Na passada semana o nosso director de revista, convocou-me a mim e a outros colegas para efectuar uma lista dos dez livros que mais nos marcaram!…nome e autor! Um desafio interessante, que me fez recuar no tempo! Enquanto respondia ao pedido deparei-me com uma dificuldade, saber quem tinha sido o autor de um dos livros que me marcou na infância… “O meu pé de Laranja Lima”. Não me lembrava de todo do nome do autor! Mas, desta época quem não se lembra deste livro! Uma história cativante, comovente, emocionante, ternurenta, sobretudo pela pureza e inocência da infância! Esta foi a história que mais me marcou, mas recordo muitas mais … ler é um hábito que devemos cultivar desde pequenos, faz parte da nossa cultura! …Eu tive a sorte de ter aprendido a ler com a minha avó materna! Quantas avós terão conseguido ensinar os seus netos!
Parti em busca do nome e aproveitei para recordar alguns livros de infância… fui caminhando no tempo e lá vem os livros da geração dos nossos filhos. Eis que me surge a Anita! Anita…Anita…Anita! Quem da nossa geração não leu os livros da Anita para os seus filhos! Podemos dizer que o fascínio e encanto por Anita é quase intemporal e que ocupa um lugar de excelência no nosso baú de memórias e nostalgias.
Pegar num livro da Anita, agora propriedade dos nossos filhos, e entretanto dos nossos netos, é regressar assim à infância mágica e maravilhosa! Pelo menos foi isso que senti, uma magia e vontade de os ler novamente…talvez agora para os netos, ou talvez algum neto a ler para mim. O que que quer que seja será sempre um sinal maravilhoso.
Afinal! Que partido tiramos nós das histórias! Porque nos são lidas tantas histórias em pequenos? Não será para nos reportar valores morais e éticos! Será a história uma ciência humana que estuda o desenvolvimento do homem no tempo! Será através dessa mesma história narrada que vamos revivendo diariamente!
A leitura continua a ser uma boa companhia e prazer para inúmeras pessoas, mas infelizmente conheço algumas que nunca puderam ler um livro! Nunca puderam contar uma história através da leitura! Nunca puderam ler uma carta, nunca puderam escrever o nome! Parece mentira mas é verdade, são pessoas que não tiveram a mesma oportunidade e outras talvez a mesma capacidade. Essas pessoas são idosas, gostam no entanto de ouvir! Tem todo o direito de ouvir historias e também elas recordar o baú da vida. Historias coloridas ou não, contos e lendas, o importante é fazer com que vivam e possam recordar com saudade os momentos que também foram marcantes nas suas vidas. Sermos capazes de fazer esta partilha de valores é no mínimo um desafio! Eu quero ser Avó Anita! Contadora de histórias ou até quem sabe, escrever uma história que lhes possa ser agradável ao ouvido, agradável ao coração! Pode ser ainda ilustrada! Certamente não terei dificuldade em fazê-lo!
Quantos avós gostariam que os seus netos tivessem tempo para lhes ler uma história! Quantos idosos gostariam de ter faculdades para poder ouvir uma historia!
Quantos de nós estaríamos dispostos a ler uma história para aqueles que nada entendem!
Quantos de nós gostaríamos de escrever uma história igual á Anita! Com a mesma pureza e inocência…uma historia intemporal!
Crónica de Aida Fernandes
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