Feiras e feirantes – Bruno Neves

Esta semana vamos falar de feiras e de feirantes. “Mas porque vais abordar este tema?” Digamos que fui à feira e que achei que era material mais que digno de estar presente numa das minhas crónicas! A feira em questão não interessa dado que são todas muito semelhantes e o que aqui for dito serve perfeitamente para todas elas.

Espero que concordem comigo quando digo que ia à feira sem consumir pelo menos uma fartura não é ida à feira! É obrigatório! Aliás, acho que há um artigo da Constituição Portuguesa que obriga todos os cidadãos a consumir no mínimo uma dúzia de farturas por ano. E onde consumimos nós farturas? Nas feiras, claro está! Alias, sem ser nas feiras não se vê farturas à venda sequer (acho que as feiras têm contracto de exclusividade).

Outro dos aspectos curiosos é o facto de polícias conviverem lado a lado com produtos claramente contrafeitos e nada fazerem. Se fosse numa operação stop era uma festa, mas como é na feira não acontece nada. E porquê? Porque eles próprios também lá compram roupa, obviamente!

E feira que se preze tem uma secção de carrosséis digna de fazer espernear de prazer qualquer criança e pré-adolescente! O nível de espectacularidade de cada feira é medido consoante o entusiasmo e a reacção das crianças! Hoje em dia tenho pena do quanto os meus pais sofreram de tanto que eu lhes chateava a cabeça para andar em tudo aquilo. Mas tal como eles ficavam fascinados a ver-me a andar em tudo aquilo, também eu hoje fico ao ver a minha pequena afilhada no mesmo ritual.

Para finalizar vamos esmiuçar os diversos tipos de feirantes!

O Simpático
Estes feirantes destacam-se dos restantes pela simpatia, ou melhor, pela exagerada simpatia. São capazes dos maiores elogios aos clientes que por eles passam, só para cativarem a sua atenção. E bem vistas as coisas é uma estratégia inteligente porque ninguém resiste a um bom elogio! Apenas um pequeno exemplo ouvido por mim mesmo nesta visita de que falava antes: “Então e esta camisolinha? Não quer comprar? Mas faz mal porque fica bem com a cor dos seus belos olhos!” Não comprei a camisola, mas o meu ego rejubilou.

O Elogioso
É outro clássico das feiras. Feirante que se preze elogia sempre o seu produto! Para estes feirantes os seus produtos são sempre melhores que os do vizinho. E há cena mais engraçada que dois feirantes a disputarem a atenção de um potencial cliente através de elogios ao seu próprio produto? Óbvio que não!

O Agressivo
Todos nós temos uma faceta violenta, é um facto, mas é capaz de não dar muito jeito que ela apareça quando estamos no nosso emprego (excluindo casos muito específicos). Quantos de vós já testemunharam um feirante do tipo agressivo? É mais comum do que podem pensar! Eu próprio vi alguns exemplares. Destacam-se por duas características: tom de voz demasiado alto e discurso que tem como objectivo comprarmos os seus produtos através do medo (medo que ele saia dali disparado para nos dar uma chapada se não comprarmos os seus produtos claro está).

O Adivinho
O ser humano é curioso por natureza, assim se explica resumidamente o sucesso das videntes e dos adivinhos do qual o expoente máximo é, como toda a gente sabe, a Maya. Há feirante mais cómico que aquele que de palpite em palpite tenta incessantemente impingir-nos um dos seus produtos alegando de que vamos precisar dele um dia? Vai um exemplo? “O que me diz desta camisolinha? Não vai? Ah, e se for estas meias? Também não? Mas aposto que vai gostar desta t-shirt!” Conclusão: podemos não comprar nada, mas pelo menos ficamos logo bem dispostos!

Boa semana, boas leituras e não deixe de visitar uma feira próxima de si!

Crónica de Bruno Neves
Desnecessariamente Complicado
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