Emprego aqui ou lá fora?

 

Perante a pergunta que fiz, a resposta imediata que me vem à cabeça é “se não houver aqui, lá fora, desde que haja emprego”. É a resposta mais simples, mas também a mais egoísta. Só o Passos Coelho ainda não percebeu.

Obviamente que cada um e cada família tem de “fazer pela vida”, como diz a sabedoria popular. Se não dá aqui, escolhem emigrar. E vão para outro país ganhar dinheiro. Mas não só. Ganham dinheiro, por troca da sua força de trabalho (relação laboral pura), mas, como toda a gente, paga impostos lá, no país onde trabalha.

Isto é, não só estamos a sugerir que quem pode trabalhar cá para melhorar o país saía, como também estamos a pedir à população activa – aquela que paga impostos – para ir para o estrangeiro. A população portuguesa (um pouco como acontece em quase toda a Europa) é uma população envelhecida. Basta pensar que antigamente os casais tinham 3, 4, 5, …, às vezes 10 (a minha mãe tem 9 irmãos), hoje um casal que tem 2 já quase é considerado excepção. Aliás, é isso que faz pensar que o destino da Segurança Social é a banca rota. Muitas pensões para pagar, pouca gente para descontar.

Acredito que isso estrague as contas ao Gaspar. Aliás, contas é a única coisa que ele sabe fazer. Acho que ele nunca aprendeu o que é consciência social. Ou que nem tudo é matemática, nem tudo é uma ciência exacta. Porque certo é que se 100 recebem 100 e pagam 11%,  é matemático que vai receber 1100. Mas se desses 100, 50 foram para o estrangeiro porque o Primeiro Ministro sugeriu, já só recebe 550. Lógico, não? Mas se o Gaspar precisa de receber 1100 para atingir um determinado objectivo, o que vai ele fazer? Aumentar o imposto? Remete-nos para a “Teoria dos 4 Pudins” do Ricardo Araújo Pereira: se o Estado nos vai “comendo os pudins”, chega a um certo ponto que eles deixam de existir. E aí sim (se não for antes), voltamos ao êxodo dos anos 60 e começamos todos a fugir para o estrangeiro. E como é que o Gaspar depois faz as vontades à Angela Merkel? Perdão, à Troika?

Mudando um pouco o rumo à crónica, gostava de sugerir que vissem este video de Miguel Gonçalves, um criativo, parte de um projecto que procura de uma forma completamente diferente, dinâmica, arrojada, inteligente e muito valorativa e positiva para o nosso, como ele diz, “potente país” de oportunidades de negócio, entendido como lucro para as empresas e emprego para os trabalhadores.

Ele dá os exemplos dos multibancos (nos outros países só funciona para levantar dinheiro, nós até bilhetes de comboio podemos comprar lá) e no Magalhães (mais nenhum país – nem a Venezuela -, deu a possibilidade a tanta família de proporcionar um computador portátil às suas crianças). Nós, realmente, podemos ter muitas dificuldades e alguns handicaps, mas a história prova que somos excepcionais em muitas outras. Poucas pessoas sabem que fomos nós que inventamos os telemóveis de carregamentos. Foi a PT Inovação em Aveiro que inventou os telemóveis de carregamentos para a TMN. Até aí – e na maioria dos países continua a ser – era tudo assinatura mensal. Outro exemplo: aquelas esponjas que põem nos microfones para evitar que se oiça o vento, foi um português que, enquanto relatava um jogo de futebol para uma empresa, inventou por acaso. E nem teve noção disso. Estava muito vento e ele pegou no casaco e pôs o casaco por cima. Claro que depois alguém viu, aproveitou a ideia e registou patente. Isto está historicamente documentado. Outro exemplo: a empresa Critical Software, de Coimbra, faz software para a NASA. Isto foi noticiado amplamente na comunicação social. Um outro exemplo muito pessoal: eu faço o IRS às horas que quero (dentro do período permitido). Já fiz às 4 da manhã. A prova escolar da minha irmã faço-a na internet, bem sentado no sofá. Entre outras coisas que, no nosso país, é possível fazer remotamente, através da internet. E nos outros países? Como é? Não sei. Mas, como diz o Miguel Gonçalves, que sirva o video dele e estes exemplos para acreditarmos no nosso país. Sinto um grande orgulho quando vejo grandes sucessos de portugueses, sejam aqui ou no estrangeiro. O caso mais mediático actualmente é o de António Horta-Osório, CEO do banco Lloyds, o maior banco do Reino Unido, onde o governo britânico fundiu uma série de bancos e do qual é o maior accionista. Parafraseando o Miguel, nós, portugueses, somos potentes!

Aproveitando a data um 2012 potente para todos!