Entrevista de emprego – Maria João Costa

(Se calhar devia de substituir emprego por estágio, mas estou sem tempo para alterar o título!)

Não é preciso ter um currículo muito extenso em entrevistas de emprego para perceber que aqueles 15minutos podiam ser mais úteis para ambas as partes.

Fingimos que somos demasiado educados e politicamente corretos; o entrevistado compra roupa nova, na esperança de reaver o dinheiro investido, e o entrevistador mostra o seu branqueamento dentário como se acabasse de criar a maior empatia de sempre com o rapaz com o nó de gravata mal feito. (Não se pode confiar em todos os vídeos que aparecem no youtube!)

As perguntas são as mesmas que preenchemos no Europass, e já ninguém se impressiona quando demonstramos conhecimento e interesse pela empresa: eles sabem que também sabemos fazer “bluff”. Tudo por um salário no final do mês.

Hoje querem criatividade, jovens audazes, com carisma, mas nem esses se livram de um “se ficarmos interessados, entramos em contacto. Obrigada por ter vindo de tão longe para esta pequena conversa!”.

Porque é que não há sinceridade nas entrevistas de emprego? Porque é que não nos dizem logo que não somos aquilo que procuram? Porque é que não nos aconselham sobre o que devemos de melhorar no currículo? Porque é que não podemos dizer que não concordamos com algumas ideias da empresa, e que temos alternativas? Porque é que temos que fazer de conta que está tudo muito bem, enquanto o entrevistado nos impinge o “tenho uma reunião mesmo importante a seguir.”? Talvez seja por estarmos a concorrer para um estágio de 6 meses. Devia de ter alterado o título.



Crónica de Maria João Costa
Oh não, já é segunda feira outra vez!