Era uma vez no cinema: The Conjuring 2

       É natural que a cada filme de terror da autoria de James Wan as expectativas do público do género sejam cada vez maiores. Isto é fruto do estatuto que o realizador malaio ganhou durante este século, de um dos melhores realizadores de terror da actualidade. Em 2004, com a estreia de “Saw”, filme que marcou definitivamente o género de terror, James Wan saltou para o estrelato. O realizador voltaria à ribalta com “Insidous”, seguindo-se mais três projectos com sinal mais, entre eles o muito elogiado “The Conjuring”.

       A obra que iniciou no grande ecrã as aventuras verídicas de Lorraine Warren e Ed Warren, dois dos mais famosos investigadores de fenómenos paranormais das últimas décadas do século XX, foi muito bem recebida no mundo do cinema.  Passados três anos do primeiro filme, “The Conjuring 2” repete a fórmula do seu antecessor praticamente com o mesmo sucesso.

      Baseado no famoso caso Enfield Poltergeist, registado no final da década de 70, em Inglaterra, o casal de investigadores viaja até Inglaterra para ajudar uma família aterrorizada devido a uma maldição manifestada numa das crianças.

       Gostei de “Insidous” tal como da sua continuação, “Insidious: Chapter II”, e o mesmo se sucedeu com “The Conjuring” e agora com o mais recente “The Conjuring 2”. Todavia, algum destes inovou de alguma forma o cinema de terror? Não, longe disso. Os quatro filmes seguem estruturas e estilos bastante semelhantes, embora com enredos diferentes, obviamente.

       Mas então o que faz de James Wan um dos realizadores de terror mais conceituados do momento? A resposta é que apesar de usar técnicas de filmagem comuns no género, este utiliza-as de forma mais eficiente que grande maioria dos outros realizadores. Esta é a chave do sucesso de James Wan. O bom trabalho ao nível das luzes e sons ajuda à construção de alguns sustos bem conseguidos (a sequência do quadro é óptima), algo já habitual na cinematografia do realizador de 39 anos. Os clichês estão em boa dose em “The Conjuring 2”, bem como uma narrativa previsível, e salvo um ou outro momento, sem grandes razões para empolgar quem assiste. Ainda assim, o acerto técnico, o bom ritmo imposto por James Wan e uma dupla de protagonistas relativamente interessantes, fazem com que o resultado desta obra seja positivo.

       Uma das diferenças que a franquia “The Conjuring” tem para outras obras de terror é o duo de protagonistas. O facto de serem personagens baseadas num dos casais de investigadores sobrenaturais mais conhecidos no mundo, bem como dos filmes acompanharem casos documentados e supostamente verídicos (algo que na minha opinião contribui para um maior clima de terror), ajuda a que Lorraine Warren e Ed Warren sejam mais cativantes. Evidentemente, as boas actuações de Patrick Wilson e Vera Farmiga são um factor determinante na construção das suas personagens. No restante elenco, Frances O’Connor e Madison Wolfe também se apresentam a bom nível.

       Sem ser um grande filme, James Wan consegue mais uma vez trazer-nos um filme de terror bem conseguido e um pouco acima da média. Se haverá “pernas” para um terceiro filme? Pelo sucesso de bilheteira que foi este segundo filme, certamente que o realizador malaio não terá dificuldades em aplicar a mesma fórmula dos últimos dois a mais uma aventura do casal Warren!

6.5/10