EUA 1968/2015: descubra as diferenças…

Freddie Gray, 25 anos, morreu no passado dia 19 de Abril, uma semana depois de ter sido detido pela polícia em Baltimore. Assim que viu os agentes da polícia, Freddie correu a fugir e quando foi detido foi-lhe detectada uma arma branca no bolso. Então, Freddie sofreu uma lesão na espinha dorsal que teve consequências fatais, enquanto se encontrava sob custódia policial em Baltimore, nos EUA.

Sendo um tema fraturante e que mereceu cobertura de igual relevo pela revista norteamericana Time (https://twitter.com/TIME/status/593761757476298753/photo/1), e apesar de se desconhecer o real contexto em que ocorreram tais ferimentos em Freddie Gray, desde a morte do jovem os ânimos exaltaram-se e a comunidade afroamericana saiu à rua para manifestar massivamente a sua dor, revolta e angústia para com mais um episódio de violência policial sobre cidadãos afroamericanos.

Freddie entrou numa carrinha da polícia de Baltimore e, meia-hora depois, entrou num hospital em estado de coma, com uma lesão na espinha dorsal.

A Law Enforcement Officers’ Bill of Rights (http://law.justia.com/codes/maryland/2010/public-safety/title-3/subtitle-1/3-104/) prevê uma espécie de “imunidade qualificada” para com os agentes da polícia quando envolvidos em situações deste género, que lamentavelmente provocaram a morte de uma pessoa.

Nos últimos anos, o abuso de violência das autoridades norteamericanas sobre cidadãos afroamericanos, como sucedeu em Agosto do ano passado, em que um agente da polícia matou a tiro Michael Brown, um jovem afroamericano desarmado nos subúrbios de Ferguson. Nova Iorque, Boston e Washington são apenas algumas das cidades que se juntaram às manifestações da população de Baltimore, contra a alegada discriminação racial efectuada pela polícia norteamericana.

Mesmo tendo em conta o facto de que o presidente Barack Obama é ele próprio afroamericano, e ter tentado serenar os ânimos, diversas comunidades afroamericanas têm persistido em fazer uso do seu direito constitucional à manifestação, ainda que tendo de obecedecer ao recolher obrigatório decretado pelas autoridades.

Os EUA terão eleições presidenciais em Novembro do próximo ano, e o laureado com o prémio Nobel da paz, o presidente Barack Obama, sairá do seu cargo cumprindo o término do seu segundo mandato. Com esse factor em mente, os apoiantes do Tea Party (ala nacionalista do Partido Republicano) começam a movimentar-se para disputarem as primárias dos Republicanos, estando já em campanha de angariação de apoios e fundos (endorsements), enquanto mais uma vez se destapam as feridas abertas no seio da sociedade norteamericana, ainda alvo de discriminação, mesmo tendo em conta que já se passaram mais de 40 anos do fim dos tristes dias da segregação racial. A desconfiança das comunidades afroamericanas para com as autoridades policiais está mais acentuada de dia para dia, e será bastante difícil para Obama fazer com que se restabeleça algum clima de confiança dessas comunidades para com a polícia. Será que o fim da segregação racial nos EUA de 1968 não pôs fim ao racismo e à dicotomia brancos/negros?