Existe sempre um raça de um engraçadinho… – Ricardo Espada

Olá, amigalhaço do peito! Sim, eu sei que o caro leitor não teve o «desprazer» de me conhecer pessoalmente, mas eu considero-o um «amigalhaço do peito»! Sabe porquê? Porque, para ler as inúmeras atrocidades que eu escrevo semanalmente nesta fantástica crónica «Graças a Dois», das duas uma: ou é um grande amigo meu; ou então um familiar. Porque, de resto, ninguém que esteja em plena posse das suas capacidades mentais, perderia tempo a ler o que eu escrevo – nem eu o faço, quando mais uma pessoa mentalmente sã!

Bom, agora avancemos para o tema que vos trago hoje, gente humilde que bebe café por uma palhinha: para que a cafeína faça mais efeito, mas acabam sempre com a língua queimada. Vocês já repararam que, em todos os jantares de aniversário, existe sempre um dos convivas que se acha o «engraçadinho da noite»? Existe sempre o cómico que tenta animar os outros convivas, passando todo o jantar de aniversário a dizer alarvices atrás de alarvices, sem qualquer tipo de pudor ou respeito por quem apenas se encontra ali para festejar o aniversário do melhor amigo.

Existe sempre o chico-esperto que, no momento em que se canta os parabéns, tenta sempre cantar mais alto do que o resto da comitiva, só porque está a cantar mal a música e acha que isso é deveras engraçado. Ou, então, que decide a meio da cantoria, regressar ao inicio da letra quando esta está praticamente no seu fim, não respeitando o facto de existirem pessoas que cantam tão, mas tão mal, que só querem é que a música acabe o mais rapidamente possível para que a vergonha se esvaneça…

Existe sempre o bobo-da-corte, que acha fantástico atirar larachas que não tenham nada a ver com o tema do jantar. Ou aquele que, depois de comer a fatia de bolo de aniversário, e quando o aniversariante pergunta inocentemente «Quem é que ainda não comeu bolo?», chega-se logo à frente de boca cheia, afirmando «Eu! Eu ainda não comi bolo!» E todos os outros convidados são obrigados a achar graça porque, simplesmente, é de mau-gosto não o fazer – para não estragar o ambiente de festa e alegria que se faz sentir, pelo facto de se estar a celebrar o aniversário de alguém.

Existe sempre aquela besta que, no final do jantar, coloca a mala da namorada ao ombro, e exclama bem alto para que todos ouçam: «Olhem lá, a minha mala nova… Hem? Digam lá que não me fica a matar?» E alguém responde «Sim! Fica-te a matar, sim senhora! Até faz pandã com os teus olhos castanhos, pá!» Só para que o ambiente não fique esquisito, nunca clara tentativa de ajudar o podre coitado do bobo-da-corte, a sair bem daquela situação. Solidariedade entre convivas, portanto.

Eu sou da opinião de que, essas pessoas «supostamente cómicas», deveriam ser alvo de uma chamada de atenção! O chamado «dar um apertãozinho». Só para assustar. Essas autênticas Miley Cyrus da comédia, deveriam ser interpelados por um agente da autoridade, de cada vez que decidissem armarem-se em «engraçadinho da noite». Do género:

– «Ó p´ra mim, sou super engraçado. Ó p´ra mim, com a minha mala nova… Fica-me a matar, não fica?»

 – «Se faz favor, faça o favor de me acompanhar!»

 – «Mas… Mas… O que foi que eu fiz?!»

 – «Está armado em «engraçadinho da noite», num jantar de aniversário!»

 – «Mas… Mas…»

 – «Vá, vamos a fazer pouco barulho! E faça o favor de me acompanhar até à esquadra, para passar a noite ao lado do travesti que temos lá na cela, a Maria Pompovina!»

 – «Meu DEUS!»

 – «E devolva lá a mala à sua namorada, se faz favor! Se a Maria Pompovina o vê a entrar  pela cela adentro com a mala ao ombro, temos festa da grossa!»

 – «Mas… Mas…»

 – «ANDOR!!! À minha frente, imediatamente!!»

E é isto… Por hoje ficamos por aqui, porque tenho de ir fazer de «engraçadinho da noite» numa festa de aniversário de um amigo…

Até para a semana, malta catita!


RicardoEspadaLogoCrónica de Ricardo Espada
Graças a Dois
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