Fomos desmascarados!

Depois de um inferno de quase 2 anos, eis que chegou ao fim o pesadelo. Finalmente estamos livres de um flagelo que tem afectado não só os portugueses, mas sim toda a humanidade em geral. Trata-se de uma maleita que tem provocado demasiado desconforto e que, finalmente, chegou ao fim da meta — para o bem de todos nós, que pertencemos a este mundo que parece plano quando temos os pés bem assentes no chão, mas que é redondo quando o vemos a partir do espaço. Finalmente podemos juntar-nos todos em uníssono e mandar para o lixo esse filha-da-mãe desse bicho que nos tem aprisionado até mais não de há dois anos para cá.

“Para o lixo? Mas era assim tão básico, afinal? Era só pegar no Coronavírus e botá-lo no caixote do lixo comum? Ou tem de ser separado também num contentor próprio, como no caso do papel, metal e plástico?”, interroga-se o mais dos astutos leitores dos cerca de 3 leitores desta crónica.

Lamento informar, mas o Coronavírus continua presente entre nós, circulando loucamente à volta do globo, que é o nosso planeta — e aproveito para explicar que estas referências ao facto de o planeta Terra ser redondo, não serve para implicar directamente com os terraplanistas desta vida. Ou se calhar sim. Mas de uma forma totalmente inconsciente. Ou não. Ou sim. Ou talvez…

Na verdade, o que podemos pegar e colocar no lixo são as máscaras. Sim, porque deixou de ser obrigatório o uso de máscara na via pública a partir do passado dia 12 de Setembro. Existem vários tipos de ilações ao facto de a máscara deixar de ser um pêndulo do ser humano. Positivas e negativas. Por exemplo, no campo da positividade, deixamos de sofrer diariamente com o cheiro do nosso próprio hálito, o que pode ser bastante aborrecido — especialmente quando somos pessoas que abusam da ingestão do alho. A partir de agora, o nosso hálito passa novamente a ser um problema daqueles que nos rodeiam. Continuando no campo da positividade, não usar máscara significa que não vamos voltar a sofrer de uma espécie de falta de ar imaginária, comichão no nariz e espirros originados por pedaços minúsculos de tecido da máscara.

No campo da negatividade, não usar máscara deixa de existir a hipótese de não cumprimentar uma pessoa conhecida na rua usando a já gasta desculpa “Ah, desculpa, com a máscara não te reconheci”. E confessemos que todos nós já não estamos habituados a ver pessoas com bigode e barba na rua, ou mesmo com a dentição num estado lastimável. Deixou de existir a fantasia de pensar que, debaixo daquela máscara, está uma belíssima boca bem estimadinha e acabamos por levar directamente com a velha máxima “You get what you see”.

Apesar de não termos sido completamente desmascarados, porque existe ainda a obrigatoriedade de usar máscara em espaços fechados ou quando existam aglomerações de pessoas, a verdade é que, sem a máscara, acabou a brincadeira de fingirmos ser algo que não somos. E a verdade é que, indubitavelmente, isso estava a ser uma fantástica e divertida brincadeira. Esperemos, agora, que não nos retirem o Coronavírus da nossa vida, senão aí tudo irá deixar de fazer sentido e a depressão surgirá em grande escala na enorme bola que é o planeta Terra — bolas, mais uma provocação aos terraplanistas desta vida. Vou mas é colocar a máscara para que eles não me conheçam na rua. Bolas! Já não é obrigatório usar máscara na rua. Assim também não dá, porra!