Especial Oscares 2016

Todos os anos, o Ideias e Opiniões tem como tradição fazer um especial de oscares com as previsões e resultados dos candidatos para as categorias mais importantes. Nos anos anteriores temos optado pela análise dos oscares dessa grande noite de Hollywood depois dela acontecer. Este ano queremos ser diferentes, e por isso mesmo, optámos por fazer essa análise aos oscares a priori, num esforço conjunto entre dois cronistas, Fábio Valentim e Luís Antunes, que farão as suas apostas e fundamentarão as suas escolhas apenas nas categorias mais importantes dos oscares 2016. Quem estará mais perto de acertar nos oscares? Só saberemos dia 28 de Fevereiro!

Melhor Filme

Fábio Valentim: Há semelhança do que aconteceu o ano passado a Academia decidiu nomear oito longas-metragens para o prémio mais importante da noite. Depois de Birdman (The Unexpected Virtue of Ignorance) será que a estatueta dourada vai para outro filme realizado por Alejandro González Iñarritu? Creio que há altas possibilidades disso acontecer, desta feita com The Revenant (O Renascido). O filme que retrata a história de vingança de Hugh Glass (Leonardo DiCaprio) após ter sido deixado à sua sorte nas gélidas montanhas da América do Norte é o meu favorito dentro dos candidatos. O meu favorito e a minha aposta! A direcção de Iñarritu é fenomenal, a cinematografia de Emmanuel Lubezki está isenta de defeitos e o trabalho de actores pode valer mais duas estatuetas. Há dúvidas que é o mais forte candidato? Eu cá não as tenho. Um drama frio e cru, com planos de filmagens de cortar a respiração a fazer lembrar os filmes do mestre Terrence Malick que conta ainda com dois dos maiores nomes da actualidade em Hollywood, Leonardo DiCaprio e Tom Hardy. Estes elementos mostram que o bom cinema não precisa de explosões exageradas e efeitos especiais que pouco ou nada acrescentam à narrativa e que o tradicional trabalho de câmara pode fazer a diferença para melhor. As doze nomeações que tem conferem-lhe um favoritismo que pode ser disputado com Mad Max: Fury Road (Mad Max: Estrada da Fúria) com dez indicações. Contudo, sabendo de antemão o historial da Academia e a sua atribuição de oscares duvido seriamente que Mad Max vença na categoria de “Melhor Filme”. Acredito que as suas inúmeras nomeações sejam uma tentativa da Academia de conferir diversidade aos prémios. Apenas isso. Nas categorias técnicas Mad Max irá vencer alguma estatueta, mas não nesta tão importante categoria. Isso quer dizer que The Revenant não tem candidato há sua altura? Não, não quer dizer isso. O drama Spotlight (O Caso Spotlight), dirigido por Tom McCarthy que retrata uma investigação do Boston Globe acerca de uma rede de pedofilia que envolveu a Igreja Católica pode partir como um outsider e arrecadar o desejado prémio. Não seria inédito. Aliás, este até já venceu o prémio de Melhor Filme do ano pelo American Film Institute. É a minha segunda aposta.

Luís Antunes: Esta edição dos oscares pode não ser variada em termos “raciais”, mas tem uma lista de filmes que se destacam pela sua diferença mais do que noutros anos. Há um pouco de tudo e para todos os gostos especialmente para quem aprecia cinema, mas quando chega a altura de atribuir a estatueta de “Melhor Filme” parece não haver grandes dúvidas. Há certamente filmes com melhor argumento que The Revenant, excepto Mad Max: Fury Road que segue a mesma linha, onde o visual se sobrepõe a tudo o resto. A grande questão é que à excepção da fita de Iñarritu, não há nada de realmente único com os outros candidatos desta edição dos oscares a um nível transcendente, a não ser prestações individuais ou dimensões especificas em cada um deles, o que influenciará certamente a decisão da Academia no resto das categorias. Eleger o melhor filme é apenas uma reflexão geral sobre qual deles, como um todo, consegue manter-se coeso e original. The Revenant não é perfeito, oferece óptimas prestações dos seus actores mas apresenta falta de foco nas personagens e uma história simples. No entanto, como resultado final consegue ser uma fita mais completa e mais original que toda a concorrência aos oscares, derivada da incrível cinematografia de Emmanuel Lubezki que governa o filme quase como se de uma personagem se tratasse, o que já foi devidamente ilustrado pelo Fábio Valentim. O filme acaba por ser um murro na mesa de uma indústria dada a facilitismos de pós-produção. A dedicação necessária para levar um filme desta magnitude a bom porto, com preocupações em utilizar a luz natural e com planos de imagem, que nunca são apenas “planos” mas sim um exercício de inovação e ressuscitação da cinematografia pura, pesará com certeza na cabeça da academia, e com a devida razão. Em The Revenant tudo o que está em falta é reequilibrado numa balança desigual que funciona no seu todo, e tudo o que transmite do inicio ao fim, é calculado e planeado.

As apostas são unânimes: The Revenant

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 Melhor Direcção

Fábio Valentim: Para mim não faz grande sentido que os oscares de “Melhor Filme” sejam entregues a pessoas que não vençam o óscar de “Melhor Realização” como já chegou a acontecer. Talvez este seja um método adoptado pela Academia para poder recompensar dois trabalhos bem executados ao longo do ano e de agradar a dois lados na mesma noite mas, ainda assim, não consigo concordar. É suposto o realizador ter um grande peso na qualidade final de um filme, logo, o melhor filme convém que seja dirigido pelo melhor realizador. É uma questão de lógica. Se a minha aposta para melhor filme vai para The Revenant, a de melhor realizador vai para aquele mexicano que encantou meio mundo do cinema com Amores Perros (2000) e que continuou a aprimorar-se com 21 Grams (2003), Babel (2006), Biutiful (2010) e Birdman (2014) cimentando o seu lugar junto dos grandes da realização, o enorme Alejandro González Iñarritu. George Miller, Adam McKay, Tom McCarthy e Lenny Abrahamson que me perdoem mas o homem tem de ganhar este óscar pela segunda vez consecutiva, não só pelo que fez este ano mas também pela carreira mais consistente que tem vindo a construir dentro do leque de nomeados. Este ano não há nenhum peso-pesado da realização, além de Iñarritu claro.

Luís Antunes: Realmente, e salvo em raras excepções, não entregar a estatueta ao realizador do melhor filme peca por falta de sentido, especialmente quando o grande trunfo The Revenant é a realização aliada à cinematografia. No entanto, há filmes que tem uma cinematografia e realização espectaculares e acabam por ter falta de coesão em tudo o resto, daí haver uma separação que a maior parte das vezes é injustificada mas é necessária. Iñarritu é um visionário perfeccionista com alguns problemas de temperamento que se reflectem na sua relação com actores e equipa técnica. Obstante do respeito pelas equipas de filmagem das produções onde participa, tem demonstrado coesão e regressa este ano à cerimónia dos oscares correndo o risco de levar para casa pelo segundo ano consecutivo a estatueta da realização. A única concorrência que poderá ter será de George Miller, o visionário de Mad Max: Fury Road. Acabam ambos por levar o mesmo trunfo, realizadores que optaram por utilizar localizações reais e dar foco a uma cinematografia única descurando da história e da prestação individual dos actores. No caso de Miller, o universo que retrata obrigou-o a complementar os cenários naturais do deserto, onde realmente tudo foi gravado, com efeitos especiais e uma palete de cores que por vezes trai a audiência a pensar que foi tudo feito à frente de um ecrã verde. Já o realismo que Iñarritu tenta transmitir apresenta uma abordagem 100% realista. Esta abordagem é certamente do agrado da academia, e penso que Miller vai ter por isso dificuldades em levar a estatueta para casa. O resto dos candidatos dão o seu contributo no campo da realização mas nenhum de forma demasiado assinalável. É notável, no entanto, em jeito de reconhecimento, realçar Lenny Abrahamson que nos transmite aquela sensação de isolamento e torna a historia bastante pessoal em Room.

  As apostas são unânimes: Alejandro González Iñarritu

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 Melhor Actor Principal

Fábio Valentim: A primeira coisa que tenho a dizer é que esta se trata de uma categoria muito bem representada. A segunda coisa que tenho a dizer é que a mesma tem um vencedor antecipado. No entanto, vamos por partes. Matt Damon, Bryan Cranston, Leonardo DiCaprio, Michael Fassebender e Eddie Redmayne são, todos eles, actores com provas dadas. Este último aliás, venceu o óscar de melhor actor no ano passado com o seu papel de Stephen Hawking em The Theory of Everything (A Teoria de Tudo) e este ano até poderia repetir a proeza de Spencer Tracy (vencedor em 1938 e 1939) e Tom Hanks (vencedor em 1994 e 1995) de conquistar os oscares de melhor actor principal em dois anos seguidos. Tal não deve acontecer. O Eddie que não se preocupe porque com o talento que tem para a representação, mais tarde ou mais cedo, voltará a vencer um óscar. Bryan Cranston consegue este ano a sua primeira nomeação, facto justificável não por falta de talento para representar (isso tem que sobra) mas sim pelo facto de ter uma carreira mais dedicada à televisão e não tanto ao cinema. Infelizmente o papel em Trumbo não lhe vai chegar. Nem o de Matt Damon em The Martian. Ainda não é desta segunda nomeação para melhor actor principal que Matt arrecada a estatueta dourada. Melhores hipóteses de discutir o prémio tem Michael Fassbender, o actor nascido na Alemanha que deu vida ao famoso Steve Jobs no filme com o mesmo nome estranhamente ignorado pela Academia em tantas categorais. Michael é um dos melhores actores da sua geração e reencarna o antigo CEO da Apple de forma tão subtil e resplandecente que poderia ganhar não fosse Leo. Sim, Leonardo DiCaprio é o vencedor antecipado desta categoria. Para mim,  não é melhor actor do que Fassbender, Cranston ou Redmayne, mas é o que mais merece neste ano. Aliás, é isso que está em avaliação aqui. O desempenho num filme lançado no ano de 2015. O seu papel em The Revenant foi muito duro. Duro emocionalmente e, sobretudo, fisicamente. Quem visualizou o filme sabe do que falo. Não considero o seu melhor papel, aliás, até preferi ver DiCaprio em The Wolf of Wall Street mais recentemente, mas a concorrência não permitiu que vencesse nesse ano. Este ano e cinco nomeações depois penso que não lhe escapa. É tua Leo! Não lhe estragues a festa Michael!

A Minha Aposta: Leonardo DiCaprio

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Luís Antunes: Claro que a minha perspectiva sobre o verdadeiro foco de The Revenant acaba por abrir pela primeira vez as hostilidades saudáveis entre nós. DiCaprio é um excelente actor e já participou em filmes onde mereceu sem duvida a estatueta, mas para grande azar, há sempre alguém melhor todos os anos segundo a academia. Há dois anos previ que Matthew McConaughey lhe ia tirar o óscar. E o ano passado embora sem DiCaprio previ que Eddie Redmayne ia ganhar e acertei. Este ano tenho as minhas reservas em escolher, precisamente porque a prestação de DiCaprio soube-me a pouco, embora haja grande pressão para que ele leve a estatueta para casa. Por um lado receio pela minha internet, que caso Leonardo DiCaprio ganhe irá abaixo e com ela todos os memes com graça dos últimos anos, e eu preciso de internet e ela de memes! Mas falando de assuntos sérios não vi o suficiente do actor num filme que realça a cinematografia e a paisagem natural. Com um argumento tão apagado é difícil analisar o actor, juntado a isso a constante expressão de dor ou de raiva de Hugh Glass. Há pouca margem para o actor se desenvolver no seu papel, coisa que não acontece, por exemplo, com Tom Hardy, mas já lá vamos… DiCaprio mostra que é um excelente actor, mas há saída do cinema só consigo recordar uma ou duas cenas e gritos e grunhos de dor, que são gritos e grunhos de dor do melhor que DiCaprio tem para oferecer mas mesmo assim, será suficiente? A minha escolha ressalta entre dois nomeados, Eddie Redmayne em A Rapariga Dinamarquesa ou Michael Fassbender em Steve Jobs. A minha aposta acaba por resvalar para o último pois é a estrela de um filme biográfico onde muito depende da sua prestação. Essa prestação é irrepreensível, num Steve Jobs totalmente baseado na realidade, com todos os defeitos e virtudes que marcaram a sua relação com os seus semelhantes. Todos os maneirismos e até a próprio tom de voz foram replicados por Fassbender para se transformar no falecido e icónico ex-CEO da Apple. Esta demonstração de método torna o prémio mais que merecido para este mais que excelente actor.

A Minha Aposta: Michael Fassbender

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 Melhor Actriz Principal

Fábio Valentim: Tal como a principal categoria masculina, a categoria para melhor actriz principal está extremamente bem representada este ano. E talvez tenha uma vencedora antecipada também. Falo de Brie Larson, a jovem actriz que já conquistou o Globo de Ouro e o Prémio BAFTA para melhor actriz com o seu papel de mãe de um jovem no muito aclamado Room (Quarto). Ainda mais jovem é Saoirse Ronan que aos 21 anos consegue a sua primeira nomeação no papel da imigrante Irlandesa que se muda para Brooklyn nos anos 50 do século XX. Pode ter uma palavra a dizer, embora parta com menos favoritismo quando comparada com Brie Larson. Há sempre surpresas por isso não podemos excluir a hipótese de Ronan ganhar. Menos hipótese tem a minha favorita, a consagrada Cate Blanchett, vencedora de dois oscares de melhor actriz principal e nomeada por diversas vezes nas principais categorias de representação. A actriz australiana voltou a representar da melhor forma o papel que lhe competia em Carol, onde fez par romântico com Rooney Mara também nomeada para melhor actriz na categoria secundária. Este ano não deve fazer a festa depois da cerimónia, contudo, não deixa de ser apreciável outra nomeação na sua carreira. Grande carreira está também a construir Jennifer Lawrence, novamente nomeada sob-direcção de David O. Russel, um director que parece estar capacitado para extrair o melhor que a jovem actriz tem para dar. E que melhor esse! Em Joy voltou a brilhar ao lado de Bradley Cooper e Rober De Niro. Mas desta vez não ganha, creio eu. É a quinta nomeação em cinco anos! Notável! Com o drama 45 Years está nomeada a experiente Charlotte Rampling, nesta que é a sua primeira nomeação e que dificilmente passará disso mesmo, da já prestigiante nomeação. A minha favorita é Cate Blanchett, no entanto aposto em Brie Larson dado o seu desempenho e as conquistas recentes nesta época de prémios. Acaba por ser merecido pelo que deu a Room.

Luís Antunes: Há sempre surpresas, mas a academia tem um certo lado humano neste tipo de atribuição. O papel de Saoirse Ronan conta a história de uma imigrante, e isso é principalmente importante numa América fustigada pela figura de Donald Trump, mas no fim a actriz é apenas mais uma figura talentosa no meio de candidatas mais fortes. Se ignorarmos a mensagem politica e entrarmos pela mensagem social a resposta clara é Brie Larson, que em Room interpreta na perfeição uma mãe em cativeiro que não só tem de fugir às garras do seu captor com o seu filho, como tem de lidar também com todos os problemas pessoais que advém da adaptação ao mundo exterior, nomeadamente com a pressão dos media e o estigma da paternidade do seu filho. O tema é particularmente actual e daria ao prémio uma dimensão social, sendo que a academia adora este tipo de papeis. E claro, o talento é o mais importante, e se há nomeada que demonstrou esse talento é exactamente Brie Larson. A actriz conseguiu dar uma perspectiva única sobre uma pessoa em cativeiro, sem grandes “vitimismos” e sem tornar a personagem unidimensional para cumprir o seu papel na narrativa. É sem duvida a principal candidata para mim!

As apostas são unânimes: Brie Larson

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Melhor Actor Secundário 

Fábio Valentim: Esta categoria pode traduzir-se numa luta a dois:  Sylvester Stallone e Tom Hardy. Destes dois o que tem melhor historial a lutar é Stallone o eterno Rocky Balboa que retornou em 2015 no filme Creed (Creed – O Legado de Rocky) com um papel mais maduro e consistente que em outros tempos. Como aqui não se avalia quem melhor “luta” e sim representa Stallone pode perder para Hardy, o actor que partilhou o ecrã com DiCaprio no já muito badalado The Revenant ao encarnar o vil e violento John Fitzgerald. Tal como o Leo, Hardy foi submetido a duras condições de filmagem e representação que valorizam o seu papel, talvez mais do aquele desempenhado por Stallone como mentor de Michael B. Jordan (Adonis Johnson) que não deixa de ser óptimo. Será entre os dois pese embora a concorrência dos admiráveis Christian Bale e Mark Ruffalo e do outsider Mark Rylance. Como a minha vontade é que a equipa de The Revenant tenha uma noite fantástica e porque o seu papel rivaliza com o de Leonardo DiCaprio a minha aposta vai para Tom Hardy, mesmo estando ciente que a forte mão de Sylvester me possa defraudar as expectativas.

Luís Antunes: Para mim há poucas dúvidas que será Tom Hardy o vencedor, pelo simples facto de ser o único actor em The Revenant que partiu as correntes e se destacou em todo o filme lutando contra a maré. John Fitzgerald é um digno vilão, mas é também um antagonista bastante realista e com uma personalidade que se constrói baseada no instinto de sobrevivência. Hardy é também Mad Max, e embora isso não conte para nada aqui, podemos reflectir sobre o facto de estar nos dois filmes com os argumentos menos trabalhados desta edição, e mesmo assim, destacar-se em qualquer um deles criando a sua própria bolha de criatividade. Um actor do método e um autêntico camaleão nos últimos anos, Tom Hardy tem o dom de poder ser qualquer coisa, e isso deve ser bem pesado pela Academia nesta edição dos oscares. Já Sylvester Stallone pode fazer um papel estupendo mas não foge de si próprio, não consegue afastar-se desse estigma de ser demasiado Rocky Balboa. Hardy é simplesmente outro monstro, no bom sentido!

As apostas são unânimes: Tom Hardy

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 Melhor Actriz Secundária 

Fábio Valentim: Bem, esta categoria deixa-me com imensas dúvidas sobre quem será a vencedora. Em Carol, Rooney Mara é quase tão protagonista como Cate Blanchett e parece ter sido empurrada para esta categoria para poder ter hipóteses de vencer um óscar. O seu papel de rapariga que se apaixona com uma mulher mais velha e de uma classe social diferente pode agradar à Academia, dada a valorizar estes tipos de papéis. Como menos chance de vencer está Jennifer Jason Leigh, que voltou à corrida por prémios vários anos depois, no papel de uma dos oito odiados do mais recente western do inconfundível Quentin Tarantino. Rachel McAdams está indicada pela primeira vez pelo seu papel no admirável Spotlight, onde contracena com Mark Ruffalo e Michael Keaton e não me parece que vá vencer à primeira. Melhor colocadas para agarrar a disputada estatueta estão Alicia Vikander com The Danish Girl (A Rapariga Dinamarquesa) que lhe valeu a nomeação para melhor actriz principal nos Globos de Ouro (agora secundarizada) e a respeitada Kate Winslet, vencedora de um óscar de melhor actriz e, mais recentemente, do Globo de Ouro para melhor actriz secundária com o seu trabalho em Steve Jobs. Devido a este facto, quem parte na frente é Kate Winslet. Por uma questão preferencial queria que Rooney Mara fosse a vencedora mas acho que a sorte (e o merecido talento) estão do lado de Kate que, como tal, tem o meu “voto”.

A Minha Aposta: Kate Winslet

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Luís Antunes: Esta é sem duvida uma categoria difícil. Como em todos os anos, a representação feminina tem sempre uma presença cativante em todos os filme e qualquer uma das candidatas tem as suas virtudes. Kate Winslet teria sido a minha favorita não fosse Alicia Vikander em A Rapariga Dinamarquesa. Porquê? Parece-me um papel muito mais complexo. Kate Winslet em Steve Jobs circunda Fassbender, tem apontamento de humor e algum drama aqui e ali, mas não sai da sombra do protagonista.  Alicia Vikander equilibra a balança com Redmayne ao ponto de eu pensar que deveria estar na categoria de Actriz Principal. A sua representação é natural, nunca parece fora de sitio, e é cheia de emoção numa história onde a sua personagem, Gerda Wegener, passa por situações bastante complicadas que desafiam qualquer actor ou actriz ao limite na busca por uma representação credível. A Rapariga Dinamarquesa vive dessa representação num argumento que só brilha devido à habilidade dos seus principais actores, mesmo que de alguma forma sejam catalogados como secundários…

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A Minha Aposta: Alicia Vikander

A Cerimónia de Oscares de 2016 promete uma luta renhida, com a maior parte das categorias em aberto. Resta perceber que cronista irá a Academia favorecer nestas apostas saudáveis a “feijões” e qual passará a noite a chorar por ter acertado precisamente ao lado destes oscares. Uma coisa é certa, há categorias onde existe a possibilidade de ambos os cronistas falharem, mas o que interessa é desfrutar da cerimónia tardia que certamente ocupará a programação de um qualquer canal de televisão nacional. Para o ano há mais um especial oscares com certeza!