Era uma vez no cinema: Suicide Squad

    O filme mais esperado do ano? Muito provavelmente. A maior desilusão do ano? Certamente! A ideia de juntar alguns dos vilões mais icónicos do mundo de super-heróis, aliado ao facto de estes serem interpretados por alguns dos actores mais reconhecidos de Hollywood já era mais que suficiente para gerar altas expectativas nos fãs. Os actores, produtores, realizador e afins, fizeram questão de elevaram ainda mais a fasquia em torno de “Suicide Squad”, prometendo um produto irreverente e arrojado.

       Se o trailer com a “Bohemian Rhapsody” dos Queen como fundo foi realmente muito bem conseguido, os trailers seguintes, aqui e ali, já faziam antever que “Suicide Squad” poderia ser bem diferente daquilo que foi “prometido”. Passados meses de longa espera, “Suicide Squad” finalmente chega às salas de cinema. O filme vai batendo recordes de bilheteira um pouco por todo o lado, mas isso não altera aquilo que é o filme de David Ayer, realizador responsável por “Fury” e “End of Watch”. “Suicide Squad” não tem ponta por onde se pegue.

       A acção de “Suicide Squad” centra-se em alguns dos maiores vilões existentes no nosso planeta, que a mando de Amanda Walker, agente secreta do governo, se reúnem para enfrentarem um poderoso inimigo numa missão suicída. Em troca, estes terão algumas regalias.

       “O que mais me incomoda não é o filme em si, mas que existam porcarias como Esquadrão Suicida mesmo depois de um século de cinema. Não há ritmo, não há graça, quase não há instiga na ação e, para piorar, os personagens são insossos, repetitivos e frágeis.”. Li isto num site brasileiro e no fundo isto resume bem o que é “Suicide Squad”. Torna-se relativamente fácil escrever sobre a mais recente aposta da Warner Bros., visto que praticamente nada funciona no filme de David Ayer. Quem esperava uma obra mais sombria e adulta certamente sairá tão desiludido do cinema quanto eu, pois “Suicide Squad” não enverga de todo nesse caminho (se é que realmente segue algum??????).

       A primeira parte do filme apresenta-nos brevemente as principais personagens da trama, os super-vilões mortíferos e ferozes que irão compor o “Suicide Squad”. Depois disto, as personagens caem de “paraquedas” num cenário de batalha. A partir daqui, tornou-se mesmo constrangedor assistir o filme até ao fim. As cenas de acção são desinteressantes, sem qualquer chama e distantes. Os exageros no CGI, obviamente, estão presentes em todas elas em fartura, num autêntico festival de como não fazer cinema. Tudo em “Suicide Squad” soa tão pouco natural, artificial e a sua vertente cómica não foge à regra. A exagerada vertente cómica impingida nas personagens de forma a forçar uma maior empatia do público é ridícula, em mais um aspecto embaraçoso para “Suicide Squad”.

      Tanta boa personagem mal trabalhada. Que desperdício! A Harley Quinn de Margot Robbie, ainda que tenha os melhores momentos do filme a par de Killer Croc, é uma personagem demasiado forçada, enquanto que o Joker de Jared Leto é um verdadeiro desastre. Todas as personagens são pouco fidedignas, mas nenhuma é tão pouco natural quanto Joker. O complexo vilão imortalizado por Nicholson e Ledger é completamente banalizado, numa personagem vazia. Um simples psicopata à beira do ridículo. Tudo bem que este só tem 15 minutos em cena (ainda dou o benefício da dúvida), mas há coisas que não mudarão com o tempo, pois Leto não é Heath Ledger e muito menos Jack Nicholson. Para finalizar, mas não melhor que o resto da obra, está a vilã do filme. Surreal! Aliás, o terrível clímax final é a imagem patética de uma vilã que nunca chega a ser olhada como isso. Com um leque de actores carismáticos e de qualidade como este, é uma pena que as personagens sejam tão mal construídas e completamente desinteressantes.

       Há muito tempo que não via algo tão mau num cinema (provavelmente o pior desde o fabuloso “47 Ronin” protagonizado por Keanu Reeves). Notícias já saíram sobre eventuais cortes no filme que prejudicaram a obra de David Ayer, mas sinceramente estou pouco interessado nesse tipo de desculpas, pois os aproximadamente 130 minutos que vi de “Suicide Squad” foram um autêntico lixo. Aliás, a minha nota de quatro deve-se apenas ao facto de ter ouvido a “Bohemian Rhapsody” e de no final haver uma cena com o Killer Croc a ver MTV e a comer um hambúrguer (melhor cena de todo o filme). “Suicide Squad” é um autêntico suicídio para quem vê!

4/10