Faleceu Camilo de Oliveira, o Mestre do Sorriso

 

Sábado 2 de Julho de 2016 foi um dia triste para várias gerações. Camilo de Oliveira deixou-nos a Saudade, palavra essa intraduzível que só a nossa pátria de seu nome Língua Portuguesa possui e refletida no oceano de lágrimas que nos une enquanto pátria.

Camilo de Oliveira faleceu aos 91 anos, no Hospital Egas Moniz, em Lisboa, onde se encontrava internado nos cuidados paliativos a lutar contra dois cancros, um na próstata e um outro no intestino. Nasceu a 23 de Julho de 1924 em Buarcos, na Figueira da Foz, mais concretamente em pleno Teatro Caras Direitas, pois, os seus pais faziam parte da Companhia de Teatro Rentini que, representavam uma peça naquela sala.

Por ter nascido e crescido rodeado de artistas desde logo enveredou pele representação e aos cinco anos estreou-se nos palcos mas, só aos 15 anos surgiu de forma profissional, fazendo parte de companhias de teatro itinerantes (tal como tinham feito os seus pais durante anos a fio). Representou inúmeras peças de teatro e de revista como “Portugal Espanha” (1952), “Viva o Homem” (1954), “Abaixo as Saias” (1958), “Ó Pá, Não Fiques Calado” (1963), “Aldeia da Roupa Suja” (1978), “Há Mas São Verdes” (1983), “Toma Lá Que É Democrático” (1992), “Certinho e Direitinho” (2000) e, a última peça em que participou, “O Meu Rapaz é Rapariga” (2008). Ao todo terá participado em mais de 47 revistas e 24 comédias!

Mas foi na televisão que se tornou num dos actores portugueses mais acarinhados de sempre (numa primeira fase na RTP1 e, numa segunda fase, na SIC). Em 1981, no programa Sabadabadu, desempenhou vários papéis que se tornaram míticos. De entre as várias personagens e imitações é impossível não destacar a sua personificação do então Presidente da República, Ramalho Eanes. Outro dos momentos mais marcantes desta era foi a dupla que fez com a grande, e inigualável, Ivone Silva onde juntos criaram um dos pares de maior sucesso da televisão portuguesa: Os Agostinhos.  Da autoria de César Oliveira e Melo Pereira, este momento acabou por ser distinguido internacionalmente com uma menção honrosa no Festival Rosa de Ouro de Montreux, na Suíça.

No entanto, seria na sua segunda passagem pela televisão que chegaria ao ponto alto da sua carreira, já em plenos anos 90. Corria o ano de 1995 quando Camilo de Oliveira se estreou na SIC. A primeira série, de muitas, de sucesso deu pelo nome de “Camilo & Filho, Lda” (1995) e veio mudar para sempre a sua carreira. Nos quinze anos seguintes criou e protagonizou várias séries onde era protagonista e autor, sendo que todas tinham a particularidade de ter o seu nome em evidência (como se o público necessitasse disso para se recordar dele…): “As Aventuras de Camilo” (1997), “Camilo na Prisão” (1998), “A Loja do Camilo” (1999), “Camilo, O Pendura” (2002, RTP1), “Camilo em Sarilhos” (2005-06) e, por fim, o último trabalho da sua carreira de mais de 60 anos, “Camilo, O Presidente” (2009-10).

Estas são apenas palavras simples que não descrevem na totalidade o que alguém representa no exemplo de como se estar no palco e no quotidiano.

Até um dia Camilo de Oliveira.
O público nunca te esquecerá.