Está aí a campanha eleitoral

O país vai parar durante 15 dias! Está aí a campanha eleitoral para as Eleições ao Parlamento Europeu, que se irão realizar no domingo de 25 de maio.

Está aí a campanha eleitoral? Hum… será? É que, ao que parece, os políticos da atualidade estão permanentemente em campanha eleitoral, pelo menos, os partidos da oposição. Sim, eu sei, se são partidos da oposição, a sua função e missão é “oporem-se” às políticas do Governo e da maioria. Mas o que significa opor? Estar permanentemente em desacordo? Estar permanentemente a dizer mal? Estar permanentemente a desfazer tudo o que os outros tentam fazer? Seja mau ou seja bom? Estar permanentemente em colisão com os poderes instituídos, desde que eles não sejam da sua própria cor?

Bem, desculpem-me a franqueza – e eu já tenho abordado este tema neste palco e mantenho a coerência – não são os políticos eleitos para representarem e defenderem os direitos dos seus eleitores? Então porque esquecem frequentemente as promessas que fizeram na campanha e parte para a ignorância e demagogia, logo a seguir? Se ganharam e assume o poder, quase tudo fazem trocado ao que prometeram… muitos deles, nem todos. Se vão para a oposição, esquecem também todas as promessas que fizeram e apenas se concentram na maledicências às políticas implementadas por quem governa.

Entre estes, também há os que conseguem manter a sua coerência – com isto não quero dizer que defenda as suas políticas – mas que também o fazem porque são ideias e políticas populistas e que, em caso de um dia virem a assumir o poder, seriam de impossível (ou catastrófica) implementação. Este é o caso dos partidos mais à esquerda do nosso espectro político que, não fazendo conta de um dia assumirem o poder, se podem dar ao luxo de colidir com tudo o que governo e restante oposição defende e (muito pior) incluindo o Presidente da República, que não é executivo nem dirigente político e nem deve ser, e que por isso deveria ser mais respeitado e ouvido.

Não é necessário grande atenção às comunicações propagandistas, às notícias e reportagens acerca da campanha eleitoral, para adivinharmos – os eleitores mais atentos – o que se irá discutir. Erroneamente, os partidos da oposição pretendem um cartão amarelo – ou até vermelho – ao Governo devido às políticas da Troika seguidas nos últimos 3 anos. Porém, não se tratam estas eleições de qualquer julgamento à ação do Governo e Parlamento, nem tão pouco do Presidente nem Autarquias Locais, mas sim de escolher os nossos representantes no Parlamento Europeu, que são apenas 21 em mais de 600 pessoas. É verdade que essa instituição democrática da União Europeia, é um importante órgão de decisão e de discussão ao nível europeu, mas também é verdade que esse é um órgão político europeu que se encontra muito distante – não só em termos geográficos – dos portugueses. Talvez muito por culpa dos próprios parlamentares europeus que, durante o seu mandato, não comunicam com o povo que representam, informando-o acerca das suas funções, das suas iniciativas e da forma em que a sua ação foi importante para o país e para a Europa, prestando por isso contas da sua (muito bem remunerada) ação política. Assim, não se admirem depois de o povo não perceber muito bem para que servem estas eleições e por isso a percentagem de abstenção seja tão elevada.

Deveriam assim os deputados europeus que finalizam o seu mandato – alguns irão continuar a ser os mesmos – prestar ao povo nesta campanha os esclarecimentos devidos da sua atividade, dizer o que fizeram, o que queriam fazer e não conseguiram ou não foi aceite e esclarecer a forma como o seu trabalho contribuiu de forma categórica para a melhoria das condições de vida dos cidadãos europeus em geral, e dos portugueses em particular.

A Europa, continua a ser a nossa tábua de salvação, enquanto nação por vezes descontrolada, por vezes com a mania das riquezas e por vezes desorganizada. Foi de facto a Europa e as suas instituições que deram a mão ao nosso país, quando necessitámos e por isso, não sendo sub-servientes, fica-nos bem alguma gratidão e alguma demonstração de vontade em participar, em melhorar a nossa performance enquanto nação e também enquanto membro de direito da União.

Não discuto a forma, mas apelo à civilidade, apelo ao bom senso e apelo à dignidade. O voto não é uma obrigação, mas é um direito inalienável da democracia e da liberdade. Por isso, por quê rejeitá-lo? São os políticos castigados se o povo não votar? Claro que não, a não ser que houvesse uma concertação e ninguém fosse votar… o que é uma utopia e seria também considerado uma terrível anarquia. É com o voto que temos o poder de influenciar decisões, escolher dirigentes, decidir acerca de continuidade ou mudança de líderes. Por isso, sou daqueles que acredita que o voto é para ser usufruído por todos.

Não dê ouvidos à demagogia, não dê ouvidos às falsas promessas, não dê ouvidos às promessas que cheiram a exageros e a mentira. Escolha as pessoas que mais lhe dizem enquanto políticos e enquanto técnicos, mediante a sua mensagem positiva e concreta. Feche os seus ouvidos à maledicência e ao ataque pessoal e direto. Feche os seus ouvidos às críticas que não interessam no âmbito do Parlamento Europeu.

Julgar o nosso Governo e a nossa Oposição, terá o seu lugar nas próximas Eleições Legislativas que apenas se irão disputar daqui a mais de 1 ano, ou seja, em 2015. Estas são para o Parlamento Europeu e tem cada um de nós o poder na ponta da esferográfica, para colocar a cruz no quadradinho que mais lhe interessar, assumindo a sua condição de cidadão de direito e com poder de decisão individual mas com repercussões coletivas.

Para já, saliento de forma positiva a iniciativa, por parte de alguns partidos de diminuírem os seus custos de campanha, recusando determinados gastos que habitualmente se fazem e que, desta vez não irão fazer. Noto positivamente essa atitude!

Agora, o país não pode parar durante 15 dias. Temos que ouvir e andar, porque o país não pode parar.

Crónica de Rafael Coelho
A voz ao Centro