Emprestadar – Ouvi Dizer

Emprestadar é o “novo” termo que veio para ficar na minha vida. É incrível o tempo que as pessoas guardam as coisas até devolverem. E depois ainda brincam com isso como se fosse realmente irrelevante o facto de termos emprestado algo que nos é querido ou que nos custou dinheiro. Pior sendo algo que estimamos. Mas a cereja no topo do bolo é nem sequer agradecerem. Quando finalmente devolvem dizem algo como “depois de X tempo, devolvi hein?” e pronto, fim de conversa.

O facto é que eu sou aquela pessoa que vai emprestar as coisas sabendo que só me irão devolver quando eu fizer um ultimato ou então sabendo que não irão simplesmente devolver de todo. Custa-me negar as coisas às pessoas sabendo que lhes pode ser útil. Podiam pelo menos ser correctas o suficiente para devolver o que não é delas. Porque afinal se emprestamos não demos e senão demos é nosso. Não sei, devem gostar de ter recordações minhas em formato de livro (que no meu caso é o que mais empresto).

Quando peço algo emprestado é automático: na minha cabeça começa a preocupação de usar o mais rápido possível e devolver para que as pessoas não pensem o mesmo de mim. E faço questão disso. E se não devolvo logo trato de explicar junto das pessoas que são proprietárias! Acho que é uma boa atitude a ter. Só fica bem e tranquiliza quem nos emprestou alguma coisa.

E nem vou falar de dinheiro, porque isso é só a coisa pior que podem fazer. O “empresta-me -que-já-te-dou” é uma frase que não suporto ouvir. Depois acham estranho se já não sou tão acessível às pessoas. Ora, sempre que empresto alguma coisa apropriam-se dela e esquecem-se a quem pertence. Tipo, a mim!

Juro que a partir de agora pensarei duas vezes antes de emprestar o que quer que seja. (Ok, não vou emprestar sequer). Além de nunca recuperar as coisas que de um modo ou e outro me custaram a ter também não irei reaver o dinheiro que supostamente me iam devolver logo a seguir (e que me faz falta, senão eu até consideraria ser mãos largas). Posso jurar no entanto que me da minha parte vão sempre ter o que me emprestam de volta. Boa?

Crónica de Ema Naida
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