Esquerda vs. Direita, serão iguais ou eternos opostos?

Norberto Bobbio (politólogo brasileiro) tem uma definição bastante simples e pragmática destas duas ‘vertentes’ de pensamento político, à qual eu gosto de acrescentar um pouco da minha perspetiva, a sociedade de esquerda acha que as pessoas são mais iguais que diferentes e portanto o estado deve tentar reproduzir essa igualdade, as pessoas de direita acham que as pessoas são mais diferentes que iguais e que portanto o estado deve tentar manter essa desigualdade algo natural.

Ora bem, dada esta definição podemos sempre, extremar a questão, se pensarmos a esquerda enquanto comunismo e a direita enquanto fascismo, obviamente serão sempre opostas, embora impressionantemente bebam muito uma à outra, nem que seja em termos de repressão… Mas não deixam de ser opostos! Ou assim nos querem fazer acreditar.

Mas se passarmos a uma visão de esquerda centro e direita centro como, embora neste momentos não pareça, PS vs. PSD, até que ponto podemos afirmar que existem mais diferenças que semelhanças entre as duas visões ideológicas?
Aqui está um grande paradigma para os politólogos no mundo inteiro, esta tão nova ciência social que bebe tanto de sociologia como de psicologia social e economia. Será que a ciência política alguma vez conseguirá delinear esta fronteira, esta é a minha área e sinceramente continuo com algumas dúvidas.

Obviamente que não vamos nunca poder ser tão pragmáticos na abordagem deste tema, ou seja na definição de esquerda e direita, senão obviamente não de forma tão radical estaríamos a entrar na inúmera lista de pensadores como Friedrich Nietzsche por exemplo que por tão pragmáticos que tentaram ser, acabaram por ser mal interpretados e utilizados pelos teóricos mais negros da história, por exemplo e neste caso específico a ideologia nazi. Portanto pragmatismo sim, mas com a sua dose de cautela.

Veremos agora esta dicotomia com menor cientificidade, Esquerda e Direita verdadeiros monstros políticos e partidários nas nossas mentes já delineadas! Serão mesmo? Será que podíamos ter partidos sem essa tal inclinação esquerda direita? Não acredito, ora bem qualquer ideologia bebe um pouco de questões mais sociais e de questões menos sociais, neste caso entenda se de apoios sociais ou menor apoio.

Penso que seria utópico, pensarmos em partidos sem serem de esquerda ou direita, é a definição mais lata para explicar uma ideologia política, podemos sim falar em partidos de centro, pondo já de parte o centro esquerda ou centro direita. Só centro. Se fosse de centro, e apenas centro, teria de ir buscar metade à esquerda metade à direita, ou seja centro é esquerda e direita.

Exatamente o mesmo que acontece aos partidos de centro, penso que acontece na minha pergunta inicial, se seriam esquerda e direita iguais ou eternas opostas, nem uma nem outra, são metade iguais metade opostas. Estranho? Não, ora vejamos, não acredito que haja alguém neste mundo que tenha todos os pensamentos de esquerda ou todos os pensamentos de direita, ambas as teorias vão buscar também elas uma à outra, nem que seja os opostos.
Isto leva-me a achar que cada vez mais vivemos num mundo sem fronteiras que nos leva a estar tão perto de um lugar, de uma pessoa, de um pensamento ou ideologia como nunca até hoje tínhamos estado, tudo o que fazemos tem consequências, e tudo o que pensamos e tudo o que acreditamos tem um pouco mais de outra coisa qualquer que ela seja, tem um pouco do oposto e um pouco de original.
No que toca a política nunca poderemos ser originais ou ter só um lado, tudo tem algo de velho ou de dicotómico. É por isto, que a análise da mesma pelo método cientifico, me fascina e consome.
E é de tudo isto e muito mais que todos os meses vos irei dar a conhecer aquilo que me vai na mente.

Crónica de João Campos