Entrevista a João Ribeiro – Pokémon Go Portugal – EXCLUSIVO

Se não tem estado isolado dos meios internéticos, certamente sabe que o Pokémon Go tomou de assalto, por completo e sem pedir licença, a World Wide Web e as redes sociais, causando uma febre que poucas vezes foi vista.

E aqui no Ideias e Opiniões não ficámos indiferentes a esta febre! Depois da crónica do André Silva sobre o Pokémon Go surge agora uma entrevista muito especial! O destaque de hoje vai por inteiro para o João Ribeiro, um dos administradores do Pokémon Go Portugal!

Antes de passarmos à ação e tentarmos apanhá-los todos é necessário endereçar dois agradecimentos! O primeiro ao Pedro Neto, que foi incansável e nos colocou em contacto com o nosso entrevistado. O segundo ao próprio João Ribeiro que prontamente aceitou este desafio do Ideias e Opiniões!

 

1. João Ribeiro, qual o seu percurso profissional antes de se cruzar com o Pokémon Go Portugal?

O meu percurso profissional passou por trabalhar num call-center, ser designer numa empresa de ferramentas e, atualmente, sou comercial numa empresa ligada ao ramo da codificação, visto que o Pokémon GO é só parte do meu lazer.

2. Como se juntou ao projecto do Pokemon Go Portugal? Quais as suas motivações pessoais para gerir um jogo como este?

Juntei-me ao projeto oferecendo-me para criar um fórum para a comunidade.

3. Quais as funções profissionais que assume no âmbito do Pokémon Go Portugal?

Neste momento sou moderador do fórum Pokémon Go Portugal, um dos administradores do grupo Pokémon Go Portugal e um dos responsáveis pelos eventos na cidade do Porto.

4. Quais foram/estão a ser as maiores dificuldades?

A minha maior dificuldade, até ao momento, foi organizar a caminhada em Vila Nova de Gaia, em que tive de contactar diversos órgãos públicos (PSP, Policia Municipal e outras divisões da Câmara de Gaia) para informar da caminhada, e que procedimentos devia tomar para este tipo de situações, visto que englobou 12 membros do Staff e a presença de 300 a 400 pessoas. Diria que a maior dificuldade que estamos a sentir é arranjar parceiros que realmente nos ajudem, por exemplo, que facultem prémios para os nossos próximos eventos e algum dinheiro para podermos comprar itens do jogo para serem usados durante os nosso eventos.

5. João Ribeiro, qual é o seu histórico com o Pokemon? Começou por ver a série, ou lia os mangas? Tem algum episódio/temporada/personagem preferida? Se sim, qual e porquê?

Comecei por ver as duas primeiras temporadas, mas depois devido à escola desliguei-me um pouco do anime. A minha personagem preferida é o Snorlax, tendo em conta que adora dormir e gosta de comer.

6. Pode divulgar alguns dados interessantes sobre os jogadores, como regiões mais activas, Pokemons mais comuns/mais treinados, equipa com mais jogadores, por exemplo?

Diria que as duas regiões mais ativas são a Zona do Grande Porto e da Grande Lisboa, os Pokemons mais comuns são os Zubats e os Pidgeys, a equipa com mais jogadores é difícil de dizer, mas andam entre a Team Instinct e Mystic.

7. Sabemos que os Pokemons variam de área para área, o que faz com que alguns exemplares mais raros apareçam apenas em locais muito específicos. Sem revelar demasiado, pode dizer-nos se Portugal tem algum Pokemon raro entre as suas fronteiras?

Estamos aptos para apanhar Pokemons raros do modo comum (passear na rua e ele aparecer no visor do nosso smartphone) ou através do ovos (normalmente temos de andar 5, 10 ou 20km até o ovo chocar), agora, se me perguntarem pelos Pokémons Lendários, esses ainda são uma incógnita e muitas teclas se vão desgastar com rumores.

8. Tem tido tempo para jogar?

Trabalho das 8h30 as 17h30, e por norma jogo 15 minutos antes de entrar no trabalho, 30 a 40 minutos na minha hora de almoço e 15 minutos depois de sair do trabalho.

9. Quando passa por alguém na rua e vê que está a olhar para o telemóvel pensa: “Será que está a jogar Pokemon Go?”

Sim, e já se começa a distinguir os jogadores dos não jogadores, isto devido aos gestos que se faz no visor do nosso smartphone (deslizar o dedo para cima) e estar parado no passeio ou parar a marcha repentinamente, e por vezes consigo ver o que se passa no visor smartphone.

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10. João Ribeiro, o sucesso do Pokemon Go, na sequência do êxito avassalador do franchise, assume-se como o maior impacto que um videojogo já teve na história. A que se deve este sucesso? A explicação pode estar na ligação afetiva que os jogadores desenvolveram, ao longo das suas infâncias, às personagens e à história?

Sim, diria que a ligação afetiva influenciou em muito o sucesso do jogo, segundo a nossa página as visitas são especialmente de pessoas entre os 18 e os 28 anos, que acompanharam a primeira geração de Pokemons.

11. João Ribeiro, qual o impacto que pensa que o jogo pode vir a ter (particularmente em Portugal)?

O impacto já esta a ser sentido, e isso vê-se tanto no Facebook, como na rua. Se formos ao Facebook, e pesquisarmos por Pokémon GO, vão aparecer inúmeros grupos ligados a jogo que tentam juntar as diversas pessoas das regiões do nosso pais, tal como juntar os jogadores das diferentes equipas (Instinct, Mystic e Valor). Se formos para a rua, vamos ouvir as pessoas a falarem (bem ou mal) do jogo, vamos observar grupos de jovens a jogar em conjunto (por exemplo, no Porto temos a Praça D. João I e em Vila Nova de Gaia temos a Igreja Paroquial de Mafamude).

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Da Esquerda para a Direita: Team Instint, Team Mystic e Team Valor.

12. Tem-se falado na revolução que representa um jogo que faz com que estes jogadores sejam obrigados a sair de suas casas para concretizarem os objetivos do mesmo. Não sendo este conceito completamente inovador (o Ingram, por exemplo, fê-lo anteriormente), denota uma maior proactividade das pessoas para jogar?

Estamos a falar de um jogo que é jogado por pessoas de todas as idades, e não só por pessoas dos anos 90. Explicando melhor: primeiro temos realmente as pessoas que cresceram com a serie, depois temos as pessoas que jogaram as gerações mais recentes nos seus gameboys, etc., e acabamos por ter os curiosos que começam a jogar e acabam a ter um nível de vício como qualquer outra pessoa.

O próprio jogo obriga-nos a sair de casa e andar quilómetros para atingirmos os objetivos dos jogo. Tal como já disse anteriormente, por vezes temos de andar entre 5 a 20kms para chocar um ovo, além de sermos obrigados andar para que os Pokémons apareçam.

13. Até que ponto pensa que este jogo pode mudar as relações interpessoais, ao obrigar um grupo de pessoas (os jogadores de videojogos) que, tantas vezes, são estereotipados como anti-sociais, a saírem à rua e interagirem com os seus pares?

Muda no sentido de as pessoas sentirem necessidade de falar com outras pessoas sobre o jogo e questionarem mais sobre o jogo.

14. Quais os seus pensamentos sobre a comunidade que se tem formado em volta deste jogo? E o que pensa das críticas que têm vindo a ser realizadas ao jogo? Dá-lhes credibilidade ou acha que são gratuitas e sem fundamento?

Sinceramente os pensamentos são muitos para a comunidade, mas o que está sempre presente é a admiração como a nossa comunidade cresceu desde o lançamento do jogo. Hoje, dia 1 de agosto [esta entrevista foi realizada no dia 1 de agosto] de 2016 atingimos os 30 mil membros.

Quanto às criticas, diria que 80%-90% delas são gratuitas e sem fundamento, mas que me deixam furioso quando as ouço, deixam, visto que aquela que mais se houve é “em vez de apanharem Pokémons, deviam ir trabalhar”.

Vamos ser coerentes:
1) O lançamento do jogo apanhou os últimos dias do ano letivo, logo há mais tempo livre para sermos o tão desejado treinador.
2) Diria que 70% dos jogadores atuais estão a procura de emprego e 30% estão empregados.
3) Vivemos numa sociedade em que se critica tudo e todos. Se há uns anos era os Morangos com Açúcar, e a forma aficionada como certos jovens viviam a série. Hoje é o Pokémon GO.

15. Como mudará a indústria dos videojogos agora que a Niantic e a Nintendo, finalmente, conseguiram introduzir a dimensão real aos videojogos?

Penso que irá haver uma revolução significativa nos jogos, e outros grandes nomes de jogos, e até filmes, poderão querer adaptar o mesmo estilo de jogo. Posso dizer que já ouvi pessoas a falar do Digimon e do Harry Potter.

16. Existe alguma meta específica que pretendem alcançar no futuro?

Sempre ouvi dizer que o céu é o limite, para nós não há limites, e para isso bastaria que a Niantic e/ou a Nintendo nos reconhecessem como comunidade oficial para outras portas se abrirem.

17.Façamos um pouco de futurologia: Qual será o futuro de Pokémon Go?

Sem querer tirar o lugar à Maya, e a outros tarólogos portugueses, o jogo pode continuar a ser um sucesso se a NIANTIC (criadora do jogo) implementar aquilo que se fez nos jogos e ouvir os jogadores. Outra situação é definirem o futuro das zonas menos populacionais e com menos objetos do jogo (pokéstops, ginásios, etc.)

18. Por falar em futuro: Está em cima da mesa uma versão paga da aplicação ou, pelo menos, alguns atributos que apenas possam ser desbloqueados se for paga uma determinada quantia?

Não é uma versão paga, simplesmente é uma pulseira que esta conectada via Bluetooth ao nosso equipamento e que vibra quando temos um Pokémon disponível para apanhar. Pessoalmente, acho que o valor da pulseira é extremamente alto, mas se alguém for realmente amante do jogo, e tiver dinheiro para a comprar, força nisso.

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19. Já vimos que zonas como Gaia ou Mafamude já juntaram grupos numerosos de jogadores em busca de Pokémons, mas nada comparado ao que já se assistiu, por exemplo no Central Park, em Nova Iorque. João Ribeiro consegue imaginar, por exemplo, uma Avenida da Liberdade, em Lisboa, ser cortada ao trânsito porque centenas de jogadores encontraram um grupo de Dragonites perdidos?

[Risos] Posso dizer que, no primeiro evento que fiz, tive de fazer de Polícia de Trânsito durante 10 minutos, porque eram cerca de 200/300 pessoas a subir do Cais de Gaia para o Jardim do Morro.

20. Muitos jogadores já mencionaram que acham piada quando encontram e capturam certos estilos de Pokémons que normalmente não estariam em determinados ambientes (por exemplo um Horsea, do tipo água, numa alameda). João Ribeiro, já viu, ou capturou, algum Pokémon neste contexto? Existe algum motivo para situações destas acontecerem?

Sim, já capturei uma Goldeen (é um Pokémon que é um peixe) em minha casa, e estou em pleno interior da cidade, diria que estou a mais de 10km da Praia e do Rio Douro. Penso que isto se devo àquilo que desbloqueamos no Pokédex e a aleatoriedade do jogo.

21. Sobre o jogo, sabe-se que estão para breve novas actualizações onde os jogadores poderão batalhar entre si e, até mesmo, trocar de Pokemon. Na sua opinião, João Ribeiro, o que seria a cereja no topo do bolo para este jogo alcançar a “perfeição”? Uma TeamRocket com um Meowth falante?

Cereja no topo do bolo para alcançar a “Perfeição”? Boa questão, e sinceramente nem sei o que responder tendo em conta que o CEO da NIANTIC, Sr. John Hanke, revelou recentemente que o jogo ainda nem é 10% daquilo que eles idealizaram, por isso, sou mais um dos que vai esperar para ver. Realmente, seria interessante criar uma espécie de TeamRocket em que fosse permitido roubar Pokémons aos outros jogadores, mas isso iria criar confusão…

22. Qual o seu Pokemon predileto? Porquê?

Tal como já disse acima, é o Snorlax, tendo em conta que adora dormir e gosta de comer. Além disso é um Pokémon com uma força e uma defesa acima da média

23. Qual o seu jogo preferido da série? Porquê?

Os meus jogos preferidos da series são os BLUE, RED, YELLOW, SILVER, GOLD, CRISTAL, FIRE-RED e LEAF-GREEN pois, como já disse anteriormente, as duas primeiras gerações são aquelas que mais acompanhei e me dizem algo.

24. João Ribeiro, qual é a sua equipa de batalha perfeita? E porquê?

Neste momento estou na Team Valor porque gosto de batalhar e gosto de ter sempre os meus pokémons fortes, mas devido ao pouco tempo disponível, por diversos factores, é complicado ter pokémons fortes [risos].

25. João Ribeiro, para finalizar: Team Ash ou Team Red?

Sinceramente, ambas. A Team Ash porque se consegue realizar o sonho de ter aquela equipa de sonho: Bulbasaur, Squirtle, Charmander e Pikachu. Enquanto a Team Red temos sempre de procurar soluções para colmatar a falta dos elementos da equipa de sonho.

Vamos apanhá-los todos!

Agradecimentos: João Ribeiro e Pedro Neto.