*Estreia* Um Toblerone fez de mim Sportinguista – Joana Camacho

Acordei com uma ideia deslumbrante para aquele que seria o melhor texto de sempre… só que depois bati com o joelho esquerdo na esquina da minha mesa-de-cabeceira e contribuí para o aumento da taxa de emigração de ideias, em Portugal. Por essa mesma razão, decidi falar-vos de futebol, já que sou uma entendida no assunto (este é aquele momento em que se riem).

Sendo filha de um homem que jogou durante anos a fio no Nacional, é professor de Educação Física e é benfiquista (pelo menos tudo indica que é mesmo ele o meu pai), o futebol é tema de ordem cá por casa. Há determinadas premissas que nós – habitantes desta casa – temos de respeitar, de modo a garantir a saúde, o bem-estar e a ausência de avantajadas dores de cabeça por parte de todos os seres que coabitam debaixo deste mesmo teto. É, por exemplo, de conhecimento geral, que aos fins-de-semana o plasma da sala está reservado única e exclusivamente para fins futebolísticos: primeiro há a Liga ZON Sagres, depois joga a 2ª Liga, segue-se a Liga de Espanha, a Liga Inglesa, a Liga Italiana e, com sorte, ainda há espaço para a Liga Alemã e para a Francesa. E ai de quem se atreva a sequer estabelecer contacto visual com o comando, ousando, ainda que por breves instantes, ponderar a hipótese de mudar de canal. Quem quer ver televisão na sala, vê Sport TV e não reclama.

O que me confunde em toda esta situação é o seguinte: imaginemos que um dado homem é do Benfica. São capazes de me explicar o porquê de passar o fim-de-semana inteiro jogado no sofá, abraçado a uma mini e a um prato de amendoins sem casca (ou de tremoços, vá), a ver todo e mais algum jogo de futebol entre equipas que possuem nomes que, por vezes, são impossíveis de pronunciar? Se é do Benfica, via só os jogos do Benfica. Mas não. Vocês – homens – comem tudo o que vos aparece à frente! No sentido metafórico e futebolístico, claro. Não desprezando os amendoins e os tremoços – aí podem interpretar a frase no sentido literal da coisa.

Sou Sportinguista e apresento-me como tal, é certo. Tomei a decisão de me tornar adepta do Sporting aos quatro anos de idade. O meu pai queria que eu fosse do Benfica; já a minha mãe estava mais inclinada para o Sporting. Porque é que ganhou a minha mãe? Simples: porque o chocolate Toblerone que ela me ofereceu era bem maior do que aquele chupa-chupa de cinco cêntimos com que o meu pai me tentou subornar. Pai, se me estás a ler, espero que tenhas aprendido que com chupa-chupas de cinco cêntimos não vais lá.

Caras pessoas que me leem: caso, por alguma razão, tencionem subornar a autora deste texto, permitam-me que vos deixe uma sugestão… chocolates. Montes e montes deles.

JoanaCamachoLogoCrónica de Joana Camacho
A parva lá de casa