Eu confesso: comi o Pai Natal! – Sandra Castro

Lembro-me como se fosse hoje…apesar deste episódio ter acontecido há dez anos atrás, quando eu ainda era uma jovem bela, elegante, sem peles e sem rugas.

Naquela noite, 24 de Dezembro, noite de consoada, chovia a potes e trovoava a baldes, ao contrario dos anos anteriores, não estava uma noite fria pelo que não foi necessário ligar a lareira da minha sala. E no meu intimo eu também não queria, porque estava muita ansiosa para ver o famoso Pai Natal!

Não era a ansiedade das crianças, não era a esperança dos pais, era apenas um capricho meu. Tinha um fetiche pelo Pai Natal, de tal forma que pedia ao meu ex marido para se vestir de Pai Natal de vez em quando. Não se riam leitores, isto é um assunto serio! Cada um tem os seus segredos e fetiches e acreditem que há fetiches bem mais grotescos que o meu.

Não sei se é pela farda vermelha (embora eu seja portista até depois da morte), pela barriga saliente, pela barba proeminente, se pela idade (dizem que a idade é sabedoria), pelas renas, por ele ser solteiro e bom rapaz, só sei que quando chega a época natalícia a minha ansiedade explode pelas entranhas.

E assim foi, naquela noite de 24 de Dezembro, lá estava eu, sozinha, sentada no meu chaise longue, na minha ampla e quente sala, aconchegada por um chá e uma fatia de bolo-rei, vestia uma camisa de seda com pinheirinhos verdes, nos pés umas pantufas de pai natal e na cabeça um gorro de rena. Ele chegou…o meu coração estava a mil…eu devorei-o lentamente, dentada a dentada…o meu querido Pai Natal de chocolate!

Desejo a todos os leitores do mais opinião um Feliz Natal, na companhia dos que amam, com uma mesa farta em boa disposição, humildade, serenidade e felicidade e, como já manda a tradição, uma postinha de bacalhau e uma rabanada. Feliz Natal!

Crónica de Sandra Castro