Festa das mamãs desesperadas…

Por mais que os tempos evoluam e a humanidade vá desenvolvendo novas formas de encarar o mundo, existirá sempre algo que nunca irá mudar, estejamos nós em 2022 ou em 2075 — o comportamento de um pequeno grupo de mães numa festa de aniversário. Se, por um lado, os pais se juntam para deliberar sobre futebol  — ou, mais propriamente, sobre a real necessidade da existência do VAR —, as mães juntam-se para abordar temas mais fulcrais como, por exemplo, tudo o que se passa na escola dos seus petizes. Se para um pai o puto ter partido a cabeça a jogar à bola na escola depois de cabecear o poste da baliza, pensando que estaria a cabecear a bola é algo normal e irrelevante, para uma mãe é o fim do mundo e puto precisa imediatamente de ir ao oftalmologista porque deve estar com falta de vista.

Mas as coisas encarrilam para algo ainda mais grave quando as mães se juntam à conversa numa festa de aniversário de um dos coleguinhas dos filhos. Aí, a coisa toma proporções ainda mais dantescas. Apesar dos filhos apresentarem um bom aproveitamento escolar, nunca é o suficiente para uma mãe e existe sempre algo a apontar como prova de irregularidade ou falha na educação do seu educando, por parte da escola. Quando as mães se juntam, existe sempre alguém, pacatamente em casa, a sentir as orelhas a aquecerem como se um aquecedor a óleo se tratassem. Ou porque a professora manda TPC´s todos os dias, ou porque a professora foi operada e não soube enviar um email para todos os pais, avós, tios e animais de estimação a confirmar a sua baixa por doença médica e a indicar a que dia regressará ao seu posto de trabalho. Nunca nada é efectuado na perfeição. Existe sempre algo a apontar por parte de uma mãe.

Já os pais, quando se juntam numa festa de aniversário de um coleguinha dos seus filhos, só abordam simplesmente duas questões; como erradicar o VAR do futebol e como elaborar um plano para aturar os queixumes das mães dos petizes no caminho até casa, sem ocorrerem num acidente de viação devido a saturação extrema. Mas, no final, o que interessa é que, para o papá, o puto se divertiu imenso na festinha, apesar de ter um enorme galo na cabeça por ter cabeceado a quina de uma parede na tentativa de marcar um golo, mas para a mamã a festa foi uma porcaria porque, primeiro, a organização da festa de aniversário foi um fracasso porque o filho se aleijou e, segundo, porque as “outras mães” só sabiam falar mal da escola ao invés de partilharem fotos de nudes — o que seria, efectivamente, um dos principais motivos para se aceitar um convite para levar o filho a uma festa de aniversário de um colega de escola.