Carnaval: Esperancices para todos!

Alguns folhos cor-de-rosa, asas rendadas e tiaras brilhantes depois, deparei-me com o sorriso mais sincero, mais vaidoso e delicioso de todos os tempos.

Nos corredores de mil-e-um-sítios em busca das mil-e-duas coisas carnavalescas de princesa, percebi quantos graus um evento como o Carnaval pode rodar nas nossas cabeças.

Percebi que, o que nunca fez sentido para mim enquanto jovem, faz hoje sentido enquanto mãe de uma bebé que tem tanto de linda como de teimosa, tanto de delicada como de fervorosa, enfim… tanto de malandra piratinha como de uma linda e hipnotizante princesa.

Bem, e com toda esta fantasia no coração… a birra do dia seguinte torne-se eminente. Ainda não é Carnaval e, naquela cabecinha de “Fada Sininho”, o vestido cor-de-rosa tem de se tornar imediatamente na bata oficial da creche… «Bom dia Birra, como estás? Passaste bem? Que saudades tinha de ti… o rosa fica-te mesmo bem!».

Descobri que o Carnaval é uma óptima altura no ano para apresentar às nossas crianças o balanço entre a concretização de sonhos e a gestão de emoções… como a frustração. Tudo tem a sua altura e, muito importante, tudo tem mesmo de ter o seu espaço no tempo.

Apesar das dificuldades e limitações brutais que a maior parte de nós se encontra a tentar transpor, quero, dentro do possível, nutrir o fascínio e a magia que esta época pode proporcionar às nossas crianças.

Aquilo que, para mim, sempre foi o “dia oficial das parvoíces” é, agora, o Dia Maternal das “Esperancices”. As nossas princesas e cowboys, piratas e kittys, joaninhas e leões… todos sonham, todos interpretam o que os fascina; todos querem descobrir-se e experienciar aquela liberdade que até em nós, adultos, ressuscita uma alegria interior que raramente conseguimos extravasar.

Por isso, toca a rabiscar o céu com serpentinas, a pontilhar o ar com confettis e, principalmente, proporcionar o sonho a todos. E, acreditem, ninguém levará a mal.

Afinal, se assim não for, não é Carnaval…

Artigo de Cláudia Melo