Esta é para ti, Lenda!

Há quem diga que ídolo é aquele que nos inspira, que nos faz querer ser iguais a ele, que o temos como exemplo a seguir. No meu caso não é assim nem nunca o foi. O meu ídolo, nunca me fez querer ser igual a ele porque a sua genialidade me prendia ao ecrã, e era de lá que não queria sair. Além do mais o jeito para o futebol nunca abundou. Hoje escrevo para ele, não só para exaltar as suas qualidades, mas sobretudo para lhe dizer o que fez por mim, o que significou. Hoje, escrevo-lhe na primeira pessoa.

A ti, que encantaste meio mundo com a tua velocidade de ponta, com a tua destreza de movimentos, com os teus dotes de finalizador. Tu que marcaste de fora da área, dentro da área, à meia-volta, de bicicleta, de cabeça, com o pé direito, com o esquerdo, de todas as formas e feitios, tu. Tu que encantavas estádios e punhas os adversários em sentido, tu que não davas um lance por perdido, tu que movias a tua equipa para a frente, tu que do nada resolvias um jogo, tu que deixavas e deixas impacto onde quer que vás, tu que me ensinaste a gostar de bom futebol. Este texto é teu, Henry. Este, como devia ser a camisola 14 onde quer que fosses, está guardado para ti. É o meu tributo a uma lenda, tu.

Desde que comecei a ver futebol, o desporto rei, que sempre tive em ti um ídolo. Antes de saber o que era o 4-4-2, o fora-de-jogo ou que se podiam fazer três substituições, já sabia quem tu eras.  Foste tu que me abriste os horizontes, que me mostraste o que é ser um génio naquilo que se faz. E de facto, tu eras. A forma como aterrorizavas Anfield e Old Trafford, era de outro mundo. Foi por tua causa, que ainda miúdo, no tempo em que as SEGA megradrives faziam as delícias de todos, me apaixonei por futebol, pelo bom futebol e foi dessa forma que fiquei fã do Arsenal. Sempre que jogavas tudo parava. Ficava fixado à frente da televisão à espera de uma arrancada, de um remate estrondoso, de uma finta de deitar as mãos à cabeça, ali se focava o meu mundo, ali, naqueles 90 minutos que eram teus, o meu mundo parava. E em todos os jogos acontecia isso, em todos os jogos espalhavas magia e cada pedaço de relva que pisavas se sentia agraciada. Não havia rivais para ti, porque todos se curvavam perante a tua qualidade e grandiosidade. Tu eras todo um clube num só jogador, todo um país nuns pés.

Marcaste uma era no Arsenal, tornaste-te a maior lenda do clube e com isso também criaste um mito, o teu mito, o teu legado. Foste imortalizado mas não só numa estátua, não só num golo, não só num lance vistoso, não só numa frase, não só num cântico, foste imortalizado num nome, o teu. Thierry Henry. Sempre que se ouvir este nome todos saberão que estamos a falar de um pedaço de história, de um homem que quebrou todos o mitos, em especial o do, “nunca voltes a um sitio no qual já foste feliz” e que voltou ao sitio onde já tinha sido feliz, para voltar a escrever mais uma bonita história, daquelas dos livros com borboletas e fadas pelo meio. Esta foi diferente, foi um jogo da taça numa noite em Janeiro de 2012, com 11 jogadores de cada lado e uma bola a olhar para ti, aí, nesse mesmo sítio, voltou-se a escrever mais um capítulo da mais bela história de amor. A tua classe inspira miúdos, mas a tua qualidade delicia os graúdos. É assim que me fascinas, ao representares tudo o que gosto no jogo mais bonito do mundo, o futebol. Demonstras e encarnas tudo o que valorizo, amas os que te acolhem, jogas e encantas a cada sitio onde vais. O que há para não admirar?

Este é o meu tributo a um ídolo, o meu. Por todos os momentos em que me imaginei sentado a seu lado a dizer-lhe, “sabes, não sonho ser como tu porque dessa forma não te poderia ver brilhar”, por todos os “GOLOOOOOO!” que gritei aos altos berros, pelas vezes que abri e fechei o computador com esperança de que fosse mentira a sua ida para o Barcelona e pela emoção que me ofereceu com o seu último golo pelo Arsenal, por tudo isso e por me ter feito ter um ídolo, o meu obrigado. Porque todas as histórias tem de ter um herói, na minha, foste tu. Esta é para ti, lenda!