Eu continuo a escrever e tu?

Perdeu-se o hábito de escrever. Escrever com lápis ou caneta num papel, folha, caderno. Poucos são os que hoje em dia ainda escrevem à mão. E se antigamente era porque iam (quando iam) pouco tempo à escola e mal o sabiam escrever; actualmente a desculpa é que se escreve em todo o lado, menos no papel.

Quando andava na primária todos os dias tinha de fazer uma cópia (era um dos muitos trabalhos de casa) e quando não trazia (se é que algum dia isso aconteceu) os restantes deveres compensavam o que tinha para escrever à mão. Para os testes, tanto no básico como no secundário, fazia resumos à mão, escrevendo vezes sem conta a mesma coisa. Mesmo na faculdade o hábito da escrita não foi corrompido pelas novas tecnologias – os ficheiros com a matéria das aulas (quando tinha) eram impressos e as folhas “preenchidas” com apontamentos antes ou depois das aulas, os vários trabalhos feitos eram a maioria das vezes escritos primeiro em folhas de rascunho e só depois passados a computador. Se fosse fazer as contas às folhas e cadernos que gastei (e continuo a gastar) se calhar as árvores não ficavam muito contentes comigo!

Contudo, nestes dias, a escrita é feita de forma diferente. Para ficar “bonito” e “apresentável” passa-se a computador. Para não se perder tempo a ditar ou a copiarem fornece-se os textos e fica à disposição de quem os recebe ler ou não. Mesmo o contacto que se fazia via cartas (ou postais) deixou de ser feito, agora envia-se uma mensagem de texto ou um email.

Se formos pedir a alguém para escrever alguma coisa à mão, parece que nem na caneta sabem pegar. O hábito perdeu-se, a mão destreinou-se. É triste. A tecnologia invadiu-nos de tal forma que até o escrever se perdeu no meio disto. É certo que escrevemos, as palavras estão lá a formar frases, só que não é a mesma coisa. Eu pelo menos penso que não é. A forma como desenhamos a letra, as diferentes letras, como riscamos onde nos enganamos apesar de ficar sempre de alguma maneira visível, o virar da folha. Tudo isto faz parte do escrever à mão.

Mas eu, parva que sou, continuo a escrever os meus textos à mão, em papel, a maioria das vezes, antes de os passar para o computador. Tal como estas palavras foram escritas. Depois são eternizadas por aqui…antes eu escrevi e continuo a escrever. E tu?