Eurovisão 2017 – Uma vitória inédita por Salvador Sobral

A 13 de Maio de 2017 foi feita história! 53 anos foi o tempo que Portugal demorou a conquistar um prémio que já merecia há largos anos. Refiro-me à vitória de Salvador Sobral no Eurovision Song Contest, também conhecido como Eurovisão. No Facebook, apesar de este dia ter sido dia de outras celebrações (tanto em Fátima, como por razões desportivas), só se fala de Salvador Sobral, o rosto de uma canção, escrita e musicada pela sua irmã, Luísa Sobral.  No início, como é um pouco hábito do nosso país, houve algumas críticas à canção. Ou porque não era festivaleira, ou porque o Salvador Sobral parecia um junkie, ou mesmo porque não valia a pena mandar fosse que música fosse porque nunca tínhamos ganho, não seria diferente desta vez.

Eu, aqui me confesso, fui dos que sempre apoiei Salvador Sobral, mas que disse que não acreditava na vitória. Não porque ele não fosse capaz, muito pelo contrário, mas porque, por tradição não somos um país visto como candidato fiável à vitória. Contudo, o Youtube esteve do nosso lado, jogando a nosso favor. Muitos aficionados deste festival, ou simplesmente apreciadores de música não portugueses, ficaram a conhecer “Amar Pelos Dois”, devido aos vídeos da RTP e pela incessante partilha da música, por parte de muita gente em todas as redes sociais. Salvador Sobral, tornou-se sem escolha, num ícone, num ídolo (ironicamente, uns anos depois de ter passado pelo programa que ‘escolhia’ o próximo ídolo do nosso país).

Com o aproximar do Festival da Eurovisão, as apostas davam-nos no top 5, depois no top 3 e chegado ao dia da final, dia 13 de Maio, “Amar Pelos Dois” estava em primeiro lugar. Apesar de sermos considerados favoritos, o espírito tuga fez-nos saber que nada estava ganho até efectivamente estar. Num dia com vários jogos de futebol, com inúmeras referências e reportagens sobre a visita do Papa a Fátima, com festejos de vitórias desportivas, posso dizer com alguma confiança, que desde 10 de Julho de 2016, que o nosso país não parava à frente da RTP para saber qual seria o resultado.

Tinhamos grandes possibilidades, mas nada era certo. A música tem tido inúmeros elogios e várias covers, uma canção que é isso mesmo, uma canção, com uma letra sentimental e emotiva, com uma composição brilhante e, como se isto não fosse por si só, razão para ficarmos com possibilidades reais de vencer, juntou-se a interpretação mágica de Salvador Sobral, que tal como um verdadeiro músico deve ser, sentiu aquilo que cantava.

Passaram poucas horas desde que soube que Salvador Sobral tinha ganho algo, que já merecíamos com muitos outros artistas. Assim de repente, lembro-me de boas músicas de Simone de Oliveira, José Cid, Carlos Paião, Doce, Lúcia Moniz, Vânia. Esta não foi a primeira vez que fomos encantar a Europa e a Austrália (país que acompanha a Eurovisão desde os anos 80), mas foi a primeira vez que saímos vencedores.

E Salvador, no seu discurso de vitória, falou de algo muito importante, no estado da música actual! Referiu que a música tem de ser sentimento e não ser fogo de artifício. Isto após no fim da sua semi-final, ter usado uma camisola a pedir acção pelos refugiados. De facto, até na própria Eurovisão, a maioria das músicas não tinha conteúdo ou pareciam bastante semelhantes… raros foram os países que optaram por cantar na sua língua, optando diria 95% dos concorrentes por escolher o inglês.

O dia é histórico, depois da vitória do Europeu de Futebol em 2016, depois das medalhas de Ouro de Carlos Lopes, Rosa Mota, Fernanda Ribeiro e Nélson Évora, nos Jogos Olímpicos, de novo um país volta a vibrar com uma vitória internacional. E que vitória! Com uma canção magnífica, com laivos filme da Disney e a mostrar aquilo que já nos tínhamos recordado na altura do golo de Éder, que ter ambição não é mau e que com trabalho e persistência conseguimos realmente atingir os objectivos! Parabéns Salvador, Parabéns Luísa (pela magnífica letra e música) e para o ano o objectivo é organizar o melhor evento da Eurovisão de sempre!