Eurovision Song Contest 2019 – Portugal e Conan Osiris

Lembram-se com certeza de eu ter escrito em 2017 que, apesar de gostar da música da Luísa Sobral (de quem sou fã) e da interpretação do irmão Salvador, não achava a música “festivaleira”, à semelhança de outras que tinham ganho em anos anteriores, mais a puxar para o “pop”. Quem não se lembra, pode ler aqui. E terminei esperando estar enganado. E enganei-me mesmo. E ainda bem que me enganei.

E posto isto chegamos a 2019 com Conan Osiris e a música “Telemóveis” a criar um burburinho na internet, tal como aconteceu com Salvador Sobral. Se eu gosto da música como gostava da música da Luísa? Não. Mas é o meu gosto pessoal. Mas uma coisa tenho que reconhecer, sem ser especialista em música: é um som que faz querer, no mínimo, “bater o pézinho”. Inicialmente, a letra faz pensar em piada e gozo, mas lendo melhor e “nas entrelinhas”, parece mesmo falar de alguém que está frustrado por não poder falar mais com alguém amado que já partiu (daí a referência a ligar para o céu) e que ao longo da canção se vai conformando e acaba por desistir de tal objectivo. Se a ideia é essa ou não, só o próprio Tiago Miranda, nome real de Conan Osiris, poderá confirmar.

Em 2017 eram muitos os videobloguers ou youtubers (chamem-lhes o que quiserem) que normalmente comentam e reagem a músicas candidatas ao Eurovision Song Contest que apostavam na vitória de Salvador Sobral. Agora acontece o mesmo com Conan Osiris. Podem chamar-me pessimista, mas eu não acreditei na altura que Salvador Sobral pudesse ganhar e não acredito que Conan Osiris possa ganhar em Tel Aviv. Há uma grande diferença entre acreditar que vai ganhar e querer que ganhe. Como orgulhoso português gostava muito que o Conan ganhasse em Israel e que 2020 fosse novamente ano de Eurovisão em Portugal. Todavia, gosto mais da “Telemóveis” do que da “Toy” que levou a israelita Netta (a que emitava uma galinha) a ganhar no ano passado em Lisboa e se me enganei com Salvador Sobral em 2017, porque não me posso enganar segunda vez? Boa sorte, Conan!

Crónica de João Cerveira
Este autor escreve em português, logo não adoptou o novo (des)acordo ortográfico de 1990