Duas coisas sobre publicidade – Marco Aurélio Cidade

1) A NOVA CAMPANHA DA SAGRES, GRAVADA EM QUATRO CONTINENTES. O QUE ACHOU?

VEJA:

2) PUBLICIDADE PARA CRIANÇAS OU COM CRIANÇAS; TANTO LÁ QUANTO CÁ.

O CONAR – Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária, o órgão que regula a publicidade no Brasil, lançou uma “cartilha” sobre a publicidade infantil. Basicamente “o que pode e o que não pode”, “o que deve e o que não deve”.
Muitas queixas, críticas, ameaças de processoe e processoa até, fizeram com que a propaganda brasileira para as crianças fosse repensada. A alegação é que as crianças são muito influenciáveis quanto às marcas, que são muito vulneráveis a apelos comerciais, etc, etc, etc.
Está certo que algumas campanhas podem mesmo dar o que pensar em relação às suas mensagens, mas, venhamos e convenhamos, há campanhanhas e campanhas. Muitas delas ficaram na história e até hoje são usados slogans e frases que se transformaram em jargões. Uma delas, ou melhor, duas, são “coooooompre Baton”, uma campanha deliciosa de um chocolatinho pequenininho, mas que até hoje faz a cabeça do pessoal e a outra é “não esqueça da minha Caloi”, uma marca de bicicleta das mais conhecidas no Brasil.
Na minha opinião adoro as campanhas com crianças e para crianças, do jeito como sempre foram feitas (que eu me lembre nunca vi uma que me chocasse ou mesmo que me fizesse pensar que não estava boa para o público dos pequenininhos), e não quero aqui ser o dono da verdade, até porque não sou, mas como profissional do setor há mais de trinta anos, posso me dar o direito de emitir uma opinião, a minha visão sobre o assunto.
Não vejo como prejudicial para as crianças, campanhas como as que eu vi quando era criança, adolescente e depois, como adulto, mas que eram dirigidas às crianças.
O apelo comercial está em todos os locais hoje em dia, haja vista a internet. Não há mais crianças idiotizadas como as de antigamente (que mesmo assim, tinham capacidade de análise e percebiam se algo lhes interessava ou não) uma vez que hoje todos nós, elas incluídas, somos minados por mensagens publicitárias, na internet, volto a dizer, no cinema, na TV, no teatro, na rua, em todos os lugares vemos, ouvimos e recebemos mensagens publicitárias. O que quero dizer com isso é que as crianças de hoje têm outra visão do mundo, das coisas, das pessoas. Não digo com isto que ajem como adultos, pensam como adultos. É claro que não; são crianças ainda, mas diferentes das do passado e com outra cabeça, mais crítica. São mais espertas, se me permitem dizer assim.
Pior, muito pior são as novelas, os p´roprios desenhos na TV que só mostram guerras, disputas pelo poder, intenção de domibnar o mundo, os jogos na internet aos quais as crianças têm acesso (não digam que não têm, porque têm sim). Violência e sexo puros.
Outro fato interessante é que muitos pais mostram, ensinam e consequentemente estimulam seus filhos (principalmente filhas) a dançar certas músicas de conteúdo totalmente dispensável para todfos nós, quanto mais para as crianças, e ainda gravam e colocam na internet. Tudo porque acham “engraçadinho.” Uma erotização descabida e constrangedora de se ver.
A questão maior, a meu ver, é o feeling do criativo, que deve ser bem apurado para criar a peça isolada ou mesmo a campanha publicitária para esse tipo de público, dentro do bom senso.
Bom, mas isto é uma discussão que dá pano pra manga e a minha intenção aqui é trazer o assunto à tona para que as pessoas pensem, reflitam sobre ele.
A seguir, alguns comerciais que marcaram época no Brasil. Assista e tire suas próprias conclusões. Uma coisa, no entanto é certo: vai gostar do que assistir.

* comercial compre baton

* comercial danoninho

* comercial caloi

Agora, na Europa, o que está acontecendo em relação à propaganda infantil ou com o uso de crianças (retirado na íntegra do “Notícias ao Minuto”).
Relatório Conselho Europeu quer limitar crianças em anúncios
Limitar a participação de crianças em anúncios publicitários e proibir a transmissão destes nos intervalos dos programas infantis são duas das recomendações feitas por um parecer do Conselho Económico e Social Europeu enviado à União Europeia que não foi aprovado por oposição da Comissão Europeia.

O Conselho Económico e Social Europeu (CESE) redigiu um parecer onde aconselha a União Europeia a adoptar certas medidas de protecção às crianças no que à publicidade diz respeito. Neste sentido, o documento sugere que a participação de crianças em anúncios publicitários seja limitada e que a transmissão dos mesmos seja proibida nos intervalos de programas infantis.
O português Jorge Pegado Liz, relator do parecer do CESE, disse ao Diário de Notícias que um “parágrafo que proibia o uso de crianças em publicidade que a si não fosse dirigida” não foi votado “devido a pressão lobista das publicitárias”. No entanto, sublinhou que “um dos problemas que se coloca é que as crianças são muito susceptíveis às marcas” e, por essa razão, a participação de menores em anúncios publicitários deve ser controlada. “Uma coisa é um anúncio para fraldas, não há volta a dar, é algo para elas. Outra é o anúncio a um carro”, referiu.
Para Mário Frota, presidente da Associação Portuguesa de Direito do Consumo, é importante que haja “educação para o consumo e para a publicidade, de modo a que as crianças tenham uma perspectiva crítica sobre as mensagens”.

Crónica de Marco Aurélio Cidade
(publicitário, redator escritor e professor)
ADVERTISING TODAY
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