Foi por muito pouco, que Happy, não foi sinónimo de Tristeza

Ninguém pode ter ficado indiferentes às notícias que o mês de Maio, trouxeram do Irão. Um grupo de jovens foi detido por ter produzido um videoclip ao som do hit “Happy” de Pharrell Williams.

A ideia foi simples, um grupo de fãs de Pharrell Williams, do Teerão, decidiu comemorar a vida, e fez um videoclip animado, ao som do hit “Happy”, nas ruas e telhados de Teerão. Um vídeo animado, e atrevo-me a dizer até comedido, em relação ao que se encontra no Youtube.

O vídeo foi um hit. Foi um hit porque é animado, foi um hit porque é um hino à vida, mas também acaba por ser uma declaração de liberdade dos seus intervenientes, e isso para os lados do Irão causa choque. Não demorou até que todo este “grito de liberdade” chegasse aos ouvidos das inflexíveis autoridades do Irão, que se apressou a aplicar a vigente e rigorosa lei Islâmica, que afirma, que: “as mulheres devem cobrir o cabelo e usar roupas largas, a fim de preservar a sua modéstia”.

Entre muitas outras coisas, no mundo Islâmico, também não são famosos pela sua liberdade de imprensa, pelo que as notícias não são muito concisas, mas consta que um total de 15 pessoas terá sido detido, por causa da publicação deste vídeo. Não só os intervenientes, mas também pessoas que alegadamente teriam ajudado na sua produção.

Um pouco por todo o mundo surgiram ecos de desagrado com este facto, inclusive do próprio Pharrell Williams que afirmou: “É mais do que triste que estes miúdos tenham sido presos por tentarem espalhar felicidade”. Os jovens acabaram por ser soltos, mais provavelmente pela pressão do próprio presidente Iraniano – Hassan Rouhani, que afirmou:“A felicidade é um direito do nosso povo, não podemos proibir movimentos de alegria”.

A internet é cada vez mais a prova, e a voz, da liberdade de expressão, e pouco depois de serem soltos os jovens já comunicavam via Facebook e Twitter, onde agradeciam o apoio, e afirmavam que fazer aquele video ao som de “Happy” tinha sido uma desculpa para serem felizes.

Já na televisão estatal Iraniana, foram apresentados 6 jovens de costas voltadas para câmara, assumindo-se como actores do vídeo, a fazerem um pedido de desculpas publico, alegando terem sido enganados, que fizeram o vídeo, porque nunca iria ser publicado.

Não é fácil para o nosso mundo ocidental compreender esta lei Islâmica. Muito mais tentar explicar isto aos nossos filhos, aos nossos jovens. Como pode ser a nossa liberdade, a nossa alegria ser proibida em nome da religião?

Não há no mundo religiões perfeitas, mas a compreensão básica da liberdade humana tem de prevalecer sobre qualquer cultura, pátria, ou religião. Cumprir ou não cumprir, seguir ou não seguir os preceitos de uma religião tem de partir do individuo, e não ser imposto por ninguém. E por isto mesmo, nenhuma religião deveria ser imposta a ninguém. Recordando “Resistência”: “… mais do que a um passado, que uma história, ou tradição, tu pertences a ti, não és de ninguém…” in Nasce Selvagem

Estas sim, deviam ser as escrituras mundiais.

Artigo de Miguel Bessa Soares