Se eu fosse Fernando Santos – A Minha Convocatória para o Euro 2016

Qualquer amante de futebol tende a expressar as suas opiniões sobre o seu clube, sobre o sistema táctico que o seu treinador adopta e até mesmo sobre as decisões tomadas durante o jogo. Esse amante que vê e opina de fora é muitas vezes apelidado de “treinador de bancada”. Quando a época termina e uma grande competição de selecções se aproxima os bitaites têm de continuar e um novo opinador aparece. Sim, o “seleccionador de bancada”. Eu, assumindo esse papel e antecipando-me às escolhas do nosso seleccionador Fernando Santos, enumero os meus 23 eleitos para o Euro 2016 e estabeleço a minha convocatória caso pudesse ser Fernando Santos neste preciso momento.

As escolhas presentes neste texto obedecem a vários critérios: a qualidade dos jogadores, forma física actual dos jogadores, a experiência que podem dar ao grupo de trabalho e ainda a minha preferência pessoal que se pode sobrepor tanto à forma actual dos jogadores como à restantes condições enumeradas. É uma escolha pessoal que nem sempre deve coincidir (e ainda bem) com as escolhas de Fernando Santos dadas a conhecer dia 17/05/16 quando for anunciada a convocatória oficial para o Euro 2016. Eis os meus convocados para o Euro por sectores:

Guarda-Redes

Guarda-Redes Convocados

Como é habitual neste tipo de competições, três das vinte e três vagas são ocupadas por guardiões. Rui Patrício é titular de caras na “Selecção das Quinas”. Terminou mais uma excelente temporada ao serviço do Sporting contribuindo para que a equipa leonina fosse a melhor defesa do campeonato nacional. Anthony Lopes, guarda-redes de 25 anos que actua no Lyon voltou a mostrar pela equipa francesa boas qualidades que lhe dariam a titularidade na selecção nacional caso Patrício não existisse e, como tal, é a minha segunda escolha para a baliza. A minha e a de Fernando Santos ao que tudo indica. A minha terceira e última vaga (e a mais irrelevante da convocatória) recai sobre Beto. Este, ao contrário de outros anos, não foi primeira opção no Sevilla e não protagonizou uma grande temporada pela equipa espanhola mas, ainda assim é dos jogadores com mais experiência no grupo de trabalho de Fernando Santos e um dos que aparenta dar melhor ambiente ao balneário, daquilo que vejo por fora. Daí ser a minha opção em detrimento da outra possível, o já veterano e também experiente Eduardo que, ao contrário de Beto, até fez uma boa época pelo Dínamo Zagreb. Seja qual for a escolha de Fernando Santos para a última vaga de guarda-redes, esperemos que a má sorte não atinja Portugal e que não seja necessário utilizar o terceiro guardião eleito.

Defesas

Defesas convocados

No sector defensivo oito escolhas como já é, novamente, habitual. Duas escolhas para cada posição com alguma experiência mas também alguma juventude à mistura. Algo que não deve acontecer na escolha oficial de Fernando Santos. Começando pelas minhas escolhas para lateral direito, João Cancelo e Cédric Soares. O primeiro foi dos poucos a realizar uma boa época pelo Valência (equipa que se ficou pelo desprestigiante 12ºlugar na Liga Espanhola) participando em 28 partidas e mostrando que é das melhores (e mais subvalorizadas) opções que Portugal tem para a posição, a curto, médio e longo prazo. Só tem 21 anos. O segundo, começou bastante bem a época de estreia pelos ingleses do Southampton mas aos poucos foi perdendo o estatuto de titular. Ainda assim é daqueles que mais garantias dá numa equipa. Embora não seja brilhante, é um jogador que raramente joga mal e que cumpre bastante bem o seu papel. Como tal, é a minha escolha para titular.

Os quatro centrais escolhidos por mim, constituem o conjunto mais veterano e experiente de toda a convocatória. É um sector que precisa exactamente deste factor: a experiência. Pepe é o melhor central português da actualidade e titular numa das maiores equipas do mundo. Bruno Alves não vem de uma grande época, mas é dos jogadores mais experientes de que dispomos e Ricardo Carvalho, prestes a completar 38 anos, parece mais rejuvenescido e em forma do que alguns companheiros bem mais jovens. Fez 33 jogos pelo Mónaco e é um dos melhores centrais portugueses de sempre, se não mesmo o melhor. Merece ir a esta última competição pelo seu país. Para completar o eixo central da defesa, escolho José Fonte, jogador com 32 anos de idade que só falhou um encontro pelo Southampton, equipa pela qual é capitão e admirado pelos seus adeptos. Estamos a falar de 37 jogos numa das ligas mais competitivas do mundo! Paulo Oliveira terá o seu espaço no futuro…

Para defesas esquerdos a forma actual é o principal critério de escolha. Fábio Coentrão é uma carta fora do baralho devido a uma lesão, caso contrário seria a minha escolha para ocupar o lugar de titular, e sê-lo-ia por larga margem. Como tal tenho de escolher Eliseu que, quer se goste ou não, foi quase sempre titular pelo Benfica e vem de uma época de 44 jogos ao melhor nível. Escolho também aquele que vejo ocupar o lugar por mais tempo no futuro quer devido à sua idade quer devido ao seu potencial, o jovem Raphäel Guerreiro que vem de mais uma muito boa temporada pelos franceses do Lorient. E com ele fecho os meus convocados para a defesa.

Médios

médios convocados

Meio-campo. O sector que mais dores de cabeça deve dar ao seleccionador nacional e aquele que mais discussão deve gerar entre os adeptos. A escolha pelos 6 médios não foi fácil e deve estar longe de criar consenso, a começar por Adrien Silva, jogador que fez uma época de altíssimo nível pelo Sporting e que não faz parte das minhas escolhas. Mas já lá vamos.

Comecemos pela posição de trinco, uma posição na qual Portugal está muito bem servido. William Carvalho e Danilo Pereira têm lugar no Europeu, resta apenas saber qual será titular. O primeiro deve ser dos poucos que não começou a jogar mais aos comandos de Jorge Jesus mas a sua qualidade e época realizada são inquestionáveis, como tal tem de ir obrigatoriamente. Danilo deve ter sido dos poucos jogadores do Porto que saíram valorizados desta época (a par de Layún que infelizmente não é português…), confirmando os bons indícios deixados já nos tempos em que jogava no Marítimo e tornando-se num dos melhores médios portugueses da actualidade. Estamos a falar de um jogador que marcou 6 golos na liga, jogando a médio defensivo e até a central.

De seguida, as escolhas passam por André Gomes e Renato Sanches. Curiosamente dois jogadores saídos da formação do Benfica e que podem oferecer características únicas à equipa portuguesa e o “sangue novo” que alguns tanto pedem. André Gomes tem características técnicas e tácticas para ser tanto um nº8 como um nº10 na selecção e pode ser muito importante por isso mesmo. Renato Sanches foi um dos impulsionadores da reviravolta do rendimento encarnado esta época. A diferença do Benfica com e sem Renato foi bem notável. Muita velocidade e força física, é aquilo que o rapaz tem e que poderia ajudar Portugal neste Europeu. Tacticamente ainda tem de crescer e o Bayern de Munique é um clube ideal para isso acontecer. Os media exageram em torno de Renato e colocam-no num patamar superior àquele em que o miúdo se encontra verdadeiramente, mas o potencial está lá. Seria bom ser convocado para ganhar experiência nestas andanças.

Para fechar o meio-campo, nada como João e João. João Moutinho e João Mário. João Moutinho é dos melhores médios de que dispomos neste momento, daqueles que joga sempre bem e a um ritmo altíssimo. Daqueles que em perfeitas condições físicas é sempre titular. Esteve lesionado e falhou vários jogos pelo Mónaco. Espero que chegue ao Europeu a 100% porque Portugal precisa dele. João Mário é o senhor que se segue. O melhor jogador do Sporting este ano e o melhor jogador da Liga Portuguesa, para mim. Tem obrigatoriamente de ser convocado e titular neste europeu. Estás a ler isto Fernando Santos? Tecnicamente é um jogador muito evoluído, assim como tacticamente. Pode ser o jogador mais avançado do trio do meio-campo e até mesmo jogar nas alas. Seja onde for que jogue, fá-lo-á bem. E como se viu ao longo da época, nos jogos contra Porto e Benfica, é jogador para se agigantar nos jogos grandes.

Perdoem-me Tiago, Adrien, Pizzi e André André, mas não há lugar para todos. Tiago é dos melhores jogadores para conter bola e distribuir jogo que Portugal dispõe neste momento, contudo, vem de uma longa lesão e não sei qual a sua forma e ritmo actuais. Adrien fez uma grande época, assim como Pizzi só que pessoalmente não os considero melhores que as minhas escolhas para as mesmas posições. André André começou muito bem a época descendo posteriormente de rendimento e perdendo o avião para França.

Avançados

Avançados convocados (1)

Se eu fosse Fernando Santos e todos os jogadores estivessem livres de lesões, não convocaria nenhum ponta-de-lança puro. Seria adeus Éder! Adeus Hugo Almeida! Adeus Hugo Viera (há mesmo quem o queria na Selecção?)! Adeus Hélder Postiga! Seria o adeus a todos estes nomes que são as melhores opções que Portugal tem para nº9, no entanto, nenhum deles tem qualidade suficiente para ser titular de uma selecção que pretenda fazer boa figura e, quiçá, vencer um Europeu de Futebol. Como tal há que procurar soluções diferentes, mesmo que tenha de incluir Éder na minha lista de convocados devido à lesão de Danny.

A começar pelo jogador mais letal da Europa da última década: Cristiano Ronaldo, claro está. Quando ouço portugueses dizerem que Portugal não tem ponta-de-lança só me vem à cabeça que Portugal tem um jogador que marca mais de 50 golos por ano…ano após ano. Isto é muito mais que a maioria dos pontas-de-lança do mundo. Logo, não nos podemos queixar. Cristiano Ronaldo é o melhor jogador europeu dos últimos 10 anos e só tem de jogar solto na frente de ataque, com total liberdade para se movimentar (da ala para o meio e vice-versa) e não ter preocupações defensivas que terão de ser colmatadas pelos restantes companheiros. É a melhor solução para Portugal, a meu ver.  Nani, “o homem dos mortais”, tem lugar cativo na equipa, mesmo não sendo o mesmo de outros tempos. Com Fernando Santos deverá jogar solto ao lado de Ronaldo na frente de ataque. Pode sempre decidir um jogo. O mesmo para Ricardo Quaresma, recentemente campeão turco pelo Besiktas. Por isso têm de ir.

Mais discutíveis são as minhas outras opções para finalizar a convocatória: Rafa e Bernardo Silva. Rafa é o melhor jogador do Braga da actualidade e tem lugar em qualquer um dos “Três Grandes”. É também dos melhores jogadores portugueses para o futuro. Velocidade, técnica e facilidade de remate. Portugal só tem de aproveitar o seu talento. O seu e o de Bernardo Silva, se a sua mais recente lesão não o afectar. O “Messi do Seixal”, junta-se assim aos jovens João Cancelo, Raphäel Guerreiro, André Gomes, Renato Sanches e Rafa como os jovens que estariam nos meus convocados para o Euro 2016, caso fosse Fernando Santos, ou pelo menos, tivesse o seu poder de decisão. Nem todos seria titulares, mas alguns deles poderiam ser uma aposta de um “seleccionador de bancada” que gosta de arriscar. Se me permitem a ousadia termino esta crónica com o meu 11 titular (abaixo na imagem), perguntando-vos, caros leitores, que jogadores convocariam vocês para o Europeu do Futebol? E também quais as escolhas com as quais não concordam na minha convocatória?

11 DE PORTUGAL