Ensino em Portugal

Podem fazer crer que o ensino público e privado é igual porém não é. Não porque tem melhores ou piores professores, isso existe em todo o lado, não porque ensina mais ou menos matéria, mas porque as oportunidades e o tempo para o ensino são diferentes.

No público parece que é tudo ensinado meio a correr – se perceberam muito bem, se não perceberam coloquem logo as questões, porque depois já não dá. A matéria é outra, já passou o tempo dessa. E se o aluno quer tirar mais dúvidas, fora da aula, em horário próprio chamemos assim, na maioria das vezes, não é possível, não há tempo, não há salas, não há professores. A motivação para e dos alunos nem sempre (raramente) existe. Muitos dos que ensinam parecem que estão a fazer um frete, estão lá porque têm de estar mais uns aninhos para a reforma, com direito a ADSE e afins. Já todos sabemos que algumas condições da própria escola pública, enquanto instituição, não ajudam – turmas grandes prejudicam alunos e professores; falta de meios para actividades diferentes, seja fora ou dentro da própria sala, etc – mas podem tentar dar o seu melhor não? (Isto para os que não dão!)

O privado pode até ter a mesma qualidade de ensino, com os mesmos professores, só que tem mais “paciência” para os alunos. Se há dúvidas existe sempre quem se disponibilize para tirá-çlas. Existe mais acompanhamento, seja com fichas, com explicações, o que for. Existe mais tudo. É esta a principal diferença! O tempo de entrega. O tempo que nas escolas públicas não existe, porque o tempo que sobra também é pouco ou nenhum.

Estes agora polémicos “contratos” com instituições privadas permitem a muitas dessas escolas conseguir ter este tempo e opções faladas anterionrmente. Pelo que se termina esta ajuda do Estado a qualidade de ensino, aí sim falamos em qualidade de ensino, irá diminuir drasticamente. Contudo se existe oferta pública naquela área geográfica, seja ela qual for, para que deverá existir este contrasto? Se estes alunos conseguem estar inseridos nas instituições públicas não existe nenhum motivo para que comparticipe os estudos destes no privado.

A opção de ensino público ou privado existe, sempre existiu. Mas o escolher a opção privado acarreta mais “consequências”, mais despesas, é certo. Seja na educação, seja na saúde, seja onde for. Se querem que os filhos andem em escolas privadas apenas porque sim, então têm de pagar por isso. Agora se não existe a opção pública na área de residência e apenas o privado, o aluno não irá se deslocar n Kms! Não tem lógica que isso aconteça e aí sim os contratos são importantes e devem existir.

Pessoalmente nunca andei no ensino privado. Conheci quem o fez e fiquei fascinada como alunos com média de 11 ou 12 passaram a ter média de 16 – de certeza que não ficaram mais inteligentes dum ano para o outro! Simplesmente tiveram mais paciência para os ensinar, coisa que faltava no ano anterior. No ensino público encontrei diferentes tipos de professores – os que adoravam dar aulas, os que dinamizavam as aulas, os que davam as aulas para metade da turma, os que estavam a fazer um frete ao dar a aula, os que sabiam explicar e os que não sabiam. Existe de tudo. Consegui sobreviver no meio de tanto professor, de uma forma ou outra. Lembro-me de adorar uma disciplina num ano e no ano seguinte já a detestar simplesmente porque a professora explicava para quem queria. Lembro-me ainda uma vez de ter pedido à professora de português do ano anterior, que explicava bem, para me explicar a matéria porque não entendia nada com a nova professora, e ela, simpática e com paciência, lá cedeu uma hora do seu tempo para tal. Percebi os mínimos numa hora que não tinha percebido em algumas aulas. É isto que devia acontecer mais vezes, este interesse pelos alunos que não há. O porquê disso acontecer ou não acontecer não sei…

A balança entre o ensino público e o ensino privado tem vários pesos e várias medidas. Há que escolher o que melhor se adequa à família, porque é de família que falamos, não apenas de alunos..