Especial Star Wars Parte 2

Star Wars Parte 2

Mais uma edição do Magazine Mais Opinião e com ela surge a segunda e ultima parte do Especial Star Wars. Falamos de uma das maiores sagas do cinema, com um grande número de fãs no mundo inteiro que acompanham a trama desde a sua estreia em 1977, ou entraram mais tarde para este universo pois nasceram numa outra década, como eu.

Na primeira parte abordou-se a trilogia original e as prequelas, analisando a sua qualidade e traçando o historial cinematográfico desta saga intemporal. Nesta segunda parte a orientação é outra; perceber o futuro da saga, as informações existentes sobre o próximo filme e ajudar a perceber o porquê da complexidade desta futura trilogia tanto nas suas implicações para o universo ficcional como para os biliões de fãs que esperam e desesperam por Episódio VII.

A história até agora…

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Em 2005, saiu o ultimo filme da saga que funcionou como ligação entre a trilogia original e as prequelas. A Vingança dos Sith parecia o ponto final na saga que fecharia o ciclo que George Lucas pretendia, embora sempre se tenha falado que próprio teria escrito história equivalente a nove ou doze filmes.

Foi com grande surpresa que a “bomba” caiu em Outubro de 2012, com a compra milionária por parte da Disney da Lucasfilm e com ela os direitos de Star Wars e de Indiana Jones. Nesse mesmo dia surgiram as noticias da produção de um novo filme e de uma nova trilogia para Star Wars. A Disney tomava conta de mais uma das grandes empresas cinematográficas e de uma das franchises mais lucrativas da história do cinema.

Desde 2012 muitos rumores correram a internet, alguns mostraram-se verdadeiros outros nem tanto. No entanto, há rumores que há muito passaram o campo da ficção. A realização está entregue ao afamado J.J. Abrams, conhecido pelo seu contributo televisivo em Lost e Fringe mostrando que a ficção científica é o seu forte. Junta-se ainda o seu trabalho com realizador nas novas reencarnações de Star Trek o que torna a sua participação em Star Wars tanto um motivo de espanto como de alguma trégua entre os fãs das duas séries… ou talvez não. O argumento de Episódio VII está entregue a J.J. Abrams e Lawrence Kasdan, este último responsável pelo guião de um dos melhores filmes da saga, O Império Contra-Ataca (1980). Este argumento tinha sido inicialmente entregue a Michael Arndt mas foi afastado do projecto e o seu trabalho altamente modificado por Abrams e Kasdan.

Os actores já são conhecidos contando com as estrelas da trilogia original, Harrison Ford, Mark Hamill, Carrie Fisher, Peter Mayhem, Anthony Daniels e Kenny Baker. A eles junta-se um elenco mais novo cheio de rostos conhecidos e desconhecidos; Gwendoline Christie, Lupita Nyong’o, Adam Driver, Oscar Isaac, Domhnall Gleeson, Daisy Ridley, John Boyega e por último, o rei da motion capture, Andy Serkis. Um elenco variado que conta ainda com o veterano Max von Sydow, conhecido do mundo da ficção científica pelo seu papel como Imperador Ming em Flash Gordon (1980) entre outros incontáveis papeis nos mais variados géneros.

No dia 16 de Maio de 2014 as gravações começaram. Os fãs já tiveram um vislumbre dos locais onde o novo filme poderá ocorrer. É para já evidente que a promessa dos produtores de dar ao filme uma tonalidade e uma orientação muito parecida com a da trilogia original estão presentes. J.J. Abrams fez um vídeo onde aparece junto a uma marioneta. Também a famosa nave de Han Solo, a Millennium Falcon apareceu a ser construída. É também uma verdade adquirida que o filme será filmado em fita cinematográfica e não no já normal formato digital que nos acompanha há pelo menos uma década e foi utilizado em O Ataque dos Clones e A Vingança dos Sith. Abrams está a fazer de tudo para que Star Wars se aproxime do seu lado mais clássico.

Infelizmente nem tudo são boas notícias, Harrison Ford partiu uma perna, ou talvez uma anca (as fontes divergem), durante as gravações o que pode atrasar o filme. Esta notícia está ainda no campo dos rumores mas é uma certeza que de facto houve uma lesão. O período de recobro de Harrison Ford é ainda uma incógnita podendo atingir o astronómico período de seis meses, o que é preocupante tendo em conta que segundo rumores o papel de Han Solo é preponderante.

O filme está neste momento orientado para entrar nas salas de cinema em Dezembro de 2015, há muito que esperar! Mas enquanto esperamos vamos percorrer os principais problemas que esta nova trilogia enfrenta e tentar desmistificar alguns das preocupações desnecessárias dos fãs ou simplesmente confrontar visões das mais variadas espécies.

“A Disney vai transformar Star Wars numa saga infantil e sem qualidade!”

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É verdade, a Disney é reconhecida pela sua orientação bem evidente a favor de um público infantil e juvenil, mas isso não quer dizer que o faça em todos os seus projectos. Podemos ir buscar um número quase incontável de filmes, mas o mais evidente é a saga de Piratas das Caraíbas. Não estamos propriamente na presença de uma saga considerada apropriada para crianças e muito menos num filme sem qualidade, embora as suas sequelas não tenham alcançado o original nesse aspecto. Podemos afirmar que Star Wars é já de si uma saga para toda a família o que pode fomentar muitas destas preocupações, mas não se deixem enganar pelo rótulo Disney, existem filmes produzidos pelos seus estúdios que muitas vezes dissociamos por não terem conteúdo claramente focado num público infantil.

Quanto à crítica sobre a qualidade podemos afirmar que embora a Disney tenha nos últimos anos assimilado bastantes estúdios, marcas e franchises não podemos dizer que tenha sido em última instância para pior. Lembremo-nos que a Marvel foi adquirida pela Disney em 2009 para grande benefício de muitos dos filmes seguintes, nomeadamente Os Vingadores que arrecadou um feedback bastante positivo por parte dos fãs.

É ainda possível tecer o argumento que nada será pior do que as prequelas, mas o melhor é mesmo esperar para ver, até lá resta ter esperança que os filmes sejam com a qualidade merecida. Nada de negativismos antes de ver o filme!

Expanded Universe vs Legends

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Como referido na primeira parte deste especial existe todo um universo que circunda os filmes e que se traduz no esforço de vários autores, quer no campo da BD como da literatura no seu lado mais clássico, para criar tanto o passado como o futuro dos filmes de Star Wars. Estas tentativas resultaram ao longo das últimas décadas de um grande número de livros, e até de videojogos, que tentam continuar a história deixada em aberto com o fim de O Regresso de Jedi, e posteriormente a anterior a A Ameaça Fantasma. Infelizmente com o interesse na criação de uma nova trilogia este universo criado numa espécie de contribuição crossmedia tornou-se um obstáculo. Para explicar melhor é necessário compreender o que realmente significa este Expanded Universe ou como referido em sigla, o EU.

Quando as primeiras histórias começaram a surgir fora do universo dos filmes começou a formar-se a ideia de que estas deviam ser analisadas e consideradas parte da verdadeira história de Star Wars, ou seja, consideradas cannon, parte integrante e devidamente oficial da saga. Para isso foi criado o Expanded Universe de modo a tornar coerente toda a variedade destas histórias. Mesmo nesta preocupação existem bastantes incoerências históricas entre obras, e passados tantas décadas a estrutura é até certo ponto caótica.

Se por um lado é considerado fã tanto quem apenas reconhece os filmes como oficiais como quem acompanha os livros e videojogos surge um problema. Se o Expanded Universe fosse levado em conta os fãs dos filmes estariam completamente perdidos na estreia de Episodio VII. Não só o famoso texto de entrada ocuparia mais dez minutos do que seria esperado como teriam de aceitar factos como a morte de Chewbacca ou toda uma serie de cataclismo que abalaram a galáxia e que se traduziram na morte de Mara Jade, a mulher de Luke Skywalker às mãos do filho de Han e Leia, Jacen Solo, que passou para o lado negro, sendo finalmente morto pela sua irmã gémea Jaina Solo. O Leitor mais afastado da saga poderá não ter percebido esta ultima frase da mesma forma que pouco perceberia se os produtores e argumentistas do novo filme tivessem de lidar com 30 anos de problemáticas galácticas e personagens garantidas que no percurso faleceram quer pela destruição de planetas ou por outro motivo qualquer.

A completa anulação deste Expanded Universe torna-se benéfico visto desta perspectiva e foi por isso que todas estas histórias em vez de deixarem e existir foram transformadas no recém-criado Legends, ou seja, pertencem a um universo à parte não associado ao universo dos filmes. Para tentar complementar e introduzir alguns dos elementos e histórias, séries de animação como The Clone Wars e possivelmente o futuro Star Wars: Rebels, tentaram incluir alguma dessa mitologia nos seus episódios mostrando que nem tudo está perdido neste universo expandido, é apenas necessária uma simplificação de forma a tornar toda a história coerente e uma total reformulação do período posterior a Regresso de Jedi.

 “As prequelas foram más. Nada pode ultrapassar os originais, logo, as sequelas também ficarão aquém. “

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É verdade, as prequelas não foram filmes ao nível da trilogia original, no entanto, considera-los maus filmes por não serem os originais é, como expliquei na primeira parte deste especial, muito fruto das expectativas altas que se formaram nas décadas de intervalo entre trilogias. Não são filmes horríveis, têm de ser vistos no contexto da sua criação. E em termos de produto final não são tão maus quanto algumas pessoas querem fazer pensar. É no entanto inquestionável que por vezes a tentativa comparativa entre dois produtos com a mesma etiqueta pode tornar-se altamente falaciosa. Um futuro filme de Star Wars não deve ser completamente comparado com um modelo de filme perfeito que O Império Contra-Ataca representa para muitos fãs. Cada trilogia deve representar a sua experiência cinematográfica singular, apenas com algum espaço para a análise comparativa em termos qualitativos.

O que podemos concluir e esperar de Star Wars Episodio VII. Devemos esperar algo de novo que mantenha o espírito de uma saga vivo para uma nova geração. É preciso aprender com os erros dos filmes anteriores, porque todos têm algumas falhas – nenhum filme é perfeito. É de esperar no entanto, uma equipa dedicada liderada por J.J. Abrams, uma mente bastante experiente no campo da ficção científica. O grau de nostalgia será elevado, e segundo alguns rumores a história vai centrar-se na busca por Luke Skywalker, liderada por Han Solo e um conjunto de personagens novas a quem o testemunho será deixado para futuros filmes. Rumor ou não, é complicado perceber que tipo de ameaça irá enfrentar esta nova geração de Star Wars, embora seja difícil fugir dos temas do Império e dos eternos Sith. Resta esperar por Dezembro de 2015, e enquanto isso aproveitar as experiências cinematográficas nesse intervalo, que vão ser inúmeras. Aos fãs mais agarrados resta passar a espera a ver e a rever os seis filmes já existentes…

Voltarei no próximo mês com mais cinema, e sim… May the Force Be With You, Always!

Artigo de Luís Antunes