Do Bairro Alto a Belém

Boas noites caríssimos leitores!

Que tal foram as vossas férias? Já acabaram, não é verdade? O que é bom, termina rápido demais, como se costuma dizer na gíria do povo. Não se preocupe que, tal como o caro leitor que me acompanha, eu e tantos outros portugueses também estão neste momento a suplicar aos Deuses e a questionar: “Mas porquê??”. Portanto avancemos, não falemos de coisas tristes e vamos conversar sobre o que nos trás aqui hoje. Ansiosos? Então aqui está mais uma crónica sobre sugestões do que pode fazer, ver ou visitar na mui nobre e sempre leal cidade de Lisboa, durante os seus tempos livres, dias de folga, ou até nas férias caso ainda seja o seu caso.

Temos que aproveitar agora enquanto o tempo está convidativo a passear pela nossa estimada e bonita capital da nação mais antiga da Europa. Já que possui uma luz especial de fazer inveja às grandes metropoles europeias, por isso, porque não aproveitar? Nesta linha de sentido a minha primeira sugestão passa por dar um saltinho ao lado oriental da cidade e ir ao Miradouro e Jardim de São Pedro de Alcântara.

O caríssimo leitor tem alguma ideia da idade deste jardim? Tente lá adivinhar…. Como sou seu amigo, vou-lhe dar uma pista: tem mais anos que o nosso Presidente da República! Também não é difícil, eu sei. Piadas à parte, avanço com a resposta: tem cerca de 151 anos!! É verdade, foi mandado erguer em 1864, num terreno em socalcos. Situa-se no Bairro Alto e oferece uma vista muito privilegiada sobre a Cidade de Lisboa. O nome deste espaço advém do antigo convento religioso que ali está localizado à frente do miradouro, erguido no século XVII. Em 1835, a Câmara Municipal de Lisboa passou a ser a responsável por este espaço, mandando construir as duas escadas laterais que estabelecem comunicação entre as duas partes superior e inferior do Jardim. Plantaram-se canteiros à moda francesa, todos bonitos (passo a expressão), organizados geometricamente, colocou-se um pequeno lago com repuxo e instalaram-se vários bustos de deuses e heróis da mitologia clássica, bem como de algumas figuras importantes ligadas aos Descobrimentos.

Miradouro
Painel de azulejos, da autoria de Fred Kradolfer, localizado no Miradouro de São Pedro de Alcântara.

Para ajudar os visitantes a identificar os principais pontos da cidade visíveis deste espaço, um painel de azulejos da autoria de Fred Kradolfer foi ali colocado. Daqui é possível identificar: a Baixa de Lisboa, o Rio Tejo e parte da Margem Sul, o Castelo de São Jorge, a Sé de Lisboa, as torres da Igreja de São Vicente de Fora e os miradouros da Graça e respectivo convento, e da Senhora do Monte. Para além destes, muitos outros locais de excelência podem ser observados mediante atenção do leitor. Aposto que não se arrependerá!

 

Depois da pequena aula de geografia urbana, está com vontade de tomar algo refrescante, até porque tem estado calor, e fazer um estudo destes deixa-nos com água na boca. Sugiro, então, que se sente e relaxe na esplanada deste mesmo miradouro. Pode optar por se sentar às mesas ou nas “cadeiras de praia” que lá se encontram à disposição de qualquer transeunte mediante, obviamente, do consumo prévio nesta esplanada. Estando aqui, desfrute de um belíssimo pôr-do-sol na companhia de um amigo, familiar, namorada, animal de estimação, livro (já agora, aproveito a ocasião para sugerir a leitura e respectiva compra do livro “Vivo-te”, da autora Mónica Canário que, curiosamente, também é cronista assídua do Ideias e Opiniões. Apressem-se a compar que o Professor Marcelo Rebelo de Sousa já o fez. Óptimo livro de uma autora com muito futuro pela frente na literatura portuguesa e que publica excelentes crónicas neste maravilhoso espaço).

Para aproveitar melhor este belíssimo espaço sugiro-lhe que se desloque ao Miradouro de São Pedro de Alcântara à noite (mas leve um casaquinho que pode estar uma aragem fresca). Com os monumentos iluminados poderá ter uma melhor percepção da sua localização e aproveitar para os observar de um ponto de vista nocturno. Já para não falar do ambiente romântico que se ergue nesta altura do dia, pode aproveitar para namorar um bocadinho. Aproveite e tome um café ou algo mais fresco se assim preferir na esplanada deste Miradouro, a qual já falei em cima. Verá que à noite é, igualmente, um local muito bom para se estar e conviver.

Miradouro
Vista nocturna do Miradouro de São Pedro de Alcântara.

Relativamente à segunda sugestão que vos venho apresentar, vem no seguimento da minha última crónica e de uma das ideias que lá lhe apresentei. Caso tenha lido a crónica do mês passado intitulada “Das Galerias Romanas à Praia do Torel”, deve-se certamente lembrar que lhe sugeri uma visita às galerias subterrâneas romanas localizadas na Rua da Prata. Contudo, por falta de informação fidedigna na altura não precisei as datas a que poderia acorrer ao local e proceder à respectiva visita. Sendo assim, e tendo em conta que o Museu de Lisboa e a Câmara Municipal de Lisboa já publicaram o período de visita, o caríssimo leitor poderá visitar as Galerias Romanas nos dias 25, 26 e 27 de Setembro mediante inscrição a partir do dia 14 de Setembro. A sua inscrição poderá ser remetida através do contacto telefónico que passo a disponibilizar (21 817 25 05) ou através do endereço de correio electrónico [email protected]. Muito importante é o facto de, aquando da sua inscrição, não se esquecer de indicar os nomes de todos os participantes que quer levar consigo. Segundo a organização, as visitas serão feitas em grupo não excedendo o máximo de 10 pessoas.

Por fim, a minha última sugestão deste mês poderá lhe fazer crescer água na boca. Ora, é possível que exista uma alta taxa de probabilidade de o leitor que me acompanha ser um amante incondicional dos Pasteis de Belém, correcto? Claro que está correcto, mas quem é que não gosta? É doce, made in Portugal, e faz as delícias a portugueses e turistas que fazem fila todos os dias em Belém, desde 1837. Pois bem, apesar de estes famosos pasteis serem uma óptima sobremesa não é deles que venho falar, mas de uma iguaria da família dos pasteis portugueses: o Pastel de Cerveja!

Pasteis de Cerveja
Embalagem de Pasteis de Cerveja, em Belém.

 

O que muitos desconhecem, ou quase ninguém (incluindo eu que só soube durante a minha pesquisa para esta crónica), é que na mesma rua onde se podem comprar, provar e comer os Pasteis de Belém também pode adquirir e saborear os Pasteis de Cerveja. Sendo assim, na Rua de Belém, o número 15 alberga um café humilde e uma fábrica, nascida em 1943, onde poderá adquirir este doce português desconhecido para muitos portugueses mas que já conta com uma distinção de excelência do Trip Advisor 2015.

A receita deste pastel, à semelhança da sua congénere de Belém, permanece nos mais íntimos segredos dos Deuses. Todavia, o que se pode dizer é que o antigo pasteleiro da Confeitaria Nacional, autor deste doce, decidiu juntar amêndoa, cerveja, manteira, ovos, farinha, água e açucar e, assim, criar um doce deliciosamente crocante e estaladiço com um recheio no seu interior. Tenho a leve impressão que ficou com vontade de experiementar! Pois bem, quando for aos Pasteis de Belém não se esqueça dos vizinhos Pasteis de Cerveja que estarão à sua espera a escassos metros.

Termino, desta forma, as minhas sugestões para passar mais um dia diferente em Lisboa e espero que desfrute muito bem delas. Voltarei no próximo mês de Outubro para mais ideias para passar os seus tempos livres ainda durante o Verão (mas de São Martinho) ou até mesmo durante o resto do ano. Desejo a todos vós, caríssimos leitores, um óptimo mês cheio de belos passeios. Lisboa agradece!

Boas leituras e um abraço a todos.