Foda-se e três, quinze! – Laura Paiva

Foda-se é o meu palavrão de eleição, é dinâmico, multifacetado e aplicável a todas as situações: – quando queremos exprimir espanto, admiração, impaciência ou indignação.
Um foda-se é directo e convicto; um “dasssss” para versões amigáveis; um que se foda vai bem com tudo.
Fica bem num monólogo e num diálogo. Tem um sem número de aplicações reveladoras de uma versatilidade de meter inveja aos outros palavrões.

O foda-se vem de foder ( que não é mais do que copular; ter relações sexuais ).
Este verbo ser conjugado do presente ao futuro, no conjuntivo, no infinitivo, no condicional, no imperativo, no gerúndio e até no particípio passado – e no entanto, é também um palavrão!
Se pensar bem, mandar foder alguém não é realmente nada de mau… Há que chamar as coisas pelo seu verdadeiro nome. Dizer “Olha vai ter relações sexuais” é que não é bonito!

Não sou pessoa de grandes e pesados palavrões – posso dizer um, de vez em quando, mas por norma até sou recatada. Quando entre amigos, solto a fera e perco o norte…
Mas um foda-se sabe sempre tão bem – é uma interjeição libertadora!
Quando acabar de escrever esta crónica, serei a pessoa mais liberta deste mundo e terei a minha quota de palavrões perfeitamente em dia.

Não conheço nenhum outro palavrão que tivesse sido traduzido em algarismos: se foda-se e três são quinze, vou concluir que foda-se corresponde ao número doze… E, à dúzia é sempre mais barato!
Creio não estar a fazer mal as contas…

Crónica de Laura Paiva
O mundo por estes olhos