Paulo II, em Angra do Heroísmo, na Terceira, dando um forte impulso para que vitória da selecção portuguesa de atletismo de Síndrome de Down nesse mundial, com 334,5 pontos, contra os 196,5 da segunda classificada;
– Beatriz Gomes e Joana Vasconcelos ganharam medalha de bronze nos Europeus de Canoagem, na classe K2;
– O canoísta Nuno Barros venceu a Taça do Mundo de C1, na especialidade de maratonas;
– A judoca Joana Ramos conquistou a medalha de bronze na categoria de -52 kg na Taça da Europa de Praga;
– Pedro Lamy, num Corvette C6-ZR1 venceu a categoria de LMS GTE Am das 24 Horas de Le Mans, prova do Mundial de resistência da FIA;
– Rui Costa venceu a Volta à Suíça.

Estes  são apenas alguns que conheço. Com esta enorme sede de vitória dos portugueses por esse Mundo fora, os portugueses – pelo menos os que gostam de desporto em geral, como é o meu caso – andam de ego no alto. É sempre bom ver uma selecção do nosso país ou um compatriota vingar no panorama internacional.

E até os políticos andam contentes. Ao menos assim, os portugueses andam distraídos e não falam de política. É muito melhor para eles que as conversas de café rodem à volta do desporto do que do Ministro que pressionou a comunicação social mas não foi punido, do Ministro (o mesmo) que diz que frequentou uma faculdade por dois anos e na faculdade não têm nenhum registo disso,  o Ministro (outro) que disse que estávamos no bom caminho, mas afinal as receitas diminuíram (já a despesa ninguém fala nisso, para os portugueses não se assustarem), o Ministro (aquele que só quer ser tratado pelo primeiro nome) ri-se à gargalhada nas comissões na Assembleia da República do que diz a oposição, da mesma forma que os empresários se riem quando ele diz na comunicação social que este Governo apoia os empresários ou do Primeiro Ministro que diz que não prevê mais austeridade, mas não afasta a possibilidade em absoluto, enquanto os funcionários públicos e funcionários do sector empresarial do Estado (que não são considerados funcionários públicos para os benefícios, mas para os cortes já são) já receberam o ordenado sem subsidio de férias e, muitos deles, vão passar as férias em casa.
Para alguém que o único trabalho que teve foi gerir empresas de um amigo mal acabou o curso, já com 37 anos,  pode não significar muito. Para qualquer pessoa com, como costumam dizer os antigos, “meio palmo de testa”, vê que com o poder de compra drasticamente reduzido, significa menos consumo, que leva a empresas com menos lucros (ou até prejuízo), muitas acabando por fechar, que lança mais gente no desemprego, diminuindo a receita fiscal e aumenta a despesa com prestações sociais. Não é preciso um curso superior para chegar a esta conclusão.

Ao menos que o desporto nos dê algumas alegrias!

 


Crónica de João Cerveira
Diz que…