Diz que … É preciso credibilidade e sustentabilidade! – João Cerveira

Hoje em dia ouvimos falar muito em credibilidade e sustentabilidade. São valores que, de facto, devem ser tidos em conta. Mas será que, mais do figurarem nos documentos e discursos eloquentes, são aplicados na prática corrente?

Ouvimos, repetido até à exaustão, que falta no sector público em Portugal, credibilizar os serviços e instituições, dotando-os da  sustentabilidade necessária para que dependam, cada vez menos, do Orçamento de Estado e, consequentemente, contribuir para a redução do défice, na medida em que reduz a despesa geral do Estado. Teoricamente é assim.

No entanto, não é assim que tem sucedido. Fala-se muito mas promove-se pouco a sustentabilidade. Tornar um serviço ou instituição sustentável ou, até mesmo, auto-sustentável, não pode passar apenas por reduzir custos. Temos que agilizar e modernizar serviços para que se tornem mais eficientes. Investir em eficiência é melhorar a produtividade. É por os serviços a fazer mais, mais rápido e com menos custos.

Todavia, os nossos governantes – já, por si, neoliberais, especialmente o Primeiro-Ministro -, acompanhados da chamada Troika liberal, cortam frequentemente verbas a serviços e instituições sob o mote “temos de gastar mais”, sem dotar os serviços de estratégias e equipamentos para, por forma do aumento de produtividade e eficiência, comecem a fazer o mesmo que faziam mas com menos custos, para além de se esquecerem da função social do Estado.

O resultado disto está a vista: os serviços  sem verbas não sabem o que fazer e, estrangulados a nível financeiro, optam pelo non facere, pelo “não fazer”. Da mesma forma que serviços como a Segurança Social ou o Instituto de Emprego e Formação Profissional, dois dos institutos que mais cumprem a função social do Estado, para além do Serviço Nacional de Saúde, estão lotados com tantos pedidos de auxilio.
Recorde-se que os liberalismo defendia a não intervenção do Estado nos problemas sociais e económicos. E estes senhores estão a cumpri-lo progressivamente. A este ritmo brevemente não haverá Estado Social. Para termos reformas, só com planos de poupanças nos bancos e saúde só nos privados, entre outros.

 


Crónica de João Cerveira
Diz que…