Estou cansada! – Patrícia Marques

O cansaço do meu corpo parece que veio azarar o meu espírito e o mundo que me envolve. O cansaço do meu interior, recomendou-me mansidão e esperança nos meus dias…um abraço de vez em quando e muita compreensão. O arrependimento e a culpabilidade que o espírito e a consciência sentem, nos chegam muitas vezes, a partir de situações de esgotamento, que nos levam a um novo cansaço cíclico do nosso Ser.

Olhámos ao redor, e parecemos ver sorrisos e tristeza ao mesmo tempo. Por outro lado, os sorrisos que nós queríamos para sempre sorrisos, esvanecem e quase culminam na nossa tristeza chorada e interna. E depois, tudo o que se passa à volta está para nós, como o nosso ego está para a consciência de um ser pensante.

Levamos ao colo, prazeres momentâneos, sorrisos momentâneos, alegria momentânea…mas nem assim o momento persiste e se inspira a ficar para sempre na nossa vida.

O precioso para cada qual, deve estar completamente isento de todas as saídas para as condições alheias ao próprio. Estas condições são aquelas que dão o aprendizado ao precioso mas sob forma de sofrimento e por isso, a necessidade do desvio das mesmas. Quando se olha a tristeza do mundo, mesmo de frente, a emoção do mundo volta-se muitas vezes para dentro, dando origem a uma fadiga muitas vezes desproporcional ao acontecimento.

Esta fadiga recorda-nos novamente: “O que fiz de errado?”, “Porquê tudo está a acontecer assim”, “Até quando?”, “Quando sentirei harmonia”. Dialogamos com o nosso ego, o nosso sentimento,  esperando que nos dê respostas muitas vezes, aos nossos problemas, à nossa resposta negativa para com os acontecimentos exteriores. Lembra-me daquela pergunta:

 “- Para quê que queres ter marido?”

“- Para ter problemas a dobrar…”


Isto é uma frase anedótica, mas que nos diz muito sobre nós. O cansaço conjugal é muitas vezes derivado disto mesmo, de saídas diferentes que cada um dos elementos do casal possa escolher. Aos 20 anos de casamento, parece que ainda só existe uma saída, aquela larga, onde dá origem a um túnel de luz, e onde a família passa harmoniosamente e com a vaidade de um pavão lindo. A partir daí, é cada vez mais importante observar:

  1. Quais são as NOSSAS prioridades?
  2. Que caminho vamos seguir JUNTOS?
  3. Como iremos erradicar o desamor, JUNTOS?
  4. Como iremos transformar o desamor em amor ETERNO?

Tudo isto pode por sinal ser uma mera suposição, mas a segurança do amor do casal, do cuidado, da estrutura sustentada na base do diálogo, da sinceridade, dos valores que preenchem a felicidade são essenciais à chamada paixão que todos gostam de ver, contar e sentir.

Crónica de Patrícia Marques
Um lugar ao Sol
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