As fobias mais estranhas de que há memória

É caso para dizer: tenham medo, tenham muito medo! Porquê? Porque é exactamente sobre medos e fobias que vos falo esta semana. Desde o medo de perder a memória (Amnesifobia – no fundo nada que um boa dose de Memofante não resolva não é verdade?) até à Quadrofobia (medo de ir ao quadro – medo que afecta grande parte das crianças em algum momento da sua infância/adolescência) há de tudo um pouco nesta crónica! Não acredita? Então leia o “Desnecessariamente Complicado” desta semana e no final veremos quem tinha razão!

Antes de irmos às fobias que deixam muito boa gente de cabelos em pé, e com vontade de fugir a sete pés, (nunca percebi esta expressão…) é importante perceber qual a diferença entre medo e fobia. E será que todos os medos são fobias?

Vamos por partes: medo é uma reacção de auto preservação, não deve ser combatido e muito menos eliminado. Porquê? Porque é desejável, saudável e importante para a nossa sobrevivência. A fobia, por sua vez, é semelhante ao medo, mas nela existe um nível de ansiedade que interfere na vida quotidiana da pessoa. Ou seja, uma coisa é não achar piada a palhaços ou não se sentir particularmente confortável junto deles. Outra, completamente diferente, é sentir suores frios e ter ataques de pânico de cada vez que vê o Batatinha na televisão. Isso não é medo, é fobia. Mais concretamente Coulrofobia. E como já deve ter percebido nem todos os medos são fobias, depende de caso para caso.

Na categoria “fobias cliché” temos as mais frequentes, ou seja, aquelas que comprovadamente afectam mais pessoas: Aicmofobia (medo de agulhas/seringas); Ofidiofobia (medo de cobras); Aracnofobia (medo de aranhas); Nictofobia (medo do escuro) e a já citada Coulrofobia. E que atire a primeira pedra quem nunca se arrepiou ao ver uma aranha no tecto da dispensa! Ou quem, em criança, não imaginou monstros debaixo da cama assim que as luzes se apagavam. Concluindo: todos nós, em alguma fase das nossas vidas, tivemos alguma destas fobias. Nem que seja apenas de forma momentânea, mas tivemos.

Mas como devem imaginar existem milhares de fobias (até para as coisas mais incríveis, acreditem), como tal é praticamente impossível mencioná-las todas numa só crónica. Por isso criei algumas categorias que, na minha opinião, nos/vos podem ajudar.

Comecemos pela categoria: “Existem mesmo pessoas com medo disto?”. Podem parecer aspectos normais do dia-a-dia mas para algumas pessoas são verdadeiras torturas: Ablutofobia (medo de tomar banho); Anatidaefobia (medo de ser observado por patos); Cronomentrofobia (medo de relógios); Fagofobia (medo de engolir ou de comer) ou ainda a Tetrafobia (medo do número quatro).

Quem anda com regularidade nos transportes públicos não ficou surpreendido com a primeira fobia mencionada acima, dado que é exactamente isso que nos passa pela cabeça tendo em conta o cheiro que muita gente tem. Agora as restantes foram uma grande surpresa para mim. Medo de ser observado por patos? Mas em que situação poderei eu estar a ser observado por patos? Na melhor das hipóteses estou eu próprio a observar os ditos patos, não o contrário (até porque eles parecem sempre completamente indiferentes à nossa presença).

A próxima categoria é a minha favorita: “Fobias com nomes impronunciáveis”. Ou seja, palavras praticamente impossíveis de dizer bem à primeira tentativa: Unatractifobia (medo de pessoas feias); Hexacosioihexecontahexafobia (medo do número 666); Catsaridafobia (medo de baratas); Lachanophobia (medo de vegetais); Parasquavedequatriafobia (medo da sexta-feira 13); Sesquipedalofobia (medo de palavras grandes) ou ainda Triscaidecafobia (medo do número 13). Quem conseguir dizer qualquer uma destas palavras em menos de dez tentativas é o meu novo herói (ou heroína, que neste espaço não se discrimina ninguém).

E é nesta altura que qualquer pessoa normal pergunta: “Mas quem é que é o responsável pela invenção destes nomes?”. Pois, eu também não sei. Mas parece-me que um dos requisitos para inventar nomes para novas fobias é ter uma grande dose de loucura. Ou seja: estou automaticamente habilitado a candidatar-me. Não sei é ao quê, ou aonde, ou como.

Finalizo com uma ronda de sugestões de fobias que deviam de ser inventadas. Calma, não faça já essa cara de quem me chama louco porque aposto que vai concordar com algumas das minhas sugestões: medo de políticos; medo de pessoas corruptas; medo que os políticos em quem confiámos nos desapontem; medo de pessoas com mau gosto musical; medo de pessoas com mau acordar; medo de pessoas que acordam excessivamente bem dispostas; medo do nosso clube nos decepcionar e, por último, medo do clube rival humilhar o nosso clube.

Feitas as contas e lida esta crónica todos nós ganhámos não só uma boa dose de cultura geral como também a sensação de que temos pelo menos meia dúzia de fobias. Ainda bem que é só a sensação e que não as ganhámos verdadeiramente porque, brincadeiras aparte, é algo que não se deseja a ninguém.

Boa semana.
Boas leituras.