Existe algo de muito bizarro, numa loja FNAC… – Ricardo Espada

A FNAC. Essa loja maravilhosa, onde podemos encontrar uma vasta variedade de bens materiais. Bens materiais que, inevitavelmente, possuem a fácil capacidade de nos conquistar ou de nos deixar completamente loucos e a fazer contas à vida. Por mais que tenhamos a pura consciência de que é impossível comprar aquele portátil que nos fascinou; ou aquele smartphone que nos encantou; ou mesmo aquele livro que nos “piscou o olho”, começamos sempre a juntar 1 mais 2, para tentar adquirir tudo o mais rapidamente possível – e, o mais certo, é que acabemos sempre por adquirir, levando-nos depois mais tarde, no aconchego do nosso lar-doce-lar, a reprimirmo-nos por tal acção impensável, usando um alicate para nos auto-mutilarmos, arrancando um por um, os pêlos do… Bom, adiante…

Algo estranho se passa nas lojas da FNAC. Algo que o mais comum dos mortais não conseguiu ainda descortinar, mas que eu – que sou um verdadeiro Einstein da “decortinação”! (Olha, acabei de criar um neologismo… Sim, eu procurei no dicionário se existia a palavra “descortinação”, e parece que não… Eu faço o meu trabalho de casa, ó!) – já elaborei uma teoria que me parece bastante plausível. Quem nunca reparou que, imediatamente após se entrar numa qualquer FNAC deste país, uma certa dormência invade-nos o corpo, como se tivéssemos emborcado um frasco inteiro de comprimidos para dormir, a pensar que se tratava de gomas? Existe algo naquelas lojas que nos invade a mente, e torna-nos demasiados sonolentos…

Eu podia estar a inventar tudo isto porque decidi um dia ir até uma FNAC, após uma noite louca de bebedeira descontrolada e, obviamente, com quase uma directa em cima do bucho, mas não meus amigos. Isto acontece-me sempre que vou a uma FNAC. Quase que adormeço dentro da loja, e qualquer dia a coisa pode vir a correr mal – olha se calho a passar pelas brasas sentado num dos bancos específicos que a própria FNAC disponibiliza aos seus clientes para alguns minutos de leitura, e acordo com uma velha de 89 anos ao meu lado, igualmente a dormir e a babar-se para cima do meu ombro? É coisa para deixar uma pessoa traumatizada para o resto da vida, e nunca querer chegar a velho – imaginando-me a babar-me em cima do ombro de alguém, numa FNAC qualquer, num futuro bastante longínquo! (Sim, porque eu ainda sou um jovem… esbelto… e cheio de saúde… Uma espécie de Adónis cá do sítio… Esqueçam esta parte do Adónis… Não é que não seja verdade, mas é porque eu já tenho uma cara-metade… Não necessito de mais pretendentes… Está bom? Já esqueceram? Assim está bem melhor…)

Agora avancemos até à teoria, até para terminar isto o mais rapidamente possível, que tenho de ir lavar os pés – não, não é por cheirarem a chulé, mas sim, por ter estado entretido a tarde toda a espezinhar uvas. Não, não é para fazer vinho: trata-se apenas de um hobby que eu tenho, e que me tranquiliza o espírito. O que foi? Há vícios piores. Olhem o José Castelo Branco, que tem como hobby encontrar-se com casais em hotéis, para praticar o… o… coiso…

Já pensei que fosse o facto de normalmente as lojas FNAC possuírem um fofo tapete negro que se estende por toda a loja, que provocasse uma certa calmaria em mim, que me adormecesse a alma, mas não me parece que seja esse o motivo. Poderá ser do ar-condicionado que esteja sempre ligado excessivamente no quente (Pois parece que, aquela malta que lá labora, deve ter formação semana sim, semana não, no Pólo Norte…), provocando uma ligeira sensação de sonolência na minha pessoa, mas também não me parece que seja esse o motivo… Então, o que será que existe naquela loja que me provoque tanta sonolência?

Aqui para nós, a minha teoria é que se trata de um gás que eles usam para adormentar as pessoas. Assim que entramos na loja, levamos com um gás fastidioso, mas que não resulta com todas as pessoas. Aposto que só resulta com pessoas que sofram de rinite alérgica, e que tenham como hobby espezinhar uvas, como é o meu caso. Ao resto das pessoas, esse gás fastidioso não faz efeito – apenas provoca um efeito capitalista.

Mas eu já sei como resolver este meu problema! Da próxima vez que me deslocar a uma FNAC, vou equipado com um fato anti-minas, e com uma máscara na cara! Posso é ser confundido com um bombista suicida que quer explodir com a FNAC… Mas, enfim, é um risco que terei de correr… Antes isso, do que uma velha de 89 anos a babar-se no meu ombro… LIVRA-TE!

Até para a semana, malta catita!


RicardoEspadaLogoCrónica de Ricardo Espada
Graças a Dois
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